CRÓNICAS DE UM MUNDO NOVO Para quando o acesso fácil às máscaras? (artigo de José Manuel Delgado)
O uso generalizado de máscaras tem sido motivo de opiniões desencontradas e abordagens diversas, pelo mundo fora.
Primeiro, só a Oriente era prática corrente o uso dessa proteção facial, desaconselhada pela Organização Mundial de Saúde (para além do uso por dos profissionais de saúde e das pessoas infetadas), cuja orientação foi seguida pela Direção Geral de Saúde portuguesa. Porém, a pouco e pouco, vários países começaram a tornar o seu uso obrigatório no espaço público e hoje em dia parece consensual a utilidade da sua utilização, como forma de limitar o contágio.
Usar máscara não deve ser uma questão de Fé ou de moda, deve, antes, obedecer a critérios estritamente médicos que, pelo que está à vista, têm sofrido bastantes flutuações ao longo da pandemia.
A propósito de medicina, o dr. Eduardo Barroso conta uma história deliciosa, passada com ele, que atesta bem o que muitas vezes pensamos saber quando, afinal de contas, não passamos de meros leigos. Numa sessão de julgamento, onde estava como testemunha, a páginas tantas a juiz disse algo como «de medicina sabemos todos um bocadinho», ao que o dr. Eduardo Barroso retorquiu: «meritíssima juíza, peço desculpa e com o devido respeito, um bocadinho de medicina sei eu, a senhora não percebe nada!»
Foi nessa circunstância de perplexidade perante a mudança de opinião das autoridades sanitárias sobre o uso das máscaras que fomos colocados, tomando por boa, porém, a tendência atual que aponta para o uso generalizado, no exterior.
Mas para usar máscara, é preciso tê-la.
E, em Portugal, onde pára esse apetrecho que devia estar disponível a preços acessíveis, e em quantidades que permitam uma utilização segura? Nas farmácias não há, e o que se vai ouvindo é que o que chega só dá para municiar os profissionais de saúde que estão na primeira linha de combate ao Covid-19
A Áustria está a preparar, para a próxima semana, um regresso faseado à normalidade, e um dos pontos obrigatórios é o uso de máscaras. A pergunta que deixo é simples: Quando acabarmos de conquistar, em Abril, a liberdade de Maio, haverá máscaras disponíveis para todos os portugueses que tenham condições para mergulhar na nova normalidade?
O que está a ser feito (para não encher os bolsos a especuladores e candongueiros) e como está Portugal a mexer-se na batalha invisível que está a ser travada entre os países por material sanitário?