Tudo o que disse Rúben Amorim

Numa conferência em que o tema forte passou pela sua continuidade para a próxima época, o treinador confirmou ausências para o Estrela da Amadora e deixou uma certeza: «É obrigatório vencer títulos esta época»

- Estrela da Amadora tem criado dificuldades a várias equipas esta época. Que análise faz a este adversário?

Este Estrela da Amadora não sofre muitos golos, joga defensivamente num 5x4x1, muito compacto, tem jogadores na frente muito fortes, por norma tem jogado o Kikas mas acho que desta vez vai jogar o Ronaldo Tavares, um jogador mais possante, tem dois alas muito rápidos e vão procurar as transições e nós vamos ter de ser muito inteligentes em ter a bola, mas sempre preparados para correr para trás. Porque acho que vai ser isso o jogo. Temos de rodar a bola rápido, de ter todos um bocadinho de calma, nós, os adeptos, porque vai ser um bloco muito compacto que nos vai dificultar sobretudo no início do jogo. O que temos de fazer é continuar a jogar bem. Vai ser difícil contra equipa que sabe muito bem o quer do jogo. 

- Disse após o Farense que tinha uma ideia do que ia fazer no final da época mas não ia dizer. As palavras causaram alguma surpresa. Quer explicar melhor? E sente que essas palavras criaram algum ruído desnecessário no clube?

- Acho que não, mas quem sou eu para dizer se tive uma boa comunicação ou não. O que posso dizer, e é a última vez que vou comentar sobre o assunto, o grande problema é que sempre fui muito taxativo. Ou fico ou vou… E neste momento não consigo ser simplesmente devido à época passada. Que foi má, não vencemos nenhum título, e temos de ver como se desenrola este campeonato e tomar decisões. Esse é o patamar que nós queremos. Não é ter um ano muito mau e criar esse padrão. Não é isso que nós queremos. Assumimos a responsabilidade do passado e este ano, mais do que nunca, tem a ver com resultados. Mas não só da minha parte mas do clube de certeza. O meu compromisso com o Sporting é total e quero deixar bem claro aqui que não tenho nada. Se saísse hoje do Sporting ia para casa. Isso seria uma decisão minha, digamos assim. Eu não quero alimentar polémica nenhuma, não tenho ninguém a minha espera, não nenhuma abordagem, nenhum contato. Simplesmente quando disso aquilo do tudo ou nada é aquilo que sinto. Nós queremos criar um padrão aqui de vencer títulos todos os anos, tivemos um que não vencemos, e dizer taxativamente que vamos continuar no próximo ano depende dos resultados.

Porque acho que é bom para o próprio clube e é um sinal de exigência senão estaríamos a cair outra vez num cenário do que foi há alguns anos em que nada acontece quando não se ganham títulos. Não quero criar isso enquanto estamos no Sporting. Volto a dizer, o compromisso é total, uma parte importante que não se deu tanta ênfase, é que o contrato é para cumprir. Mesmo como jogador foi assim. Tenho hábito de cumprir os contratos. Compromisso total, este ano não posso ser tão taxativo como nos outros anos, porque não ganhamos um título no ano passado.

- Este jogo será o último da jornada antes da visita à Luz. Tem o receio que possa haver um pensamento dos jogadores nessa partida? Falou com eles?

- Fazemos uma abordagem aos jogos onde também não há grande diferença em enfrentar o Benfica, o Arsenal ou o Olivais e Moscavide. Temos a mesma abordagem e isso cria um hábito nos jogadores. Depois é fácil pensar…se não vencermos o Estrela o primeiro lugar está em jogo na Luz. Para mim é claro: este jogo é tão importante, ou mais importante, porque temos de vencer e manter a margem. O FC Porto perdeu pontos e nós temos de vencer. Este é o jogo mais importante e tenho a certeza que os jogadores não vão estar pensar nisso. Até porque antes disso temos um jogo para a Liga Europa que é decisivo. 

- A época passada não venceu títulos. Como se sente agora, após ano atrás do prejuízo, estar isolado no primeiro lugar. Gerir olhando para baixo?

