Um jogo longe, mas a reviravolta ali tão perto... (crónica do Qarabag-SC Braga)
Qarabag-SC Braga. EPA/ROMAN ISMAYILOV

Um jogo longe, mas a reviravolta ali tão perto... (crónica do Qarabag-SC Braga)

INTERNACIONAL22.02.202420:51

Cautelas na 1.ª parte para não sofrer. Expulsão deu a superioridade que se impunha ao SC Braga. Distração imperdoável no fim

Ingrato, frustrante, desolador. O SC Braga esteve muito perto de virar o play-off a 5 mil quilómetros de casa, mas uma distração, já nos descontos do prolongamento, deixou o Qarabag seguir em frente. Uma marca histórica, já que nunca o Azerbaijão tinha tido uma equipa nos oitavos de final de uma competição europeia.

A desvantagem era de dois golos, e por duas vezes os arsenalistas conseguiram empatar a eliminatória, mas, mesmo com menos um jogador em campo, os azeris mantiveram o foco e souberam esperar pela machadada final.

PRESSÃO ALTA, MAS MUITO POUCO

O SC Braga entrou como tinha de ser: a pressionar alto, a recuperar bolas no meio-campo ofensivo e sem deixar o Qarabag ter bola. Mas a qualidade técnica dos anfitriões foi sobressaindo e o aparente domínio arsenalista durou apenas 10 minutos.

O Qarabag queria ter mais posse, diminuir o ritmo de jogo e controlar a vantagem que levava de Portugal. Mais organizado, não deixava o adversário construir e os defesas do SC Braga viam-se obrigados a atirar a bola para a frente, sem critério. Artur Jorge barafustava no banco, mas os médios Zalazar, Moutinho e Pizzi não conseguiam entregar-se mais à bola e dar opções aos colegas.

Ia valendo Matheus, com algumas defesas seguras (inclusive uma saída corajosa aos pés de Leandro Andrade), e a falta de pontaria dos avançados do Qarabag, mas as oportunidades azeris foram sempre aumentando até ao final da primeira parte.

JOGAR COM MAIS UM

Ao intervalo, Artur Jorge deixou Pizzi nos balneários e fez entrar Álvaro Djaló. A mudança funcionou de imediato e o SC Braga entrou outra vez melhor, criando mais perigo junto da área azeri. O jogo ficou, contudo, mais partido, e o perigo estava à espreita. O treinador português insistiu na ‘revolução’ do meio-campo e, pouco depois, trocava Zalazar por Cher Ndour.

Aos 57 minutos, momento crucial: o Qarabag ficou a jogar com 10, por expulsão de Jafarquliyev, e as bancadas aqueceram, com 30 mil adeptos a fazerem-se ouvir pelo conjunto da casa. Tentava o SC Braga - sobretudo através de cruzamentos (os extremos dão jeito e Bruma já tinha entretanto entrado em campo).

Sem marcar até aí, Artur Jorge matou de vez a estratégia inicial e tirou João Moutinho e Borja, para entrarem Vitor Carvalho e Rony Lopes. Já não interessava muito a tática, começava a entrar em campo a fé.

O golo surgiu finalmente, aos 71 minutos, por Roger, que nesta altura fingia ser um lateral mas aparecia na área, a finalizar um excelente cruzamento de Bruma. As redes voltaram a abanar aos 79’, mas o golo de Abel Ruiz foi anulado, só que, 4 minutos depois, Álvaro Djaló fez mesmo o segundo, num remate a fazer lembrar o golo de Galeno frente ao Arsenal. Eliminatória igualada, seguia-se o prolongamento.

Faltou um bocadinho assim...

Com a defesa a três e muitos jogadores na frente, o SC Braga perdeu um pouco do ímpeto que tinha até empatar a eliminatória e acabou por sofrer um golo. Aos 102’, Álvaro Djaló cometeu uma falta escusada e deu aos azeris uma oportunidade de bola parada, que não desperdiçaram. Banza, de penálti, aos 115’, ainda voltou a dar alento, mas os descontos do prolongamento trouxeram um balde de água fria. A este nível, ficar a olhar enquanto os adversários marcam uma falta rapidamente é imperdoável…