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PEDRO HENRIQUES PENALTI RUIZ DIOMANDE
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Tatuagem do Real Madrid atira guarda-redes para a prisão

FUTEBOL28.03.202513:18

O venezuelano Jerce Reyes Barrios foi deportado dos Estados Unidos pela administração Trump para uma prisão em El Salvador acusado de pertencer ao gangue 'Tren de Aragua'. O seu clube antigo fez um vídeo emocionante a pedir a sua libertação

A tatuagem do brasão do Real Madrid chegou para o governo de Donald Trump decidir enviar o guarda-redes Jerce Reys Barrios para uma prisão em El Salvador acusado de pertencer a um gangue.

Presos a chegar a El Savador
Presos a chegar a El Savador

O venezuelano de 36 anos, treinador de futebol infantil, seguiu com mais de 200 compatriotas num voo com destino a El Salvador no último fim de semana. A denúncia foi feita pela sua advogada, Linette Tobin, que se apressou a entregar um pedido para reverter o processo a um juiz em Washington.

Apesar de ter tido sucesso e ter sido ordenado o regresso imediato do avião tal não aconteceu, com o argumento da administração americana que na nessa altura o avião já sobrevoava águas internacionais e tinha mudado de jurisdição.

Uma das provas apresentadas pelos Estados Unidos é uma tatuagem que representa «símbolos de gangues». A advogada incluiu fotografias na sua argumentação para explicar que seu cliente escolheu o polémico desenho - uma bola com uma coroa no topo - porque é semelhante ao brasão do Real Madrid, a sua equipa de coração. O escudo gravado no braço de Reyes Barrios é rodeado por um rosário e a palavra «Deus» em espanhol.

Solitária na prisão para terroristas em El Salvador
Solitária na prisão para terroristas em El Salvador

O segundo indício é uma fotografia encontrada no seu perfil do Facebook, na qual o imigrante levanta vários dedos. De acordo com o Departamento de Segurança Interna (DHS), é um gesto de identificação do Tren Aragua. A advogada explica que isso faz parte da linguagem de sinais, usada para dizer «amo-te», gesto comum no mundo do rock 'n' roll.

Jerce Reys na Venezuela. Foto Instagram
Jerce Reys na Venezuela. Foto Instagram

Segunda a advogada de Reyes, o seu cliente entrou legalmente nos Estados Unidos em setembro do ano passado. Jogador profissional, participou em dois protestos contra Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, tendo sido preso e torturado após o segundo. De acordo com as revelações de Linette Tobin, o jogador de 36 anos foi torturado num prédio clandestino, sendo submetido a choques eléctricos e afogamento.

«O Sr. Reyes Barrios foi e é um jogador profissional de futebol na Venezuela. Ele nunca foi preso ou acusado de qualquer crime. Ele tem um histórico de emprego estável como jogador de futebol e como treinador de jovens e crianças», explicou a advogada.

Depois disso, ele conseguiu fugir para os Estados Unidos, onde entrou legalmente tendo pedido e agendado uma reunião com o Serviço de Fronteiras através de uma aplicação que Joe Biden alargou a todos os requerentes de asilo, permitindo-lhes ter tempo para serem chamados e expor o seu caso. Até lá ficou detido na prisão de Otay Mesa sob condições de segurança máxima.

Assim que Trump chegou à Casa Branca, em janeiro, revogou de imediato a medida. Reyes, sem antecedentes criminais no seu país, pediu asilo politico em dezembro e devia ser ouvido dia 17 de abril num tribunal em San Diego, na Califórnia.

A 10 ou 11 de março Jerce Reys foi transferido para uma prisão no Texas e, no último sábado, enfiado num avião e deportado para uma prisão em El Salvador, segundo a família e a advogada que não conseguiram falar com Jerce Reyes. O governo dos EUA alega que apenas «criminosos perigosos» foram deportados, membros comprovados do Tren de Aragua, um gangue venezuelano que a direita mais conservadora dos EUA retrata como rede criminosa que controla o regime de Maduro e visa destruir os Estados Unidos, tendo, por isso, sido adicionado à lista de organizações terroristas estrangeiras.

A advogada também mostrou vídeos de Reyes a jogar futebol na primeira e segunda divisões da Venezuela, mas de nada valeu.

Segundo a administração Trump, a Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798 permite ao presidente expulsar cidadãos de outros países que estejam em guerra ou a planear uma invasão aos Estados Unidos, podendo, por isso, ser aplicada.

Em Machiques, uma pequena cidade rural perto da fronteira com a Colômbia, de onde o jogador é natural, o seu antigo clube, o Perijaneros FC, começou uma campanha para exigir a libertação de Reyes. Em imagens partilhadas no Instagram e no TikTok, crianças da escola de futebol rezam pelo antigo treinador, que deixou a cidade como tantos outros à procura de um futuro melhor no estrangeiro.

Cela na prisão em Tecoluca, El Salvador, para onde Reyes terá sido enviado

Agora, estará, ao que tudo indica na prisão do Centro de Confinamento de Terrorismo (CECOT) em Tecoluca, El Salvador.