Lusitânia à espera do Benfica: «Que seja grande festa e nada falhe!»
Luís Carneiro, presidente do Lusitânia, ainda trabalhar para fazer da receção ao Benfica uma festa. Foto: D. R.

Lusitânia à espera do Benfica: «Que seja grande festa e nada falhe!»

NACIONAL15.10.202311:00

Luís Carneiro, presidente do emblema açoriano, conta como está a ser preparada a receção ao Benfica para a Taça de Portugal; visita dos campeões nacionais é oportunidade para contribuir para o futuro do clube

Luís Carneiro, 41 anos, tem descansado pouco desde o sorteio da 3.ª eliminatória da Taça de Portugal. Especialmente agora que o Benfica está a chegar. É já na próxima sexta-feira e ainda há muita coisa por fazer, apesar do caminho já percorrido. A preocupação e responsabilidade do momento dominam ainda o espírito deste empresário, presidente do Lusitânia há quatro anos, afinal, em Angra do Heroísmo, todos querem que o jogo de sexta-feira «seja uma grande festa e não falhe nada». 

Talvez por isso tenha desabafado, no início da conversa, que o que tem vivido parece, por vezes, um inferno. Foi já depois das 20 horas, no continente, menos uma nos Açores, que atendeu, com simpatia, o telefonema de A BOLA. Ainda desconhecia quantos bilhetes havia disponíveis. O Lusitânia, que compete no Campeonato de Portugal, começou a vendê-los na quinta-feira, nos dois primeiros dias só para os sócios, na segunda-feira estarão disponíveis os ingressos que sobram para o público em geral. A procura, claro, tem sido grande, a «prioridade total aos sócios» não foi bem aceite por toda a comunidade. «Não podemos atender a todas as opiniões. Tivemos a especial atenção de cuidar dos sócios. E não demos abertura para qualquer pedido ou oferta. Para não nos acusarem de alguma coisa. Quem quer bilhete, que vá à sede», conta. 

A satisfação do sorteio está quase esmagada pelo trabalho que foi feito e não está concluído. «Como o nosso treinador [Ricardo Pessoa] disse depois de eliminarmos o Marialvas [1-0], o objetivo era jogar com um grande. E nada melhor que receber o campeão nacional em nossa casa, com os nossos adeptos, na nossa ilha. Mas, ao mesmo tempo, isso transformou-se em responsabilidade porque nos trouxe imensas dificuldades logísticas e, com isso, preocupações adicionais», partilha. 

Seguranças têm de vir do continente

Um exemplo: o Lusitânia terá de trazer do continente 43 ARD (Assistentes de Recinto Desportivo), pagar as passagens aéreas, cuidar do transporte, alojamento e alimentação deles em Angra do Heroísmo. Só esse custo «andará pelos 20 mil euros». À hora em que falou com A BOLA desconhecia quanto o Lusitânia pagaria pelo policiamento. O jogo foi considerado de alto risco e a polícia ainda estudava toda a logística. O Lusitânia contará, porém, com a colaboração da Proteção Civil. Não pagará, por exemplo, aos bombeiros de serviço ao jogo. 

600 atletas

Ainda com o colete de forças do PER (Plano Especial de Revitalização), que «ainda perdurará anos», todas as ajudas contam e são bem-vindas. E o jogo com o Benfica é uma oportunidade. Com «perto de 900 sócios, mas talvez apenas 400 pagantes», o clube de Angra do Heroísmo sublinha a «importância» que o mediatismo de um duelo com o Benfica oferece. «Para o nosso projeto, que assente na valorização dos nossos principais ativos, é fundamental», dispara Luís Carneiro. 

O Lusitânia mobiliza «perto de 600 atletas» em futebol, basquetebol e futsal e «tem formação em todos os escalões nessas modalidades». Como veículo de promoção dos Açores «recebe uma verba do Turismo», o resto dos rendimentos provém de sócios e adeptos, das quotas, da bilheteira, do bar e da formação. «É conhecida por ter qualidade e exigimos o pagamentos de quotas. Essa verba é alocada à formação. O objetivo é proporcionar aos nossos atletas crescimento como atletas e homens, o futuro do Lusitânia assentará nessa massa humana, na forma como amam o clube, para que no futuro possam ser jogadores, treinadores ou presidentes, fazer, no fundo, o mesmo que nós», argumenta. 

Salvação

O projeto da Direção do Lusitânia, com orçamento de cerca de 650 mil euros, «não tem a ver com a ambição desportiva, mas com a salvação financeira». Se desportivamente as coisas correrem bem, «então melhor». 

A visita do Benfica permitirá, assim, «a projeção da marca do Lusitânia a nível nacional». Já vários passos foram dados nesse sentido. O clube chegou às meias-finais da Taça de Portugal em basquetebol e à Final 8 da Taça de Portugal em futsal. A equipa de basquetebol compete na I Divisão, a de futsal na II, os juniores em futebol competem na I Divisão, são os primeiros açorianos a fazê-lo. Nessa «visibilidade e estratégia diferente» pode estar a «salvação do Lusitânia», clube centenário, fundado em 1922. 

Estádio João Paulo II, em Angra do Heroísmo, tem capacidade para 7 mil pessoas e vai encher. Foto: ASF

Marco histórico

O jogo com o Benfica é considerado por Luís Carneiro um «marco histórico que dará uma grande alegria a sócios e adeptos». Mas os açorianos querem mais. «Daremos o melhor em campo, se ganharmos, melhor. Sabemos que será difícil, mas a Taça de Portugal também é conhecida pelas surpresas. Acreditamos que temos as nossas possibilidades de dar uma alegria ainda maior aos nossos adeptos», diz, com esperança num resultado que permita a valorização de alguns jogadores. «Isso irá ajudar-nos a salvar o clube», insiste, esclarecendo que «são muitos os jogadores profissionais do plantel».