Troca de galhardetes, amor ao futebol e (uma) falha na preparação: tudo o que disse Amorim
Rúben Amorim (Miguel Nunes)

Troca de galhardetes, amor ao futebol e (uma) falha na preparação: tudo o que disse Amorim

NACIONAL30.09.202420:06

Treinador do Sporting mostra-se confiante para o duelo com o PSV, cujo percurso no arranque de época tamném tem sido avassalador

- O treinador do PSV teceu largos elogios ao Sporting, relembrando um jogo quando orientava o Lyon, salientando que o Sporting foi superior e que mantém o 3x4x3, mas muito mais evoluído. Como vê estes elogios?

- Obviamente que ficamos todos muito felizes, porque nós também acompanhamos o que os outros treinadores fazem. Acho que é uma boa observação, que evoluímos no nosso modelo de jogo e também todos nós, jogadores, equipa técnica, evoluímos bastante. Também me lembro bem do jogo, e o que eu posso retirar ainda desse jogo é que o Peter [Bosz] joga sempre para a frente, acho que é uma coisa também cultural aqui, é sempre virado para o ataque  e isso é o que podemos esperar amanhã. Duas equipas de ataque, culturas diferentes, mas resultados semelhantes durante a época. Ambas as equipas perderam a Supertaça, ambas ganharam os outros jogos. Depois há esta diferença da Liga dos Campeões, mas acho que não há assim tanta diferença, porque aconteceu apenas um jogo, e nós tivemos um jogo em casa, eles tiveram um jogo fora, um jogo em Itália, contra um clube com história nas competições europeias. Portanto, duas equipas que estão a dominar os seus jogos no seu campeonato, mas ainda falta muito, não diz nada daquilo que vai acontecer, mas acho que amanhã vai ser um bom jogo, e vai ser um jogo com golos.

- O PSV admitiu hoje que, tendo descansado menos um dia, isso é um problema. Concorda? Acha que o Sporting pode tirar partido disso?

- Tem influência na preparação do jogo. Uma equipa que tem menos um dia para preparar o jogo, tem menos de um dia para recuperar os seus jogadores, tem alguma influência. Acho que não é decisivo porque estamos no início do campeonato, não é decisivo porque houve uma poupança de jogadores, e nós observámos isso nesta última jornada, que o PSV poupou alguns jogadores, tirou-os aos 45 minutos, o resultado deu para isso, portanto, acho que fisicamente não vai ter diferença. Agora, todos os treinadores gostam de ter os mesmos dias que o adversário para recuperar, mas isto acontece em todos os campeonatos. Já aconteceu conosco, desta vez acontece com o PSV e é uma equipa experiente, e principalmente é um treinador experiente que sabe lidar com isso, e que está habituado a que isso aconteça a todos os clubes.

- Também foi referido que vão tentar tirar Gyokeres de jogo. Preparou-se para Gyokeres ter uma marcação especialmente penosa para ele?

- Acho que tem muito a ver com aquilo que falámos do modelo de jogo. Para marcar o jogador, se for uma marcação de tirar um jogador da nossa equipa, terá de ser dois e não deixar o Viktor em homem para homem. Se tira mais um jogador para marcar o Viktor, por exemplo, haverá um jogador livre e, portanto, essa forma de ver o jogo não vai mudar a nossa forma de jogar ou a nossa forma de abordar o jogo amanhã. Somos uma equipa, o Viktor tem umas características especiais na nossa equipa, toda a gente o sabe, mas para se tirar o Viktor completamente do jogo terá de abrir-se outros espaços, e nós poderemos aproveitar isso.

-  Pode falar da recuperação de St. Juste, que acaba por ser a surpresa nesta convocatória?

