FC Porto-Moreirense, 2-0 Se o primeiro caiu do céu, o segundo exigiu trabalho
Num jogo de qualidade reduzida, disputado num relvado deplorável, o FC Porto fez mais pelo bilhete para a final four e, por isso, mereceu-o. Na segunda parte, dragões fizeram mais pela vida, mas tiveram em Caio Secco um muro
Esqueçam a primeira meia hora de jogo. Tirando um único remate, protagonizado pelo ala portista João Mário aos 13’, com força mas ao lado, nada mais há nesse longo e penoso período que mereça linhas nesta crónica – tirando, talvez, a crescente deterioração do tapete verde de Aveiro.
Saltemos, então, diretamente para o minuto 34 – garanto-vos, é o melhor que fazemos… Porque é nesse instante que o dragão começa a apertar o cerco ao adversário, por via de três cantos conquistados, num crescendo de intensidade e velocidade (embora sem grandes excessos) suficientes para deixar o Moreirense incapaz de sair em ataque organizado.
Até que, numa aceleração de Galeno pela esquerda, este deixa a bola em profundidade no lateral Francisco Moura que, junto à linha de fundo, cruza de primeira para aquele que seria o primeiro de dois lances enquadrados com a baliza: neste caso, porém, foi… autogolo do Moreirense, num disparo fortíssimo de Leonardo Buta, que tentava aliviar e acabou por atirar a marcar para o FC Porto. Decorria o 35.º minuto, seguir-se-iam (finalmente!) dez minutos bem mais animados.
Desde logo porque o mesmo Buta quase emendava o erro logo a seguir 37’ O mesmo Buta tentou redimir-se logo depois, com um remate cruzado para defesa apertada de Cláudio Ramos, após passe de Gabrielzinho. E, depois, porque Deniz Gul ainda tentou um remate bonito, em arco, mas com a bola sair por cima da baliza (39’) e Galeno fez o mesmo, atirando, igualmente, por alto.
SÓ DÁ NAMASO E… EUSTÁQUIO!
O arranque da segunda parte trouxe um protagonista que mal se vira na primeira parte e que, aliás, pouco se tem visto nos últimos tempos no FC Porto: Danny Namaso, que, talvez apertado por Vítor Bruno, veio cheio de vontade do descanso. E, logo aos 47’, o atacante inglês protagonizou um belo remate direcionado ao segundo poste, vendo, porém, no derradeiro instante, a luva de Caio Secco evitar o que seria o segundo golo do dragão. Que grande defesa!
Logo depois, nova ameaça de Namaso, num remate carregado de intenção e a rasar o poste direito da baliza moreirense. Eustáquio, que servira o britânico nos dois lances, acabaria por ser ele próprio a atrair os holofotes aos 61’, quando, na sequência de jogada nascida em Namaso e que viveu, depois, da insistência de Galeno, o internacional canadiano recebeu na área e, após fintar um adversário, rematou forte e sem hipóteses. Estava feito o 2-0, os dragões sentiam que a presença na final four já não fugiria.
A HORA DOS MIÚDOS
Mesmo assim, Vítor Bruno não quis arriscar e, na tentativa de dar maior dimensão ao triunfo, ainda lançou em campo para os 25 minutos finais as estrelas Fábio Vieira e Samu, a pérola que o FC Porto foi buscar a Espanha e se tornou no goleador de serviço neste primeiro terço de época. Característica que, porém, não mostrou neste duelo – ficando nos registos um golo cantado que o jovem espanhol… falhou (69’).
Quem continuava a tentar era Namaso, mas também não tinha melhor sorte, atirando ao lado aos 68’ e para defesa de Caio Secco aos 69’, o mesmo acontecendo com Galeno, aos 72’, com o guardião a voar. O FC Porto seguia as indicações subtis que o seu treinador ia lançando para dentro de campo: era para tornar mais robusta a vitória!
O jogo, porém, foi-se perdendo na mesma medida em que os jogadores iam evidenciando sinais de algum cansaço. Só as unidades mais frescas ainda conseguiam despertar a atenção, como se viu num lance de Gonçalo Borges a rematar para boa defesa de Namaso e em dois momentos do pequeno génio Rodrigo Mora, primeiro aos 84’, com o remate a ser intercetado, e, por fim, aos 90+3’ para novo instante brilhante e decisivo do guarda-redes do Moreirense.
Sem fazer muito por isso, embora fazendo mais do que o adversário, o FC Porto teve sorte no primeiro golo, depois procurou, sim, o segundo (e até mais), e é, assim, um justo vencedor do último bilhete para a final four da Taça da Liga.