«Um verdadeiro leão em campo»

Sporting «Um verdadeiro leão em campo»

NACIONAL08.07.202300:01

No último dia de Sporting, Manuel Ugarte concedeu uma longa entrevista à Sporting Tv na qual revelou que se sente um verdadeiro leão em campo e que não conseguiu conter as lágrimas no reencontro com os, agora, ex-companheiros.

-- Como está a ser este último dia no Sporting?

-- Já aconteceu a despedida e está a ser um dia um bocado complicado por causa das lágrimas. Vou ter muitas saudades; já recebi muitas mensagens de sportinguistas. Estou muito agradecido a todos.

--O que disse aos seus companheiros de equipa?

-- Quando entrei na Academia já estava um bocado sensível e estavam a brincar comigo. Foram brincadeiras e, também, muitos abraços. Hoje é um dia muito bonito.

-- Houve uma lágrima de despedida?

--Muitas. Agora já estou mais calmo; foi um dia difícil e bonito porque também reparei no carinho que tinha com todos – colegas e staff. Sempre soube que estava muito bem acompanhado.

-- Aquele Ugarte duro que vimos dentro de campo vai um bocadinho abaixo nestes momentos?

-- Os meus amigos perguntavam-me se ia chorar. Habitualmente não choro, mas quando entrei na Academia e quando estava a sair do carro já estava um bocado sensível. É normal porque fui muito feliz aqui. Quando cheguei a Portugal, há dois anos e meio, quase três; os primeiros meses foram complicados. Estava no Norte e quando cheguei ao Sporting foi completamente diferente. Fiz boas relações e tudo foi muito bonito.

-- Estes dois anos no Sporting passaram rápido?

-- Passaram muito rápido. Fui sempre muito feliz e mais adiante vou reparar o quão feliz fui aqui. Já me despedi, agora vou para outro clube.

-- Quais são as diferenças entre o Ugarte que chegou ao Sporting com 20 anos e o que está aqui hoje, com 22?

-- A grande diferença está na maturidade. Quando chegas à Europa proveniente do Uruguai é muito, muito complicado porque é muito longe. Fiquei muito contente por chegar ao Sporting porque tenho muitos amigos e gente do clube que me vaio ajudar. E deu para ver que, aqui em Portugal, o Sporting é um clube muito grande.

-- Recorda-se dos primeiros momentos aqui na Academia?

-- Não percebia muito e quando entrei na Academia não acreditei no tão grande que era. O ambiente é muito bom e é sempre agradável vir aqui para treinar ou conversar com colegas. A gente que trabalha aqui, o ambiente e os adeptos são o que de maior tem o Sporting. Estou muito contente porque joguei no Sporting, posso voltar a jogar e estou também um bocado triste por me despedir.

-- Coates foi muito importante em todo este processo?

-- Foi. Um momento muito importante foi num jogo com o FC Porto em que tinha um problema com a minha avó e o Seba ajudou-me muito. Isso vai fazer lembrar-me muito dele, é como se fosse da família. Estou-lhe muito agradecido.

-- Esse foi o momento mais difícil no Sporting?

-- Sim [chora]. Estava sozinho aqui e o Seba ajudou-me muito. Não consigo falar [chora]. Vou lembrar-me sempre dele, estou-lhe muito agradecido e quero continuar a relação que tenho com ele.

--Quando chegou estava sozinho. Isso tornou mais difícil a adaptação?

-- É difícil. Os meus pais estão a vir mas é diferente porque no Uruguai tinha amigos, a minha família e aqui é mais difícil. Dentro do Sporting é muito mais fácil porque passava muito tempo com Seba, com Mateo [Tanlongo], com Pedro [Gonçalves], com todo o mundo e isso é muito bom para um jogador.

-- Percebeu rapidamente a importância dum clube como o Sporting?

-- Sem dúvida. Ao princípio sabia mas não muito…

-- Era preciso viver por dentro?

-- Alvalade cheio quando temos jogos é incrível; Qualquer estádio está sempre cheio e isso é algo que me agrada muito.

--Rúben Amorim disse em dezembro de 2021 que Ugarte cresceu muito rapidamente e o surpreendeu. A que se deveu esse crescimento tão rápido?

-- Isso também tem a ver com a predisposição e quando cheguei aqui tinha na minha cabeça que tinha de aprender e o mister transmite muito bem as coisas. Aprendi muito no Sporting e acho que foi ter humildade para aprender e há muito mérito do mister.

-- De onde lhe advém a maturidade?

-- Comecei a jogar muito cedo e pode ser por isso e a relação que tenho com os colegas faz-me ter confiança.

-- Fora de campo também é assim?

-- Fora de campo gosto mais de brincar [risos].

-- Mas é difícil enfrentar, como quando chegou, a concorrência de um jogador como João Palhinha…

--Soube esperar pela minha vez. Na primeira época também aprendi muito ao não jogar porque os treinos eram muito competitivos. Havia Matheus [Nunes], Dani [Bragança] e João [Palhinha]. Sabia que nalgum momento teria oportunidade e sempre trabalhei para isso. Obviamente quando cheguei sabia que Palhinha estava a jogar e como ele joga – grande jogador.

-- O importante era continuar a trabalhar para lá chegar. Sempre que foi chamado conseguiu corresponder?

-- Sim, também por causa da mentalidade porque tive a certeza que ia jogar, tinha muita confiança.

-- Nessa primeira época conquistou a Taça da Liga. Que recordações tem da vitória nesse troféu?

--Alegria. Esse dia foi incrível. Joguei cinco minutos mas isso não interessa. Vou estar sempre grato aos meus colegas e ao Sporting.

-- Nessa edição da Taça da Liga, marcou o seu primeiro golo pelo Sporting…

-- Primeiro e único. É especial por ter sido o único porque não sou de fazer muitos golos e quando faço é estranho. Fiquei muito contente mas esperava marcar mais, mas esse não é o meu trabalho.

-- Chegou a jogar como avançado no Uruguai…

--Sim, mas quando era mais miúdo.

-- Marcava mais golos?

-- Marcava muitos. Não sabia como festejar.

-- Se disser que o Manu é um verdadeiro leão em campo, é uma boa descrição?

-- Sim, é perfeito porque gosto sempre de jogar com muita raça e o Sporting caracteriza-se por isso. Quando dizem isso, fico muito orgulhoso.