Peseiro: «Somos candidatos, não somos favoritos»
Em entrevista a A BOLA, selecionador da Nigéria projeta o CAN-2023
José Peseiro é selecionador da Nigéria desde maio de 2022 e começa domingo, frente à Guiné Equatorial, o seu maior desafio enquanto selecionador nacional, depois de ter representado a Arábia Saudita (2009 a 2011) e a Venezuela (2020 e 2021). Em declarações a A BOLA, o treinador português explica qual o projeto para a Seleção da Nigéria: «Quando assinei contrato, o primeiro objetivo era assegurar a qualificação para o Campeonato Africano das Nações. Conseguimos, sendo a Seleção com mais golos marcados em todos os grupos [22, com o Mali a ser segundo com 15], o melhor marcador da fase de grupos [Osimhen com 10 golos] e a segunda Seleção com mais pontos somados [Nigéria 15; Argélia, 16].»
A seguir, depois de garantir a qualificação para o CAN-2023, o objetivo tornou-se maior, segundo José Peseiro: «Agora, queremos ganhar o torneio. É essa a nossa ambição, reconhecendo, porém, que não será uma competição fácil. Queremos lutar pela vitória, é isso que temos na cabeça. Quem não tem desejos e objetivos, acaba por perder-se. E nós temos».
Realça, porém, que há favoritos e candidatos: Costa do Marfim, Marrocos e Senegal, por exemplo, estão entre os favoritos. A Costa do Marfim, por jogar em casa, tem logo alguma vantagem. Marrocos fez um grande Mundial-2022, ganhando um grupo onde estavam, por exemplo, Croácia e Bélgica, eliminando depois Espanha e Portugal. O Senegal deverá ter a melhor equipa do torneio, ganhou a Chan-2022 [para jogadores que jogam em África], os sub-20 africanos e os sub-16 africanos. Tem vencido tudo.» Relativamente aos candidatos, não propriamente favoritos, José Peseiro aponta sete nomes: Nigéria, Egipto, Camarões, Argélia, Tunísia e Gana. Depois, como outsiders, aparecerão Mali, Guiné Equatorial e outros. É um torneio de regularidade e de consistência, embora a Argentina tenha sido campeã mundial depois de ter perdido o primeiro jogo no Catar [1-2 com a Arábia Saudita].»
A Nigéria vai defrontar, na fase de grupos, Costa do Marfim, Guiné Equatorial e Guiné Bissau. «Não é um grupo fácil», diz José Peseiro. «A Costa do Marfim tem uma grande Seleção, joga em casa e preparou-se muito bem para o torneio. Tem é de saber gerir bem o stress da competição. A Guiné Equatorial passou a fase de grupos no CAN-2021, ultrapassando o Mali nos oitavos de final, perdendo apenas nos quartos com o Senegal, que venceu o torneio. A Nigéria, em 2021, não passou dos oitavos de final. Guiné Bissau, sim, talvez seja a menos forte Seleção do nosso grupo. Porém, ganhou-nos em nossa casa nas eliminatórias [1-0 em março de 2023].» Fernando Santos, durante o Euro-2016, disse que quando regressasse a Portugal, o faria com o país festa. «Não tenho a coragem que o Fernando teve. Ele disse-o com grande convicção e a verdade que é os portugueses, depois da fase inicial, em que Portugal empatou os três jogos, acreditaram naquelas palavras. Não tenho a coragem de o dizer publicamente, mmas é claro que quero regressar à Nigéria a 12 de fevereiro com o troféu.É um torneio curto, em que qualquer erro pode ser fatal, mas queremos ganhar, claro. Para já, é essencial vencer o primeiro jogo e ultrapassar o stress desse primeiro jogo».
José Peseiro falou ainda sobre alguns jogadores bem conhecidos do futebol português: Zaidu, Chidozie e Bruno Onyemaechi. «São jogadores muito importantes para nós, por isso estão entre os 25 convocados. Têm capacidade, bom espírito de grupo e estabeleceram relações importantes com todos, o que é sempre importante», assinalou o treinador português. Relativamente à grande estrela da Nigéria, Victor Osimhen, só elogios por parte do selecionador: «Estive com ele em Nápoles e é um miúdo afável. Levou a equipa a ganhar a Serie A da época passada, tal como fizera Maradona nos anos 80. Foi, por isso, levado aos píncaros. Tem grande impacto entre os napolitanos. Foi decisivo na nossa qualificação para o CAN e, quando ele não joga, temos mais dificuldades. Está muito bem e parece recuperado dos problemas que teve no início desta época, relativamente à renovação ou não do contrato. Teve convites de clubes poderosos de Inglaterra, Alemanha e Espanha, mas o Nápoles não aceitou a transferência».