Otávio: «O Pepe foi um pai para mim quando cheguei ao FC Porto. É um ídolo!»
Defesa-central brasileiro abordou vários momentos da carreira em entrevista à ESPN. (Foto: IMAGO / Sports Press Photo)

Otávio: «O Pepe foi um pai para mim quando cheguei ao FC Porto. É um ídolo!»

NACIONAL28.06.202412:31

Defesa-central brasileiro não esconde admiração pelo internacional português; capitão portista é um exemplo de longevidade porque «trabalha para caramba e cuida-se muito»; as memórias da difícil chegada ao Famalicão devido aos... «testes físicos»

Otávio, defesa-central do FC Porto, foi um dos convidados recentes da rubrica Resenha, emitida pela ESPN Brasil, e onde esteve na companhia de outro jogador que passou na última temporada também esteve no futebol português, no caso, o guarda-redes Hugo Souza, que representou o Chaves.

Durante a conversa mantida em estúdio com todos os intervenientes, e que em diversos momentos provocou fortes gargalhadas na sequência das mais variadas temáticas abordadas, houve uma ocasião em que Otávio esteve mais sério: quando a pergunta foi sobre Pepe.

Nessa altura, o jovem defesa-central brasileiro do FC Porto não se coibiu de elevar o capitão azul e branco ao mais alto patamar do profissionalismo e... da amizade. «Quando eu cheguei ao FC Porto, o Pepe abraçou-me muito e ajudou-me bastante. Foi como um pai para mim. Mostrou-me que era totalmente diferente e disse-me o que eu precisava de fazer. Todos os dias me dava confiança nos treinos. O Pepe é um ídolo para mim», confessou o esquerdino, que na época que agora finda fez várias vezes dupla com o número 3 no eixo da retaguarda dos azuis e brancos.

Recorde-se que no passado dia 15, em entrevista exclusiva a A BOLA, Otávio já tinha tecido rasgados elogios a Pepe, bem como, de resto, a Fábio Cardoso, Iván Marcano e Zé Pedro, os outros companheiros de setor na formação portista.

Já quando questionado sobre a longevidade da carreira do internacional português e até quando a mesma vai durar, Otávio começou por brincar, mas depois deu a sua visão séria sobre o assunto: «Também não sei… [risos]. Mas ele cuida-se muito e trabalha para caramba. É um dos que mais trabalha lá [no FC Porto]. Com 41 anos, correndo como corre… »

Chegada a Famalicão não correu da melhor forma...

A porta de entrada do futebol português abriu-se para Otávio no Minho. A meio da época 2022/2023, o defesa-central rumava ao Famalicão para abraçar a sua primeira experiência no futebol europeu, isto depois de ter realizado quase toda a formação no Flamengo - com uma breve passagem, logo no início do percurso, pelo Internacional.

Mas a chegada a Vila Nova não foi a mais agradável. Quem o confidenciou foi um amigo chegado do esquerdino, também presente no mesmo programa. Os exames médicos estavam todos bem, já os testes físicos nem por isso...

Brasileiro destacou-se no Famalicão e depois deu o salto para o FC Porto. (Foto: IMAGO)

«Assim que chegámos ao Famalicão, o Otávio fez os exames médicos e foi aprovado. Depois foi fazer exames físicos e o Otávio foi um fiasco nesses testes físicos. Ninguém me contou, eu vi [risos]. Depois fomos para o hotel, conversámos e ele disse que tinha sido difícil, que nunca tinha feito aquilo. A seguir, já eu estava no meu quarto, tocou-me o telefone. Era um diretor do clube a dizer que, infelizmente, o Otávio não tinha estado bem nos testes físicos e que iria haver uma reunião entre a Direção, o preparador físico e o treinador para definir a situação do Otávio. Nesse momento, veio-me à cabeça que o Otávio não iria assinar contrato. Eu não comuniquei nada ao Otávio e no outro dia fui às instalações do clube. Conversei com o André [diretor do Famalicão] e disse-lhe que eles tinham de colocar o Otávio dentro do campo para verem que o Otávio era um jogador diferente. Isso aconteceu, ele foi para o relvado com o treinador e eu fiquei na bancada a ver o treino. Nessa altura, o André, que estava no campo, olhou para mim e acenou positivamente com a cabeça. Eu disse-lhe que ele tinha tomado a decisão certa», contou Thiago Muniz, numa história contada através de videochamada, em direto na Resenha.

Depois disso, e quando instado a pronunciar-se sobre este momento, Otávio sorriu. E deu a justificação para o sucedido. «[risos] Estava de férias há dois meses e não estava a aguentar os testes físicos. Além de que era tudo diferente do que fazíamos aqui [no Brasil]. A pré-temporada é totalmente diferente, os portugueses metem saltos e corrida durante o tempo todo [risos]. Bola? Nem vê-la! Mas eu precisava de demonstrar que tinha chegado para jogar», comentou.

E a verdade é que o jovem canarinho rapidamente apanhou o comboio e depois de um início nos sub-23 do Famalicão acabou por agarrar em definitivo um lugar no onze da equipa principal. Onde se destacou na segunda metade da época 2022/2023 e nos primeiros meses da temporada seguinte (contabilizou, nesses dois períodos, 30 jogos e dois golos), dando, então, o salto para o FC Porto, numa transferência que custou aos cofres da SAD azul e branca uma verba a rondar os 12 milhões de euros por 80 por cento do passe.

A breve passagem pelo Sampaio Corrêa e o regresso ao Flamengo

Corria o ano de 2022 quando Otávio teve a oportunidade de sair do Flamengo para tentar jogar com maior regularidade. O destino foi o Sampaio Corrêa, a título de empréstimo do Mengão. Mas a realidade que o defesa-central encontrou não foi ao encontro das suas expectativas e, apenas um jogo depois, deu-se o regresso à casa-mãe.

«Quando cheguei ao Sampaio Corrêa e vi aquela estrutura pensei: o que é que eu estou aqui a fazer? Estava lá o Batista, que tinha jogado comigo no Flamengo, e antes de eu ir para lá perguntei-lhe como é que era. Ele disse-me logo que era bastante complicado. Quando cheguei, ainda não estava preparado para jogar, mas como tinha vindo do Flamengo eles queriam que eu jogasse logo. Então, nesse jogo não estive bem, depois houve mudança de treinador, sendo que, quando chegou, até me disse que contava muito comigo. Mas depois fiquei sem jogar e pensei que o melhor era ir embora. Liguei para o meu empresário e ele disse que havia a hipótese de voltar para os sub-20 do Flamengo. Liguei para o Mário Jorge, que já tinha sido meu treinador nas camadas jovens do Flamengo, era como que um pai para mim ali dentro, e disse-lhe que estava sem jogar no Sampaio Corrêa e perguntei-lhe se jogaria caso regressasse. Ele respondeu que só depois de eu voltar é que saberia, uma vez que havia outros jogadores que estavam bem e que não podia prometer nada. Mas disse-me para eu voltar e que, quando fosse a altura certa, teria a minha oportunidade. Acabei por ficar dois meses de férias até ir para o Famalicão», explicou o agora jogador do FC Porto.