Tatuagem do Real Madrid atira guarda-redes para a prisão
O venezuelano Jerce Reyes Barrios foi deportado dos Estados Unidos pela administração Trump para uma prisão em El Salvador acusado de pertencer ao gangue 'Tren de Aragua'. O seu clube antigo fez um vídeo emocionante a pedir a sua libertação
A tatuagem do brasão do Real Madrid chegou para o governo de Donald Trump decidir enviar o guarda-redes Jerce Reys Barrios para uma prisão em El Salvador acusado de pertencer a um gangue.
)
O venezuelano de 36 anos, treinador de futebol infantil, seguiu com mais de 200 compatriotas num voo com destino a El Salvador no último fim de semana. A denúncia foi feita pela sua advogada, Linette Tobin, que se apressou a entregar um pedido para reverter o processo a um juiz em Washington.
Apesar de ter tido sucesso e ter sido ordenado o regresso imediato do avião tal não aconteceu, com o argumento da administração americana que na nessa altura o avião já sobrevoava águas internacionais e tinha mudado de jurisdição.
Uma das provas apresentadas pelos Estados Unidos é uma tatuagem que representa «símbolos de gangues». A advogada incluiu fotografias na sua argumentação para explicar que seu cliente escolheu o polémico desenho - uma bola com uma coroa no topo - porque é semelhante ao brasão do Real Madrid, a sua equipa de coração. O escudo gravado no braço de Reyes Barrios é rodeado por um rosário e a palavra «Deus» em espanhol.
)
O segundo indício é uma fotografia encontrada no seu perfil do Facebook, na qual o imigrante levanta vários dedos. De acordo com o Departamento de Segurança Interna (DHS), é um gesto de identificação do Tren Aragua. A advogada explica que isso faz parte da linguagem de sinais, usada para dizer «amo-te», gesto comum no mundo do rock 'n' roll.
)
Segunda a advogada de Reyes, o seu cliente entrou legalmente nos Estados Unidos em setembro do ano passado. Jogador profissional, participou em dois protestos contra Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, tendo sido preso e torturado após o segundo. De acordo com as revelações de Linette Tobin, o jogador de 36 anos foi torturado num prédio clandestino, sendo submetido a choques eléctricos e afogamento.
«O Sr. Reyes Barrios foi e é um jogador profissional de futebol na Venezuela. Ele nunca foi preso ou acusado de qualquer crime. Ele tem um histórico de emprego estável como jogador de futebol e como treinador de jovens e crianças», explicou a advogada.
Depois disso, ele conseguiu fugir para os Estados Unidos, onde entrou legalmente tendo pedido e agendado uma reunião com o Serviço de Fronteiras através de uma aplicação que Joe Biden alargou a todos os requerentes de asilo, permitindo-lhes ter tempo para serem chamados e expor o seu caso. Até lá ficou detido na prisão de Otay Mesa sob condições de segurança máxima.
Assim que Trump chegou à Casa Branca, em janeiro, revogou de imediato a medida. Reyes, sem antecedentes criminais no seu país, pediu asilo politico em dezembro e devia ser ouvido dia 17 de abril num tribunal em San Diego, na Califórnia.
A 10 ou 11 de março Jerce Reys foi transferido para uma prisão no Texas e, no último sábado, enfiado num avião e deportado para uma prisão em El Salvador, segundo a família e a advogada que não conseguiram falar com Jerce Reyes. O governo dos EUA alega que apenas «criminosos perigosos» foram deportados, membros comprovados do Tren de Aragua, um gangue venezuelano que a direita mais conservadora dos EUA retrata como rede criminosa que controla o regime de Maduro e visa destruir os Estados Unidos, tendo, por isso, sido adicionado à lista de organizações terroristas estrangeiras.
A advogada também mostrou vídeos de Reyes a jogar futebol na primeira e segunda divisões da Venezuela, mas de nada valeu.
Segundo a administração Trump, a Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798 permite ao presidente expulsar cidadãos de outros países que estejam em guerra ou a planear uma invasão aos Estados Unidos, podendo, por isso, ser aplicada.
Em Machiques, uma pequena cidade rural perto da fronteira com a Colômbia, de onde o jogador é natural, o seu antigo clube, o Perijaneros FC, começou uma campanha para exigir a libertação de Reyes. Em imagens partilhadas no Instagram e no TikTok, crianças da escola de futebol rezam pelo antigo treinador, que deixou a cidade como tantos outros à procura de um futuro melhor no estrangeiro.
)
Agora, estará, ao que tudo indica na prisão do Centro de Confinamento de Terrorismo (CECOT) em Tecoluca, El Salvador.
Todos os países deviam ter uma prisão pelo menos, igual a de El Salvador (CECOT).