- É preocupado a não dar passos atrás. Estamos no início e não dar grande importância ao que se está a passar agora. É ganhar pontos atrás de pontos, manter a posição, chegar a uma fase em que sabendo que ganhando mantemos o lugar, e é esse sentimento que queremos. É gerir de uma forma natural porque também já estivemos os dois primeiros anos nesta posição. Mas é uma sensação bem mais agradável do que no ano passado. 

- Das palavras depreendemos que se sair será apenas por resultados desportivos negativos e não o contrário? E o jogo, os rivais? Um perdeu… o Benfica ganhou… os resultados dos rivais de alguma maneira podem interferir na mentalidade da equipa?

- Essa é a parte da ideia que não quero dizer. Mas posso dizer que os jogadores já sabem há muito tempo. É uma coisa que não vai destabilizar o grupo porque eles já sabem. O importante para mim, hoje, acima de tudo, é esclarecer apenas que isto não tem a ver com abordagens de fora, porque coincidiu com outros temas, o compromisso é total, tem apenas a ver com a exigência que queremos para o clube. Não ganhando nada o ano… a nossa vida depende do rendimento desportivo. E é assim que queremos levar as coisas. Os rivais? Neste momento volto a dizer… é muito cedo e não mexe com a equipa. Nem para um lado nem para o outro. É sempre bom termos a oportunidade de ganhar pontos aos rivais, dá uma confiança extra, mas a forma como abordamos o jogo não. Esquecemos tudo isso. Obviamente que os rivais perdendo é bom para nós pois ganhamos vantagem.

- Se considera que a continuidade do Sporting está dependente exclusivamente da conquista de títulos? Se esta época será decisiva para continuar?

- É ligar dois mais dois… Uma é que é muito má sem títulos. Precisamos de resultados e podemos depreender o quê? Que temos de ganhar títulos. No Sporting tem que se ganhar títulos e é importante para mim enquanto treinador, e líder da parte desportiva, apresentar resultados e não cair na mediocridade. Não vencemos um na, não vencemos no seguinte e continua como sempre. Tivemos um ano mau, não vencemos títulos, agora é obrigatório ganhar títulos este ano. Podem tirar daí as vossas ilações.

- Aquando da chegada do Ugarte disse que ele era melhor do que esperava. Consegue dizer o mesmo de Gyokeres? É ele que melhora toda a equipa ou o inverso?

- Ambas. Mas diria que a equipa tem ajudado mais. Para ele marcar golos é preciso que jogadores como o Trincão fazer lance que fez no último jogo. Criar mais situações. Já marcou penáltis e são os outros a criar. Mas o Gyokeres completou a nossa equipa. É mais forte com um jogador com as suas caraterísticas. E o Viktor é melhor com a qualidade de jogadores que tem à sua volta. Quanto a mim é uma qualidade diferente, enquadra-se melhor se calhar com as caraterísticas do Viktor que a última equipa. Não vou dizer que é melhor jogador do que eu pensava, confirmou tudo o que pensava, acho que tem tido um rendimento maior, um impacto maior em tão poucos jogos do que estava a espera. E eu espero sempre muito… 

- Gonçalo Inácio está em risco para o dérbi devido aos amarelos. Teve alguma conversa com ele ou está a pensar resguardar a sua situação consonante o jogo? 

- Estamos a ver a recuperação de alguns jogadores. O Inácio fez os jogos todos, no último jogou a médio-centro, correu mais do que estava habituado, se não jogar será por recuperação física e não por outra razão porque não poderemos ter mais lesionados para os três jogos que vêm aí. É a única forma de não jogar é não recuperar fisicamente e sentir que haverá algum risco de perder mais algum jogador. 

- Além de Morita há mais algum lesionado e se houve o caso poderá haver alguma chamada surpresa para este jogo?

- Pode haver uma chamada surpresa mas já não é surpresa. Podem surgir situações que temos de chamar jogadores da formação que estamos a observar. O Geny está lesionado e parece-me que estará fora até às seleções. Morita pode recuperar, mas desta vez ainda não vai jogar, o St. Juste está com uma virose e ainda não sabemos, o Esgaio também, mas esse parece mais recuperado. Portante, penso que é tudo.