- O St. Juste não está apto para este jogo. Veio porque já está a treinar com a equipa, que está a finalizar o seu processo de recuperação, mas já pode integrar partes do treino, nós vamos jogar amanhã com o PSV e depois vamos ter um treino aqui na manhã seguinte, e queremos o St. Juste a treinar com a equipa o máximo possível, não o queremos deixar em Lisboa. Queremos que ele sinta também esta relação com os colegas, teve algum tempo fora, tudo é importante na recuperação dele, ele voltar a sentir-se dentro de uma equipa, a sentir as rotinas, mas ele não está apto para este jogo e ainda falta algum tempo. Ele sente-se muito bem, está feliz, nota-se que é outra pessoa. É muito importante, não só para ele, mas para o Marcus Edwards. Têm uma grande ligação e o Marcus Edwards também está a passar por um momento de lesão. Acho que a ligação entre eles vai ajudar os dois a voltarem a serem importantes na nossa equipa. Quanto a mim, estamos no país dele, é um jogador claramente de seleção. Se não tivesse as lesões que tem, é claramente um jogador de seleção. Acreditamos muito nele e esperamos que ele recupere, porque nestes jogos de Liga dos Campeões, ter um jogador como o St. Juste, e ele provou isso o ano passado, em jogos com o Arsenal, principalmente, é um jogador acima da média. Esperamos por ele, mas neste jogo ainda não vai estar apto.

-  O PSV não perde em casa há 41 jogos, que peso é que isto teve na preparação do jogo? O que espera deste adversário que, tal como o Sporting, tem sido avassalador?

- Acima de tudo não entra na preparação porque eu não sabia. Portanto, estarem a dizer a um treinador antes do jogo que uma equipa não perde há 41 jogos, não é agradável [risos], porque todos temos estas manias, todos os treinadores são assim. Nós não sabíamos disso, sabíamos que obviamente é um clube dominador, é campeão, ganha os seus jogos, marca muitos golos. Esse acompanhamento fazemos porque estudámos principalmente estes jogos. Também estudámos os jogos da Liga dos Campeões do ano passado, apesar de haver algumas diferenças no onze, mas da mesma forma que nós cada vez que jogamos em Alvalade não vamos para o jogo a pensar, como ganhamos sempre em Alvalade, que vai ser fácil. Quando estamos no outro lado da situação, pensamos sempre, vamos fazer o nosso jogo e acreditamos que podemos ganhar em qualquer campo. Portanto, não entro na preparação porque não sabíamos disso por pormenor, sabíamos sim que é uma equipa muito forte. Mas como a nossa fortaleza um dia pode ter um mau dia, amanhã pode ser o caso do PSV e é por isso que vamos correr e lutar.

- Como tem visto a evolução do Franco Israel, voltou à titularidade, o que é que ele ganhou depois de todo este tempo a trabalhar consigo?

- O Franco não ganhou muito a trabalhar comigo, porque ele trabalha com o Vital. Acho que se nota que é um guarda-redes muito mais confiante agora. Percebe o que a equipa quer,  melhorou muito o jogo com os pés, melhorou muito a potência quando bate a bola. E esses pequenos pormenores são importantes no nosso jogo. E depois do ano passado, de provar a si mesmo, provar a toda a gente, que estava preparado numa fase decisiva do campeonato, onde ele assumiu e correspondeu muito bem, acho que ele é um jovem mais adulto, mais preparado, com umas características muito boas. Um excelente guarda-redes, um guarda-redes de seleção e que está preparado se for chamado para amanhã para responder.

- Sente que ao Sporting falta esta afirmação europeia. Pode se um ano de procurar uma afirmação total também na Europa?

- Acima de tudo dá para perceber que estamos num patamar diferente. Antigamente costumava-se dizer que não chegávamos ao Natal no nosso campeonato, não lutávamos pelo campeonato, não éramos tão competitivos. Agora acho que já provámos que somos competitivos, ano após ano, tirando um ano que no início estragámos tudo, digamos assim [risos], mas já somos uma equipa muito competitiva e já temos essa consistência exibicional em Portugal e agora as pessoas esperam que possamos dar o passo seguinte, que é na Europa. Também temos de perceber que há equipas que com isto poderio, como o PSV, que jogam num campeonato similar ao nosso e que também está habituado a estas andanças, depois lutamos contra campeonatos e equipas que têm investimentos diferentes e que são lutas às vezes um bocadinho desiguais. Coisa que acontece às vezes também no nosso campeonato e, portanto, as pessoas estão à espera de que possamos ser mais competitivos. É isso que nós tentamos provar, provámos na primeira jornada e queremos manter essa consistência. Acima de tudo o foco é melhorar naquilo que fizemos com o Lille, a nossa capacidade de jogar num estádio destes com uma pressão intensa de uma equipa holandesa, com um treinador que joga sempre à frente profissional, temos de ter essa capacidade a construir, aproveitar os espaços, ter uma presença diferente até daquela que tivemos no primeiro ano em que passámos à fase de grupos. Sinto que as pessoas esperam isso e vamos tentar corresponder a esse pedido dos nossos adeptos.

