Reforços, mas pouco: Benfica com uma dúvida de €69 milhões
Trubin, Jurásek, Bernat, Kokçu, Di María, Guedes e Arthur Cabral são os reforços de luxo para esta época mas os resultados estão longe das expetativas criadas nos benfiquistas
Depois da conquista do Campeonato na época passada e da entusiasmante campanha na Champions, que terminou nos quartos de final da competição, o reforço do plantel de Roger Schmidt com nomes sonantes e caros fazia acreditar num salto qualitativo.
Mas a equipa, afinal, está numa má fase, a perder pontos na Liga e com qualificação na Liga dos Campeões seriamente comprometida (depois de 3 derrotas nas 3 jornadas disputadas na fase de grupos).
As explicações podem ser várias. Porém, é pertinente olhar para o que mostraram os jogadores que o Benfica contratou na última janela de mercado, que finalizou em agosto, e verificar que a relação entre o custo e expetativa de potencialidade e o rendimento é ainda muito insuficiente.
Partindo para uma análise mais cuidada, teremos, necessariamente, de fazer três ressalvas.
A primeira é Ángel Di María.
O extremo argentino, foi a grande figura dos encarnados no arranque da época e é ainda o melhor marcador da equipa, com 6 golos em todas as provas (uma assistência), em 10 jogos. Di María assinou até final desta época, livre, depois de terminar contrato com a Juventus. Estará a receber na Luz um ordenado a rondar os €5 milhões, mas tem mostrado em campo que é mesmo reforço e que ainda tem muito para dar, apesar de ter 35 anos.
Os outros dois pontos de diferença vão para o atacante Gonçalo Guedes e para o lateral-esquerdo Bernat. Os dois estão também nas águias por empréstimos, o primeiro pelo Wolverhampton e o segundo cedido pelo PSG.
Guedes voltou agora depois de lesão e recuperação longa, e merece ter tempo e crédito para se mostrar (até ao momento tem somente 3 jogos, mas já com uma assistência), num negócio que para os encarnados significará encargo líquido a rondar os €2 milhões.
Bernat custará acima disso em ordenados às águias e o espanhol, com 30 anos e uma carreira importante, seria expectável que estivesse em melhor momento para ajudar a equipa. Bernat tem 5 jogos (234 minutos), mas tem-se exibido a um nível muito sofrível.
Entramos, agora, nas contratações efetivas do Benfica, apostas fortes para o imediato, mas também para o médio prazo. Os sinais são bons, ficarão poucas dúvidas de que são bons jogadores, mas, por enquanto, quando estão disputados 14 jogos, não convencem no rendimento.
Orkun Kokçu (ex-Feyenoord) - €25 milhões
Kokçu, médio centro internacional turco de 22 anos, foi contratado ao Feyenoord por €25 milhões, mais €5 milhões possíveis em bónus. É a contratação mais cara de sempre de um clube português. O médio, agora lesionado e com paragem de três semanas, tem merecido a confiança de Schmidt. Fez 12 jogos, marcou um golo (grande golo, aliás, ao V. Guimarães) e fez 2 assistências. Continua a adaptar-se, mostra trabalho, mas ainda não corresponde ao 10 que usa na camisola, não tem sido um jogador diferenciado no meio-campo encarnado.
David Jurásek (ex-Slavia) - €14 milhões
Segue-se Jurásek. Pelo lateral-esquerdo checo, o Benfica pagou ao Slavia de Praga €14 milhões, ficando o Slavia ainda com direito a 10% do valor de mais-valias numa futura transferência do jogador. Jurásek, 23 anos, é o lateral mais caro da história do clube; joga com esse peso e com outro ainda maior, que é o de ter de substituir Grimaldo (um dos jogadores mais importantes mas terminou contrato e mudou-se para o Leverkusen), mas o defesa tem desiludido e os adeptos assobiam-no com frequência – tem 9 jogos, 400 minutos.
Anatoliy Trubin (ex-Shakhtar) - €10 milhões
Na baliza, Trubin, jovem guarda-redes ucraniano de 22 anos, foi contratado ao Shakhtar por €10 milhões, mais €1 milhão em bónus. Vem de um contexto competitivo menos exigente e também tem a herança de preencher o lugar deixado por Vlachodimos, que saiu para o Nottingham Forest. Até ao momento, com 8 jogos e claramente o dono da baliza, Trubin tem sido bipolar – tanto defende penáltis, como sofre golos comprometedores.
Arthur Cabral (ex-Fiorentina) - €20 milhões
No ataque, o responsável por uma das mais duras tarefas, a de fazer esquecer Gonçalo Ramos. O Benfica pagou à Fiorentina €20 milhões, mais €5 milhões possíveis por objetivos, por Arthur Cabral. Porém, o ponta de lança brasileiro, de 25 anos, tem sido uma desilusão, não há outra forma de o dizer. Tem um golo (marcado ao Lusitânia dos Açores, na Taça de Portugal) em 10 jogos e em campo mostra-se desconexo com as dinâmicas das equipa.
Ou seja: bónus contratualizados à parte, Kokçu, Jurásek, Trubin e Arthur Cabral representam um investimento direto das águias de quase €69 milhões para uma temporada ainda melhor do que a anterior. O que por enquanto não se verifica.