«Ter ganho tudo é o que contará quando acabar a carreira»

Argentina «Ter ganho tudo é o que contará quando acabar a carreira»

INTERNACIONAL24.06.202323:45

O argentino Lionel Messi, que neste dia celebra o seu 36.º aniversário, ainda antes de se juntar, em 2023/24, ao plantel do Inter Miami (EUA), admitiu, numa extensa entrevista em jeito de balanço de uma carreira riquíssima e recheada, que o futebol já lhe deu tudo o que imaginava… e muito mais.

«Recordes individuais, de jogos e golos? Nesta altura da minha carreira pouco ou nada lhes ligo, só quero o que possa alcançar a nível de clubes e da seleção. Tive a sorte de ganhar tudo, e isso é o que contará quando acabar a minha carreira», admitiu ‘la pulga’, na entrevista a John Ferreira e à cadeia de TV Bein Sports, emitida na noite deste sábado.

Quanto à Champions e ao capítulo da sua carreira em Paris, que agora encerrou após duas temporadas no Paris Saint-Germain, o astro das ‘pampas’ e sete vezes triunfador da ‘Bola de Ouro’ é realista.

«O meu objetivo sempre foi ganhar tudo, incluindo a Champions. Em dois anos [no PSG, de 2021 a 2023] não o conseguimos. Foram duas grandes deceções, mas não esqueçamos os dois títulos conquistados na Ligue 1 [bicampeões de França], por muito que o clube aspire, um dia, a erguer a Champions», disse o capitão e grande figura da seleção da Argentina que se sagrou campeã do Mundo no Catar-2022, momento que Messi jamais esquecerá.

«Muita gente, além dos meus companheiros de equipa, estava felicíssima por eu ter sido, por fim campeão do Mundo de seleções [Argentina e Messi haviam sido vice-campeões no Mundial do Brasil-2014]. Muitos queriam a Argentina campeã por minha causa, por acharem que seria um prémio que eu já merecia. Foi extraordinário, e felizmente aconteceu. Sou e somos campeões do Mundo, deixámos a nossa marca na história dos Campeonatos do Mundo. Nada me falta conseguir, já ganhei tudo», repetiu Messi, que recuou a 2021 e à decisão de deixar o Barcelona.

«Fui para Paris e para o PSG porque me agradava o projeto do clube e tinha muitos amigos no balneário, alguns deles meus companheiros de seleção ou até de equipa no Barça. Pensei seria uma adaptação mais fácil. A minha escolha foi um pouco por isso. Mas fui sem fazer pré-temporada, e a adaptação acabou por ser mais difícil», admitiu Lionel Messi, que tem uma ‘espinha’ atravessada na garganta: a derrota (1-2) da Argentina ante a Arábia Saudita no primeiro jogo do Mundial do Catar-2022, ainda na fase de grupos, que não impediu os das ‘pampas’ de fazer a festa no fim.

«Começar o Mundial a perder o primeiro jogo dessa forma foi um golpe duríssimo para todos nós. A partir daí, começámos a jogar de outra forma, pois sabíamos que qualquer erro poderia custar caro e sermos eliminados. Antes, todos acreditávamos que seria o jogo mais fácil do nosso grupo, mas saiu-nos tudo ao contrário. Hoje, refletindo à distância sobre o que se passou nesse jogo de novembro, agradeço: foi um golpe duro que que veio em boa hora, para nos ‘acordar’», reconheceu Messi, admitindo que a vitória da seleção orientada por Lionel Scaloni começou a desenhar-se no rescaldo do inesperado – e felizmente para a Argentina, não comprometedor em definitivo – desaire ante os sauditas.

«Também recordo com particular apreço a minha última ‘Bola de Ouro’ [2021], um reconhecimento muito bonito após um ano em que, por fim, venci algo importante pela Argentina, a Copa América [no Brasil, 1-0 na final, no Maracanã, no Rio de Janeiro, à porta fechada, golo de Di María, a 10 de julho]. O feito vai perdurar para sempre, e a memória», disse.

Num ‘virar de página’ em definitivo na sua carreira ao PSG, recordou «ter sido infetado Covid-19 quando de férias, na Argentina, na primeira época [2021/22]» e ter-lhe ‘«custado imenso» recuperar depois a forma.

«O início da segunda época no PSG [2022/23] foi bom: comecei a pré-temporada com os meus companheiros, chegaram muitos jogadores novos e adaptámo-nos bem às ideias do novo técnico [Christophe Galtier]. Senti-me cómodo desde o início. Mas a pausa na época, para o Mundial do Catar, mudou tudo na época, não apenas para mim, como para muitos jogadores e equipas», foi a conclusão de Messi, «dececionado» pela saída de cena do PSG da Champions e quebra de rendimento sentida nos parisienses em janeiro, no pós-Mundial.

«Tocou-me voltar ao país que vencemos na final do Mundial [França, nos penáltis, após 2-2 nos 90’ e 3-3 nos 120’, na final, em Doha] e o objetivo era o mesmo: continuarmos a ganhar. Não sei se para eles [franceses] foi tudo diferente ou igual em termos anímicos, por lhes termos ganho na final», confessou.

Do Catar, a alegria do título e a felicidade dada ao povo argentino ficarão para sempre no coração de Messi. «Sempre vamos para qualquer prova para a vencer. A nossa intenção era vencermos, sermos campeões. Sabíamos que éramos candidatos, mas um conjunto de fatores teriam de se alinhar, pois éramos tão candidatos quanto outras grandes seleções presentes, e que respeitávamos muitíssimo. Mas fomos com a mesma confiança que tivemos para vencer a Copa América [2021] e, depois, a Finalíssima FIFA [3-0 à Itália, campeã europeia]», recordou à despedida.

Veja, no 'tweet' em anexo, um excerto da longa entrevista do craque argentino: