Pedro Gonçalves (ainda) sem a alegria do golo
Pedro Gonçalves (IMAGO)

Pedro Gonçalves (ainda) sem a alegria do golo

NACIONAL16.10.202323:15

Início de época menos produtivo em termos ofensivos. Mantém (enorme) influência, mas afastou protagonismo; Gyokeres pôs a equipa toda a mexer e colocou-o mais longe da baliza

Pedro Gonçalves está diferente. Com a mesma influência e preponderância nas ideias de Rúben Amorim, idêntica dinâmica e polivalência que demonstrou desde a chegada a Alvalade em 2020, mas (ainda) sem a imagem que tantas vezes foi preenchendo o espaço mediático do médio: falamos, claro está, da alegria do golo. E este ponto só acaba por ser relevante porque estamos a falar daquele que foi o criador/organizador/finalizador da equipa leonina desde que Amorim assumiu o comando dos leões.

De um ano para o outro (com ele foi logo na estreia…) de um médio promissor rapidamente se transformou num verdadeiro goleador, temível para qualquer guarda-redes adversário. E se os dois golos que o português apontou nestas primeiras oito jornadas seria, para grande parte dos jogadores da Liga, um registo positivo… quando falamos de Pedro Gonçalves a história é diferente.

Sobretudo pela fasquia que o próprio colocou desde a época de estreia. Arrebatadora. Carregando às costas a equipa leonina numa caminhada triunfal rumo ao título, que fugia há 19 anos, e coroada com a Bola de Prata no final. Com incríveis 23 golos revelando uma eficácia, até então, completamente desconhecida. Para se ter uma ideia, na passagem da 9.ª jornada, o médio – transformado em avançado -  somava… 9 golos. Essa apetência ao golo nunca se perdeu e o rótulo de finalizador ficou bem vincado em Pedro Gonçalves.

Até porque nas épocas seguintes, muitas vezes pela ausência de um puro 9, o português foi sempre a maior ameaça ofensiva dos leões. Na época seguinte, em 2021/2022, terminaria com 15 golos – a única época em que não foi o máximo goleador da equipa dados os 21 golos de Sarabia – mas foi de longe aquele que mais assistiu: 11 passes decisivos para golo. 

Na última temporada, muito elogiada por Amorim em termos individuais, Pedro Gonçalves alcançou a época mais equilibrada. Onde dominou em tudo: golos (20), assistências (13), minutos (4228), principal figura de uma época que ficou muito aquém em termos coletivos.

Gyokeres mudou identidade

Chegamos a esta época e tudo mudou. Com a chegada de um jogador: Gyokeres. Um avançado que pôs toda a equipa a mexer. Nas dinâmicas e identidade. Ganhou-se uma referência que foi retirando protagonismo (e peso…) a todos os elementos da frente. Onde se inclui, claro está, Pedro Gonçalves. Que até iniciou a época como médio – até à chegada de Hjulmand – mas que agora recuperou um lugar no trio ofensivo do 3x4x3. Mas com funções um pouco diferentes.

É dos meus jogadores preferidos porque faz tudo. É goleador e tapa todos os buracos. Muitas vezes vai a lances onde só se irá desgastar, mas vai lá. Dá tudo. Não preciso de o espicaçar porque me dá tudo e tem entendimento perfeito do jogo», diz Amorim

De maior equilíbrio, menos chegada à área, é certo, mas mantendo a inteligência para aparecer nos espaços vazios, entrelinhas. No fundo, e aqui reside a maior diferença do passado recente, sem a responsabilidade de ter de ser ele a decidir. Tornando-se numa peça determinante para dar critério, inteligência tática e mobilidade a uma equipa que ganhou no sueco uma referência para a qual grande parte da equipa trabalha. Da esquerda, na procura de espaços interiores, mas muitas vezes a tentar arriscar na profundidade para arrancar cruzamentos (como de resto ficou evidente no golo de Morita, diante do Arouca, no qual foi no 1x1 antes de oferecer o golo ao japonês). 

Pedro Gonçalves e Gyokeres, jogadores importantes para Rúben Amorim. CARLA CARRIÇO/ASF

Mesmo com as novas funções, Pedro Gonçalves já soma dois golos e uma assistência. E nem esta perda de protagonismo retirou a confiança a Rúben Amorim que o continua a colocar no lote de intocáveis. E até já explicou as razões. «É um jogador que dá tudo, joga em todas as posições e muitas vezes é prejudicado por isso. É dos meus jogadores preferidos porque faz tudo. É goleador e tapa todos os buracos. Muitas vezes vai a lances onde só se irá desgastar, mas vai lá. Dá tudo. Não preciso de o espicaçar porque me dá tudo e tem entendimento perfeito do jogo. Quero que se sinta confortável e que continue por muitos anos no Sporting», disse o treinador.