Espanha Ministras arrasam Rubiales: «Beijo não consentido é violência sexual»
A Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) convocou para esta segunda-feira uma reunião «extraordinária e urgente» da Comissão de Presidentes de Federações de Âmbito Autonómico e Territoriais, o que no mapa do futebol espanhol equivale às associações distritais portuguesas. Em agenda, no encontro que terá lugar às 16 horas na Cidade do Futebol, em Las Rozas, está a «análise e avaliação da situação atual» da federação, depois da suspensão pela FIFA de Luis Rubiales.
O presidente eleito da RFEF foi afastado preventivamente enquanto decorre o processo instaurado pela Comissão de Disciplina da FIFA por causa do beijo sem consentimento, segundo a própria, que deu a Jenni Hermoso na cerimónia de entregue de medalhas após a Espanha conquistar o Mundial feminino, na Austrália, há uma semana. Um dos objetivos da reunião de hoje da RFEF, convocada a pedido do presidente interino Pedro Rocha (o vice mais próximo de Rubiales), segundo a imprensa espanhola, é de tentar fazer com que vários presidentes das associações que se demitiram na passada sexta-feira, após a assembleia-geral em que Rubiales se defendeu e carregou contra Hermoso, políticos e o «falso feminismo», voltem atrás.
A preocupação é manter a governabilidade da federação até que Rubiales possa voltar - o que parece cada vez mais improvável - ou até às próximas eleições, que deveriam ter lugar a seguir aos Jogos Olímpicos do próximo ano. O impacto que os acontecimentos da última semana terão na candidatura conjunta de Espanha, Portugal, Marrocos e Ucrânia à organização do Mundial-2030 também estará em agenda.
MINISTRAS AO ATAQUE
Certo é que Luis Rubiales dificilmente terá condições para voltar à presidência da federação espanhola, mesmo que acabe por sair por cima dos processos disciplinares - para além da FIFA, terá de enfrentar outros dois em Espanha, da própria RFEF, depois de ter sido acionado o protocolo de abuso sexual, e do Tribunal Administrativo do Desporto, onde arrisca inelegibilidade entre dez e quinze anos.
No domingo, Maria Jesús Montero, ministra das Finanças e Função Pública, foi clara: «O senhor Rubiales, uma pessoa que mente, uma pessoa que fez gala de não ter percebido nada do que significa a luta pela igualdade numa área tão importante como o desporto, não pode voltar a dirigir o futebol neste país.»
Irene Montero, ministra da Igualdade e uma das visadas diretamente por Rubiales, deu uma entrevista ao programa 20Minutos em que voltou a ser dura. «A minha obrigação, como ministra, mulher e feminista, é chamar as coisas pelos nomes: um beijo não consentido é violência sexual», afirmou, dizendo ainda que as palavras do dirigente na assembleia geral da RFEF «envergonharam e encheram de indignação» toda a sociedade.
As críticas a Rubiales sucedem-se de vários quadrantes. Joan Laporta, presidente do Barcelona, disse que o comportamento do presidente foi «inaceitável, impróprio e vergonhoso», ao passo que Andrés Iniesta definiu Rubiales como alguém que se «acorrentou ao cargo».