16 outubro 2023, 22:55
«Pedro Gonçalves tem de trabalhar para Gyokeres»
Paulo Sérgio, antigo avançado do Sporting, fala sobre uma nova versão de Pote, agora mais longe do golo
Início de época menos produtivo em termos ofensivos. Mantém (enorme) influência, mas afastou protagonismo; Gyokeres pôs a equipa toda a mexer e colocou-o mais longe da baliza
Pedro Gonçalves está diferente. Com a mesma influência e preponderância nas ideias de Rúben Amorim, idêntica dinâmica e polivalência que demonstrou desde a chegada a Alvalade em 2020, mas (ainda) sem a imagem que tantas vezes foi preenchendo o espaço mediático do médio: falamos, claro está, da alegria do golo. E este ponto só acaba por ser relevante porque estamos a falar daquele que foi o criador/organizador/finalizador da equipa leonina desde que Amorim assumiu o comando dos leões.
De um ano para o outro (com ele foi logo na estreia…) de um médio promissor rapidamente se transformou num verdadeiro goleador, temível para qualquer guarda-redes adversário. E se os dois golos que o português apontou nestas primeiras oito jornadas seria, para grande parte dos jogadores da Liga, um registo positivo… quando falamos de Pedro Gonçalves a história é diferente.
Sobretudo pela fasquia que o próprio colocou desde a época de estreia. Arrebatadora. Carregando às costas a equipa leonina numa caminhada triunfal rumo ao título, que fugia há 19 anos, e coroada com a Bola de Prata no final. Com incríveis 23 golos revelando uma eficácia, até então, completamente desconhecida. Para se ter uma ideia, na passagem da 9.ª jornada, o médio – transformado em avançado - somava… 9 golos. Essa apetência ao golo nunca se perdeu e o rótulo de finalizador ficou bem vincado em Pedro Gonçalves.
Até porque nas épocas seguintes, muitas vezes pela ausência de um puro 9, o português foi sempre a maior ameaça ofensiva dos leões. Na época seguinte, em 2021/2022, terminaria com 15 golos – a única época em que não foi o máximo goleador da equipa dados os 21 golos de Sarabia – mas foi de longe aquele que mais assistiu: 11 passes decisivos para golo.
Na última temporada, muito elogiada por Amorim em termos individuais, Pedro Gonçalves alcançou a época mais equilibrada. Onde dominou em tudo: golos (20), assistências (13), minutos (4228), principal figura de uma época que ficou muito aquém em termos coletivos.
16 outubro 2023, 22:55
Paulo Sérgio, antigo avançado do Sporting, fala sobre uma nova versão de Pote, agora mais longe do golo
Chegamos a esta época e tudo mudou. Com a chegada de um jogador: Gyokeres. Um avançado que pôs toda a equipa a mexer. Nas dinâmicas e identidade. Ganhou-se uma referência que foi retirando protagonismo (e peso…) a todos os elementos da frente. Onde se inclui, claro está, Pedro Gonçalves. Que até iniciou a época como médio – até à chegada de Hjulmand – mas que agora recuperou um lugar no trio ofensivo do 3x4x3. Mas com funções um pouco diferentes.
É dos meus jogadores preferidos porque faz tudo. É goleador e tapa todos os buracos. Muitas vezes vai a lances onde só se irá desgastar, mas vai lá. Dá tudo. Não preciso de o espicaçar porque me dá tudo e tem entendimento perfeito do jogo», diz Amorim
De maior equilíbrio, menos chegada à área, é certo, mas mantendo a inteligência para aparecer nos espaços vazios, entrelinhas. No fundo, e aqui reside a maior diferença do passado recente, sem a responsabilidade de ter de ser ele a decidir. Tornando-se numa peça determinante para dar critério, inteligência tática e mobilidade a uma equipa que ganhou no sueco uma referência para a qual grande parte da equipa trabalha. Da esquerda, na procura de espaços interiores, mas muitas vezes a tentar arriscar na profundidade para arrancar cruzamentos (como de resto ficou evidente no golo de Morita, diante do Arouca, no qual foi no 1x1 antes de oferecer o golo ao japonês).
Mesmo com as novas funções, Pedro Gonçalves já soma dois golos e uma assistência. E nem esta perda de protagonismo retirou a confiança a Rúben Amorim que o continua a colocar no lote de intocáveis. E até já explicou as razões. «É um jogador que dá tudo, joga em todas as posições e muitas vezes é prejudicado por isso. É dos meus jogadores preferidos porque faz tudo. É goleador e tapa todos os buracos. Muitas vezes vai a lances onde só se irá desgastar, mas vai lá. Dá tudo. Não preciso de o espicaçar porque me dá tudo e tem entendimento perfeito do jogo. Quero que se sinta confortável e que continue por muitos anos no Sporting», disse o treinador.