Presidente do Cardiff pede 120 milhões pela morte de Emiliano Sala
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Presidente do Cardiff pede 120 milhões pela morte de Emiliano Sala

Mehmet Dalman afirma que os franceses do Nantes tiveram culpa pela forma como a viagem para o País de Gales foi organizada

Emiliano Sala morreu há mais de seis anos num desastre aéreo quando se preparava para trocar o Nantes, da Ligue 1 , pelo Cardiff, da Premier League. Em abril, representantes de ambos os clubes encontram-se em tribunal para uma disputa que dura desde então. O emblema galês reclama de prejuízos na ordem dos 120 milhões de euros por não ter recebido o «segundo melhor avançado da liga francesa», como explica Mehmet Dalman, presidente do Cardiff, que culpa o clube francês pela viagem em más condições, aos franceses da RMC.

«Este evento trágico deu-se há mais de meia década e há lições a tirar. Se o futebol está a crescer, é preciso regulação. Se isto fosse feito corretamente, não tinha ocorrido esta tragédia que tirou duas vidas. Porque usámos agentes proibidos, voos privados não autorizados? Onde está a proteção ao jogador que ficou à mercê do intermediário? Penso que é uma oortunidade perdida. É por isso que insisto de forma tão veemente neste caso», começou por dizer Dalman, que, explica o que procura do Nantes: «Penso que o total de custos vai aos 120 milhões de euros, então é isso que estamos a pedir de compensação.»

Deste valor, 53 milhões de euros relacionam-se com a descida de divisão do Cardiff, que foi despromovido da Premier League por dois pontos. «Não é um valor que se atire assim ao ar. Foi calculado», prossegue o presidente dos galeses. «Se não tivéssemos sido despromovidos, não tínhamos enfrentado os problemas financeiros que tivemos. Foi um cálculo interno feito pelo diretor financeiro do Cardiff. Todos os anos, a permanência na Premier League vale cerca de 110 a 120 milhões de euros. Este valor deixou de existir quando descemos por dois pontos. Fomos buscar um avançado que era o segundo melhor em França [levava 12 golos em 19 jogos na Ligue 1], portanto estávamos a um pequeno esforço de garantir a permanência. Pedimos a uma empresa independente para analisar as probabilidades de descida com e sem Emiliano Sala, então é um valor realista», explicou.

Apesar de «não ter qualquer relação com a família», Mehmet Dalman garante que se dá bem com a equipa legal, mas deixa críticas aos restantes atores do mundo do futebol. «Criámos um fundo em nome de Sala a pedido da família. Pedimos a todos para contribuírem, mas, até agora, ninguém o fez, tirando nós, que demos aquilo que acredito ser uma quantia significativa. Deixa-me desiludido e chateado, para ser sincero», explica o dirigente, que ainda afirma que nunca teve qualquer contacto com Waldemar Kita, presidente do Nantes. Questionado sobre aquilo que espera obter, Dalman concluiu: «120 milhões... mas se me perguntar o que quero mesmo, é justiça. Esqueçamos os números por um segundo, olhemos para o que aconteceu e para como aconteceu. Foi uma morte desnecessária, evitável. Não queremos que isto se repita.»

Emiliano Sala morreu a 21 de janeiro de 2019, num desastre aéreo, enquanto sobrevoava o Canal da Mancha. O corpo só foi encontrado duas semanas após o início das buscas.