Nápoles «Osimhen? Kvaratshkhelia? Lozano? Esqueçam: sou muito bom a fazer contratos…»
A espetacular temporada do Nápoles, líder destacado da classificação da Serie A e bem lançado para chegar aos quartos de final da Champions após a vitória em Frankfurt, diante do Eintracht, na terça-feira, na primeira mão dos oitavos de final da prova (2-0) levou o presidente do clube, o icónico realizador cinematográfico Aurelio De Laurentiis, a reconhecer que a cobiça pelas principais pérolas do plantel às ordens de Luciano Spalletti, onde conta com Mário Rui mas toda a Europa se rende ao talento do georgiano Kvicha Kvaratshkhelia e à codígia do goleador nigeriano Victor Osimhem, levou o dirigente, esta quarta-feira, a avisar eventuais pretendentes para ‘tirarem o cavalo da chuva’ ou abrirem os cordões à bolsa se pensam contratá-los.
«Sempre previ que faríamos uma grande temporada. Quando tens os mesmos jogadores à disposição por um longo tempo, estes tendem a perder a motivação. Estes novos jogadores provaram ser confiáveis. Mas o que gosto verdadeiramente nesta equipa é que vai muito para além dos valores individuais, de cada um dos jogadores. Há 14 anos que disputamos consecutivamente as provas da UEFA: acho que somos, mesmo, caso único em Itália nesse capítulo», disse o presidente do Nápoles, numa extensa entrevista neste dia à TNT Sports México.
«Somos um bom clube a ‘encontrar’ jogadores como Edinson Cavani, Ezequiel Lavezzi ou Gonzalo Higuaín. O facto é que agora temos Osimhen, Kvaratskhelia, Kim [Min-Jae, defesa-central sul-coreano] e outros jogadores bons no meio-campo, o que é sinal que esta equipa irá durar muito tempo. Confirmo que Osimhen e Kvaratskhelia têm atraído muito interesse de outros clubes, pelo excelente desempenho», admitiu De Laurentiis, sublinhando, todavia, o quão difícil será resgatá-los aos ‘partenopei’, com o presidente a não se livrar e até gostar da fama de duro negociador, como quando conseguiu os €90 M que sempre pediu para libertar o avançado internacional argentino Gonzalo Higuain em 2016, para a Juventus.
«Sou muito bom a fazer contratos. Então, quando os interessados me abordam, são bloqueados pelas cláusulas. Por isso, aviso todos, não será difícil mantermos as estrelas aqui. Mas nunca digas nunca! Às vezes, surgem propostas que não podes recusar. Por isso, nunca sabes. Acredito que o Nápoles vai brilhar e ter êxitos por um longo tempo», foi a confiança de um presidente radiante com a equipa.
O extremo-direito e internacional mexicano Hirving Lozano, de 27 anos, é já, também, uma das figuras da equipa de Itália, e, no país natal do jogador, Aurelio De Laurentiis sublinhou a felicidade por estar a retribuir, em campo, a confiança que o clube demonstrou em resgatá-lo há quatro anos (2019) ao PSV Eindhoven, dos Países Baixos, então por €45 M.
«Gosto de Lozano: joga regularmente e é um excelente jogador! Mudou de empresário há pouco tempo, vou ter de me encontrar com ele e o novo representante para discutirmos o futuro. Espero que fique connosco por muito tempo. É um jogador extraordinário, que se revela muito útil para os finalizadores, a assistir os goleadores… quando não é ele próprio a marcar», foi o elogio do ‘patrão’ De Laurentiis ao mexicano, que ainda na terça-feira assistiu Osimhen para o primeiro dos dois golos da vitória em Frankfurt, diante do Eintracht.
E 33 anos após o último ‘scudetto’ (título de campeão italiano, vencer a Serie A) conquistado pelo clube do sul de Itália – então, ainda com o saudoso Diego Armando Maradona a jogar, ele que agora dá o nome ao estádio do clube -, a expetativa e ansiedade que se vivem por estes dias nos ‘tiffosi’ do emblema está, admitiu De Laurentiis, ao rubro.
«[Nápoles voltar a ser campeão] é muito importante para os napolitanos. Infelizmente, Diego Maradona morreu, mas deixou-nos um legado para esta equipa, que muito bem o tem seguido. É muito bom estarmos, felizmente, em condições de poder dar aos napolitanos o que eles esperam há muitos anos», foi a esperança reiterada por De Laurentiis, quando o Nápoles, a 15 jornadas do final do campeonato, tem 15 pontos de vantagem sobre o segundo classificado, o Inter de Milão, única equipa a derrotá-los na prova (0-1, em San Siro).
Críticas de Aurelio De Laurentiis, só para o renovado projeto da Superliga, alargado agora a muito mais clubes do que 12 inicialmente anunciados em 2021, e onde não constava o Nápoles.
«É uma tontaria! Não podem pensar numa competição apenas para alguns clubes. A fórmula [do modelo de competições] da UEFA está desatualizada, sim, e deve ser mudada. Mas para isso, devemos reunir-nos com a UEFA para procurar caminhos para levarmos para cima da mesa um valor de 10 mil milhões de euros», apontou o presidente do clube de Nápoles.
«O problema, neste caso, é que… não há dinheiro suficiente! Andamos a fazer jogos demais! Os jogadores pertencem aos clubes, e há o aumento do risco de lesões, pelo qual ninguém se responsabiliza. E, em minha opinião, os adeptos também deviam ser auscultados, o que não aconteceu. Gostava de alertar o presidente [Aleksander] Ceferin [da UEFA] que sem adeptos… o futebol morre», avisou o dirigente.
«Os fãs acompanham as Ligas nacionais. Depois, há ainda a provas europeias. Façamos, antes, um calendário internacional único, que possa trazer 10 mil milhões de euros para a mesa da discussão! Talvez a UEFA deva deixar as ligas nacionais fazerem o seu trabalho… e ficar no seu lugar, apenas para fazer o trabalho ‘de secretaria’», foi o conselho a Ceferin e seus pares da UEFA de De Laurentiis, quer também está a favor do incremento de verbas e aponta caminhos alternativos a UEFA e Superliga.