Sorteios da UEFA vão deixar de parecer... sorteios: perceba como vão funcionar

Adversários de cada clube serão definidos por computador. Champions a 29 de agosto, Liga Europa e Liga Conferência a 30

Artigo originalmente publicado a 14 de agosto

O novo formato das competições europeias, com o fim das fases de grupos e o advento de fases de liga (36 clubes, classificação única, os primeiros oito apuram-se diretamente para os oitavos de final, os classificados entre o 9.º e o 24.º jogam um play-off para preencher as outras oito vagas nos oitavos), promete revolucionar o futebol europeu.

Para já, a 29 (Liga dos Campeões) e 30 de agosto (Liga Europa e Liga Conferência), vão revolucionar os sorteios tal como os conhecíamos.

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A UEFA promoveu esta quarta-feira (ndr: a 14 de agosto) uma conferência de imprensa, que contou com a presença de A BOLA, para explicar como vão, então, funcionar os novos sorteios. O essencial já tinha sido divulgado em comunicado: na prática, o sorteio é feito por computador. Vai haver taças com bolas em palco, mas apenas para definir a ordem pela qual cada clube conhecerá os seus adversários.

Vamos, então, perceber a Champions, o sorteio mais icónico, realizado na última quinta-feira do mês (este ano a 29), no Mónaco. Os 36 clubes serão divididos em quatro potes, com nove equipas cada, em função do ranking da UEFA (com o detentor do título na primeira posição do pote 1). Apesar de faltar conhecer sete dos clubes apurados, que virão das pré-eliminatórias, os potes 1 e 2 já estão definidos. O primeiro terá Real Madrid, Manchester City, Bayern, PSG, Liverpool, Inter, Dortmund, RB Leipzig e Barcelona. O segundo conta com Leverkusen, Atlético de Madrid, Atalanta, Juventus, Benfica, Arsenal, Club Brugge, Shakhtar e Milan. O Sporting estará no pote 3, com Feyenoord, PSV, Celtic e cinco clubes provenientes das pré-eliminatórias. Os restantes dois apurados no play-off das duas próximas semanas mais Mónaco, Aston Villa, Bolonha, Girona, Estugarda, Sturm Graz e Brest ficam no pote 4.

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Condicionantes

Mas a relevância do pote a que se pertence desapareceu, porque cada clube fará dois jogos com equipas de cada pote (um em casa e um fora), totalizando os oito jogos da fase de liga (o formato é igual na Liga Europa; na Liga Conferência, como há apenas seis jogos na fase de liga, as equipas são divididas em seis potes e cada um fará um jogo contra um adversário de cada pote). Os cabeças de série servem apenas para equilibrar o calendário, para permitir que cada clube tenha em teoria um leque de jogos com a mesma dificuldade.

As únicas limitações: não podem defrontar-se equipas do mesmo país e cada clube pode defrontar no máximo dois adversários de cada país (ou seja, se o Sporting jogar com Inter e Milan, já não poderá defrontar Atalanta, Juventus ou Bolonha). Com o fim dos grupos e o aumento de possibilidades matemáticas por clube, a realização do sorteio manual, segundo a UEFA, levaria quase quatro horas, «com mais de mil bolas em palco», segundo Tobias Hedstuck, diretor das competições de clubes da UEFA. Por isso foi decidido realizar um sorteio por computador, que não se parecerá, na verdade, com um sorteio.

Teorias da conspiração

Em palco, no Mónaco, será retirada uma bola do pote 1, com o nome dum clube. O computador sorteará de seguida os oito adversários (dois de cada pote) para esse clube, definindo logo os jogos em casa e fora, mas não a ordem ou o calendário (isso será determinado a posteriori). Depois será retirado outro nome de clube do pote 2 e haverá novo sorteio por computador, para conhecer os novos adversários. Quando se terminar o pote 1, passa-se para o 2, depois para o 3 e para o 4. O sorteio por clube vai ficando cada vez mais rápido, porque parte dos adversários das equipas que ainda não foram sorteadas vão ficando previamente definidos.

A expectativa da UEFA, explicou Hedstuck, é que o processo leve cerca de 35 minutos (igual ao que acontecia até aqui), mas metade vai ser consumido pelo pote 1. O processo do sorteio propriamente dito é conduzido pela empresa ae.live, com experiência na criação de software para sorteios automatizados e que desenvolve o sistema para a UEFA desde setembro do ano passado, e auditado pela Ernest & Young, que em comunicado garantiu ter comprovado que o sistema respeita as indicações da UEFA e define realmente os jogos de forma aleatória.

Mas com tantas teorias da conspiração que surgiam em sorteios bem mais transparentes e fáceis de entender, não é difícil imaginar que haja quem olhe para o que se passará em palco, no Mónaco, e suspeite que os adversários para cada clube que vão saindo das bolas possam estar pré-definidos. A BOLA questionou a UEFA sobre se considerou fazer pelo menos parte do sorteio manualmente (sorteando, com bolas, pelo menos um adversário para cada clube), para ajudar a dissipar essa ideia. «Sim. Pensámos por exemplo em sortear apenas as equipas do pote 1, mas só esse processo levaria pelo menos 40 minutos. E sortear uma parte manualmente e o resto digitalmente misturaria conceitos e retiraria coerência. Admitimos que para as pessoas a ver em casa possa não parecer um sorteio, mas estes sistemas [por computador] já são usados em muitas áreas. É o próximo passo na evolução», respondeu Tobias Hedstuck.

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