Presidente da Liga e da European Leagues fala em vitória com condicionantes na distribuição de verbas pelos clubes que não jogam as provas europeias
Pedro Proença, presidente da European Leagues e da Liga Portugal, já reagiu à aprovação pelo Comité Executivo da UEFA da nova forma de distribuição das verbas de solidariedade para clubes que não participam nas fases de liga das competições europeias, e que pode deixar os clubes da Liga 2 sem esses fundos – as regras aprovadas esta terça-feira em Praga tornam necessário que os emblemas do primeiro escalão aprovem se os do segundo recebem ou não.
Ainda assim, Proença regozijou-se com uma proposta de «defesa das médias e pequenas ligas», ao impor um teto de dez milhões de euros para os campeonatos de Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e França – é provável que Portugal receba anualmente mais que isso, cerca de 13 milhões de euros.
«Foi uma reunião muito importante e decisiva. Quero enaltecer o papel da European Leagues nas decisões finais no que diz respeito à redistribuição das verbas de solidariedade para quem não participa nas competições europeias. Foi a posição da European Leagues, na defesa das médias e pequenas ligas, que imperou. Houve uma proposta que contemplava apenas um pequeno nicho e foi possível, dentro de determinadas condicionantes, manter o espírito de solidariedade daqueles que participam nas competições internacionais», destacou Proença, em declarações ao site da Liga Portugal.
Nova fórmula estabelece teto de €10 M para as cinco principais federações (Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e França) e impõe aprovação dos clubes dos primeiros escalões para que emblemas das divisões secundárias possam beneficiar dessa redistribuição.
«No que diz respeito às ligas médias e pequenas isto é absolutamente fundamental para manter o competitive balance e não haver grandes disparidades entre aqueles que mais ganham e os que menos ganham», assinalou ainda.
As condicionantes a que se refere Pedro Proença são a obrigação dos clubes do primeiro escalão terem de aprovar que os do segundo também recebam – e com três quartos dos votos a favor. A Direção da Liga já manifestou, no final da semana passada, a vontade de que os clubes da Liga 2 não sejam prejudicados. «Sobre a Liga portuguesa, o espírito de solidariedade existe desde a época 1999-2000 e, em sede de reunião da Direção, os Clubes acordaram que este espírito de solidariedade deveria manter-se, por isso esta reunião veio manter esse espírito, que é fundamental para que não seja aumentado o fosso de receitas entre os clubes que mais ganham e aqueles que menos ganham, absolutamente fundamental para o desenvolvimento e o espírito competitivo das ligas profissionais», assinalou Pedro Proença.
Com a nova distribuição decidida pela UEFA, 70 por cento dos 308 milhões de euros que ficam reservados para os clubes que não estiverem nas fases de liga serão alocados em função do ranking da UEFA e 30 por cento de forma «proporcional aos valores recebidos pelo clube que mais encaixar [nas provas europeias desse ano] em cada federação, um conceito inovador dirigido ao equilíbrio competitivo nas ligas nacionais», explicou o Comité Executivo após a reunião de ontem em Praga.
Portugal pode esperar encaixar cerca de 6,5 milhões de euros em cada uma dessas parcelas. Os 30 por cento proporcionais ao rendimento do melhor clube português nas competições europeias dessa época terão obrigatoriamente de ir, apenas, para clubes do primeiro escalão – 13, em 2024/2025, porque Sporting, Benfica, FC Porto, SC Braga e V. Guimarães entraram nas fases de liga das provas da UEFA. Com isso, cada clube da Liga Portugal Betclic encaixará cerca de 500 mil euros – em 2022/2023, última época para a qual há registos dos valores recebidos pelos clubes portugueses, cada clube da Liga e da Liga 2 recebeu 218 mil euros.
Os 70 por cento relativos ao ranking, esses sim, poderão contemplar também clubes da Liga 2 e podem ser distribuídos de várias formas — desde irem os 6,5 milhões de euros só para os clubes do primeiro escalão, o que daria de novo 500 mil euros por emblema, perfazendo um milhão total para cada; a irem todos para os 16 clubes da Liga 2 (excluindo equipas B), o que daria 406 mil euros a cada. Ou por exemplo um compromisso intermédio, a distribuição desses 6,5 milhões em fatias iguais pelos 29 clubes da Liga, o que corresponderia a 225 mil euros para cada — os da Liga 2 receberiam mais 6 mil euros que em 2022/2023 e as verbas adicionais iriam quase todas para os 13 clubes do primeiro escalão, que encaixariam assim 725 mil euros cada de verbas da UEFA. Esta redistribuição terá então de ser votada em sede da Liga pelos clubes do primeiro escalão.