'Rui Borges do Estrela' vergou o leão há vinte anos
Rui Borges em duelo com Nani, num Sporting que também tinha Liedson, Sá Pinto, João Moutinho, Rodrigo Tell o ou Anderson Polga. Foto: A BOLA

'Rui Borges do Estrela' vergou o leão há vinte anos

NACIONAL28.03.202509:05

Último trunfo da turma da Reboleira sobre o Sporting foi em pleno Estádio de Alvalade e remonta a 2005; médio criativo foi titular nesse jogo histórico e reconta a A BOLA o êxito que nunca mais teve repetição

O duelo entre Estrela da Amadora e Sporting, a realizar este sábado, disputa-se no mesmo ano em que se cumprem 20 anos sobre a última vitória dos tricolores sobre os leões - a turma da Reboleira, orientada por António Conceição, venceu por 1-0 na jornada 14 de 2005/06, em Alvalade, com golo de Manu aos 35', o leão de Paulo Bento.

Nesse jogo – a 9 de dezembro de 2005 - estava... Rui Borges. Não o atual treinador do Sporting, mas o Rui Borges do Estrela, que confessa a A BOLA que o clube amadorense ainda hoje tem lugar muito especial no seu coração.

«Não escondo, a Amadora é a minha terra e fui sempre muito acarinhado pelas pessoas, as pessoas que gostavam de mim, que me conheceram na escola, que me viam na rua, que me cumprimentavam nos cafés e por aí fora. Representar o Estrela foi, sem dúvida nenhuma, se não foi o marco mais importante da minha vida foi, claramente, um dos marcos mais importantes», afirma o antigo médio criativo, que recorda com saudade esse êxito conseguido há duas décadas.

«As memórias são muito boas. Éramos uma equipa que criava sempre muitas dificuldades ao adversário e dava-nos muito gozo a forma como jogávamos, éramos muito ofensivos e criávamos muitas dificuldades. Nesse jogo particularmente, em Alvalade, e por ser a jogar contra uma equipa grande, fizemos um jogo muito interessante», avalia, feliz.

Vinte anos depois, Rui Borges encontra-se um Estrela muito semelhante ao que viveu em 2005. «Do ponto de vista racional, olhando para o que é neste momento a realidade das equipas, o Estrela está naquele percurso inicial pelo qual eu passei no Estrela, ou seja, está a tentar consolidar-se na Liga e, portanto, isso não é fácil», considera o agora dirigente.

O antigo jogador, agora com 51 anos, constata as diferenças entre os dois conjuntos que, tal como há duas décadas, ainda hoje são vincadas. «O Estrela está numa posição mais delicada na tabela classificativa e todos os pontos são importantes. Sabemos que o Sporting, neste momento, está numa luta férrea com o Benfica para ser campeão e, ainda por cima, estão a regressar alguns jogadores importantes outra vez», compara.

«No futebol sabemos que tudo é possível. Com um misto de estratégia e qualidade, a enervar um bocadinho a equipa do Sporting, não sofrendo golos nos primeiros 25, 30 minutos, tentando levar o jogo para o intervalo em 0-0, é possível. O público também começa a assobiar e, no fim, tudo é possível. Digo isto, porque no meu tempo era assim que fazíamos. Conseguimos ter resultados positivos com um misto de estratégia um bocadinho mais defensiva ao início, enervando-os. Estou aqui a dar a receita para o Estrela ganhar», gracejou.

Depois do Estrela, Rui Borges rumou ao Trofense. Foto: A BOLA

Venceu uma Liga 2 na Trofa com... Rui Borges:
«Não se põe em bicos de pés»

Quis o destino que, depois de deixar a Reboleira, Rui Borges ainda conquistasse uma Liga 2 ao serviço do Trofense, onde coincidiu com… Rui Borges, o atual treinador do Sporting, de quem apenas guarda as melhores recordações.

«O Rui é aquilo que se vê quando ele se apresenta, é um rapaz muito genuíno, terra-a-terra, que não esconde as suas origens. Um bom colega, naquela altura por vezes mais reservado, mais observador, mas sempre com um discurso e um pensamento crítico muito assertivos.Já na altura se denotava uma vontade muito grande de compreender o jogo e já tinha alguma ideia também no que queria seguir no final de carreira: queria seguir carreira de treinador», recorda.

Rui Borges elogia a transição perfeita do amigo e antigo companheiro do papel de jogador para o de treinador de alto nível. «O percurso como treinador muitas vezes não tem a ver com o que é o nosso percurso enquanto jogador. O Rui teve um percurso mais modesto enquanto jogador mas aproveitou-o muito bem, bebeu muito bem de todas as experiências com quem treinou. E ele é um rapaz muito observador, que ouve muito, faz perguntas e gosta muito de aprender», vinca.

«De forma natural, também fui acompanhando o percurso dele, muito sustentado, diga-se, e muito ponderado também. Sempre com muito cuidado na forma como se apresenta perante a Comunicação Social, não se põe em bicos de pés. Estou muito contente de o ver nessa perspetiva e espero que ele tenha muito sucesso. É o que desejo, porque é uma boa pessoa, mais até do que treinador ou mais um ex-futebolista profissional ele é uma boa pessoa e, portanto, merece o que lhe está a acontecer», reconhece.