Sindicato avança no combate ao tráfico humano
Apresentação de documento com cinco propostas aos grupos parlamentares
O Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) enviou, sexta-feira, aos grupos parlamentares, um documento com cinco medidas para combater tráfico humano, imigração ilegal e burla.
O SJPF anunciou o lançamento, na próxima temporada, de um manual de entrada e acolhimento do jogador brasileiro, que poderá ser aplicado, depois, às restantes nacionalidades.
Propõe, também, a criação de uma plataforma digital para partilha de notícias, informação, legislação, jurisprudência, mecanismos de denúncia ou respostas sociais.
O SJPF sugere, ainda, que os agentes desportivos apresentem declarações de interesses, para permitir às entidades fiscalizadores a identificação de potenciais conflitos e as ligações diretas ou indiretas a negócios do futebol.
É pedido, pelo SJPF, o envolvimento das autarquias, através da formação de agentes de prevenção local, em articulação com as respetivas associações de futebol e autoridades.
Por fim, é proposta a dinamização de uma rede integrada de apoio de estadia, integração social e, eventualmente, repatriamento.
O presidente do SJPF, Joaquim Evangelista, defende que «mais do que alterar as normas», que considera importante, «interessa mudar a atitude com que se responde a este flagelo».
«Revemo-nos numa posição multidisciplinar, que assenta numa visão a montante, sobre os requisitos de entrada, e a jusante, no cumprimento das obrigações em território português. Temos memória e queremos que a sociedade esteja atenta, pois a forma como encaramos este problema diz muito sobre o país que somos e queremos ser», disse à Lusa.
Joaquim Evangelista assinala que há «uma ausência de articulação entre as várias entidades públicas e privadas», ou seja, «não há uma resposta cabal» ao problema. «Temos de ter a capacidade de não fechar os olhos à realidade», dispara, lamentando que «isso aconteceu durante muito tempo por interesse próprio e, muitas vezes, com a cumplicidade de jogadores, treinadores e dirigentes».
«Estamos melhor do ponto de vista mediático. Já conseguimos mobilizar a comunidade. Agora, o problema tem raízes mais profundas que o impacto público e precisamos de agir a nível estrutural», argumenta.