- Sem Pedro Gonçalves testou, até agora em dois jogos, primeiro Harder depois o Maxi Araújo na frente. Para este jogo, que tem características diferentes em relação aos últimos dois, pondera utilizar dois alas no corredor?

- A posição não é do Pote, obviamente que o Pote é um jogador que, quando está, toda a gente sabe que é um jogador que faz várias posições, que está quase sempre no onze, mas vamos jogar muito em função do que queremos para o jogo. Na nossa ideia do jogo, mas olhando para as características do adversário, que tipo de jogador é que nós podemos criar mais problemas. E, portanto, não vos vou dizer principalmente essa posição, mas estará lá um jogador preparado para o desafio.

- Acredita que Daniel Bragança tem, esta época, apresentado uma dimensão ofensiva muito superior à que tinha em épocas passadas? Está um jogador mais completo? Preparado para ser titular amanhã?

- O Dani tem sido uma surpresa. A verdade é que ele se lesionou e ficou melhor jogador. Portanto, isso é difícil. Já comentei com o doutor, o que fizeram com o Dani vamos começar a fazer com os outros [risos], mesmo que demore um bocadinho mais de tempo. Obviamente que é uma brincadeira, ele passou um mau momento. Tem uma dimensão hoje diferente do que tinha. A capacidade física dele, junto à capacidade mental e à qualidade com os pés é, se calhar, o jogador mais injustiçado desde que estou no Sporting. Merecia mais. Mas, não concordo quando perguntam se ele está preparado para assumir a titularidade. Vejam os números dos médios, se não estiver ela por ela, o erro é meu. Porque é difícil deixar, neste momento, principalmente daqueles três, é difícil escolher um. Porque se quisermos meter o Dani a médio defensivo também podemos meter o Dani, neste momento, a médio defensivo, é  um jogador inteligente quando fazemos marcação homem a homem, sabe jogar, às vezes, como central em certas jogadas, quando entra na linha sabe todas as regras, porque é muito inteligente. E, portanto, acho que atingiu uma dimensão completamente diferente daquilo que eu estava à espera. É um jogador diferente. É um jogador que tem capacidade para chegar à Seleção Nacional. Também tenho de ajudá-lo, às vezes é normal olharem para ele de uma forma, para mim é um titular, só que eu, às vezes, tenho de fazer a gestão de acordo com as características e, às vezes, rodo os médios centros muitas vezes, porque eles todos têm de jogar e merecem jogar e é uma posição que não me preocupa nada, a única preocupação é se algum deles se lesionar. Mas, de resto, acho que o Dani fez por merecer o momento que tem. Sofreu muito, mas voltou um melhor jogador e o mérito é todo dele. Não vou dizer se ele vai ser titular porque aí já estava a ajudar o treinador a perceber que movimentos é que vamos fazer e etc., porque dá para ver. Eles têm características um bocadinho diferentes, mas podem fazer o papel um do outro.

- Como compara a liga portuguesas e a neerlandesa?

- Acho que é similar, a qualidade é diferente, o tipo de jogo. Em Portugal temos um mindset diferente, as pequenas equipas tentam não sofrer golo e apostam no contra-ataque para tentar ganhar. Aqui é diferente, é cultural. Mesmo os pequenos jogadores dividem o jogo entre as melhores equipas. São boas ligas, com bons jogadores, bons treinadores. Então, as grandes equipas vêm aqui compram todos os jogadores, como em Portugal. Então, é difícil competir com essas ligas, mas acho que são muito semelhantes em qualidade e espero um bom jogo amanhã. Temos um bom ambiente para jogar futebol, boas academias, tal como aqui, no Ajax e PSV e todos os outros times. Mas somos um país que ama o futebol, como aqui.

- Qual a situação de Matheus Reis?

- O Matheus sofreu uma pequena lesão. Vai estar fora algum tempo, faz-nos muita falta também, mas vai estar fora até à paragem [para os compromissos das seleções] e depois logo vemos.