Sporting: melhor defesa que esta só há 54 anos!

NACIONAL06:30

Leões não sofrem golos há sete jogos consecutivos na Liga. Está a um jogo do melhor registo da história que data de 1970/71. Marca de minutos terá de esperar mais tempo. A BOLA falou com Carlos Pereira, que fez parte dessa última muralha leonina, e faz comparações

O que têm em comum Vítor Damas, Pedro Gomes, José Carlos, Alexandre Baptista e Hilário da Conceição com Franco Israel, Kovacevic, Diomande, Debast, Gonçalo Inácio ou Eduardo Quaresma? Mais do que aquilo que, à partida, possa parecer, além de todos terem sido ou serem atualmente jogadores do Sporting.

Os primeiros faziam parte da muralha defensiva da equipa de 1970/1071 comandada por Fernando Vaz que, nessa temporada, estabeleceu o recorde absoluto de oito jogos consecutivos sem sofrer golos para o campeonato; os segundos são os que fazem parte da cortina de ferro do plantel de Rúben Amorim que, na sexta-feira, diante do Estrela da Amadora, vai em busca de igualar esse feito.

Da lista das equipas que há 54 anos não conseguiram bater os leões fazem parte Leixões, V. Setúbal, Varzim, Académica, CUF, Farense, Boavista e V. Guimarães, numa sequência que sucedeu entre a jornada 3 e a 10.

Sporting só sofreu golos nas duas primeiras jornadas da Liga (SPORTING CP)

Agora, os conjuntos que não conseguiram remates certeiros diante dos leões para a Liga, em folhas limpas que também começaram à terceira ronda, são Farense, FC Porto, Arouca, Aves SAD, Casa Pia e Famalicão.

Em termos de minutos, há 54 anos, o leão esteve 836 minutos sem sofrer golos na 1.ª Divisão — antes da tal sequência, Lemos marcou ao minuto 30 do jogo com o FC Porto e a imbatibilidade terminou ao minuto 56 da partida com o Benfica, por obra e graça dum nome maior do futebol nacional, Artur Jorge.

Clayton, avançado do Rio Ave foi um dos poucos a conseguir cometer a 'proeza' de marcar aos leões (Grafislab)

Os dois golos sofridos pelo Sporting

De momento, o leão de Rúben Amorim leva 684 minutos sem sofrer golos, pois o autor do último remate certeiro em jogos com o clube de Alvalade foi Nigel Thomas, ao minuto 36 da partida com Nacional (6-1) — o outro sofrido pelos leões na Liga esta época foi da autoria de Clayton, do Rio Ave.

Neste aspeto, caso consiga manter a baliza a zeros diante do Estrela, o atual Sporting perfará 774 minutos com as suas redes a zero e ficará a 62 minutos de igualar o feito da equipa de Fernando Vaz. O jogo seguinte é prova de fogo, diante do SC Braga, na Cidade dos Arcebispos e poderá ter esse aditivo extra de motivação.

Mas voltando ao jogo com os da Amadora, manter a baliza a zeros seria bela forma de homenagear o homem que dá nome às redes do topo sul do Estádio José Alvalade: esse mesmo, o eterno Vítor Damas.

Carlos Pereira fez parte da última muralha leonina (A BOLA)

Carlos Pereira: «É possível alcançarem esse feito»

Antigo jogador, treinador da formação e adjunto de Paulo Bento, em 1970/71, Carlos Pereira então com 21 anos, embora não tenha jogado, fazia parte do plantel orientado pelo conceituado treinador e cronista de A BOLA Fernando Vaz, que estabeleceu o recorde já citado.

O sistema tático era bem diferente, com o tradicional 4x4x2 a pontificar no início da década de 70 do século passado e o 3x4x3 ser agora o eleito por Rúben Amorim desde que pegou nos leões, em março de 2020. «Também tínhamos uma equipa recheada de jogadores de enorme valia, na qual pontificava um goleador, Lourenço; tal como hoje em dia há Gyokeres. Na baliza estava um monstro, Vítor Damas. Mas, mais do que isso, a equipa estava mecanizada, tal como acontece agora. Face aos números revelados e as exibições desta equipa, penso que é possível estes jogadores alcançarem esse feito que nós atingimos», diz.

O amargo de boca ficou porque em 1970/1971 o leão não conseguiu o bicampeonato, ficando em segundo, a três pontos do Benfica, com 14 golos sofridos; esta época a revalidação do título o objetivo claro.