«Não voltaremos a cair no mesmo erro»

Belenenses «Não voltaremos a cair no mesmo erro»

NACIONAL17.06.202318:53

O presidente do Belenenses, Patrick Morais de Carvalho, descansa os sócios e adeptos dos azuis do Restelo que, na sequência da criação da SDUQ na passada sexta-feira, possam recear uma repetição da história vivida em 2012, quando a maioria da SAD (51%) foi vendida à Codecity, seguindo-se um ‘divórcio’ entre clube e empresa em 2018 e o subsequente caminho das pedras do emblema da Cruz de Cristo do reinício no terceiro escalão distrital de Lisboa até à chegada à profissional Liga 2 conseguida este ano.

«O Belenenses não voltará a cair no mesmo erro. Não acredito nisso», disse, em entrevista a A BOLA, concretizando logo de seguida a ideia: «Enquanto estiver à frente deste clube, ou, depois, com uma bandeira na bancada ou sentado numa cadeira numa Assembleia Geral, estarei sempre contra a venda da maioria do capital, seja duma SDUQ, seja duma SAD, a um investidor.»

Sublinhando que a criação de uma Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas (SDUQ), detida a 100 por cento pelo Belenenses, «só aconteceu por se tratar de uma imposição legal», Patrick Morais de Carvalho garante que continuará a defender que «os grandes clubes, com grandes massas associativas, como Belenenses, Sporting, Benfica, FC Porto, SC Braga, Vitória ou Marítimo, devem manter a maioria do capital» das suas sociedades.

«Se não o fizerem, a coisa vai correr muito mal. Nada tenho contra a necessidade de recorrer a investidores, até porque hoje o escrutínio é muito maior. Mas quero um Belenenses capaz de sobreviver por si, um Belenenses que não precise de ninguém», continuou o líder dos azuis do Restelo, explicando o que pretende para que tal cenário seja uma realidade.

«Temos de jogar com as regras que existem. O Belenenses fez esta travessia do deserto e é por imposição legal que há necessidade de segregar a atividade do futebol sénior e constituir uma SAD ou uma SDUQ para poder competir nas provas profissionais. Apesar de continuarmos a não vislumbrar razões para que os clubes tenham de competir como SAD ou SDUQ, até porque hoje os clubes têm, até, modelos de transparência e rigor superiores aos das SAD, temos de ir a jogo como uma das duas ou três SDUQ que restam. Somos os últimos dos moicanos a resistir ao capital de investidores. E, enquanto tal for possível, gostaríamos de competir com recursos próprios, mesmo sabendo que é uma luta desleal e desproporcional. Mas é a escolha dos sócios do Belenenses. Se queremos chegar à Liga principal assim, então teremos de ter paciência e noção das expectativas. Queremos chegar vivos à centralização dos direitos audiovisuais, que será em 2026. Se chegarmos lá por nós, não precisaremos de ninguém. Que tenhamos capacidade de resistir e poder fazer a dura travessia dos próximos três anos, porque, se chegar à centralização sem precisar de ninguém, o Belenenses poderá fazer a sua vida de forma independente e com os seus meios», considera o presidente do clube.