Liderança psicológica vale celebração (demasiada...) na Luz
No reino das reviravoltas, ainda a Liga nem chegou a meio, águias de baixo para cima e leões em sentido inverno. Mas com tanta suscetibilidade entre os candidatos, nada é certo, e ganha a emoção!
Este campeonato ainda não dobrou a primeira volta, mas já é o campeonato das reviravoltas. Umas mais paulatinas, uma volta de baixo para cima, é a do Benfica, que caiu logo ao arranque e mal se recompunha voltou a tropeçar, com esta novo deslize derrubando facilmente o treinador Roger Schmidt que se mantinha desde a temporada transata em sustentabilidade precária. Entrou sucessor e desde então, só vitórias na Liga. Bruno Lage começou por acarinhar os adeptos revoltados com o desempenho paupérrimo da equipa e depois meteu a cassete do trabalho, que resulta quando as coisas correm bem. E têm corrido, no campeonato. Mais: dificilmente poderiam estar a correr melhor ao Benfica. Oito vitórias consecutivas, máximo aproveitamento, que, todavia, não teria tão grande proveito como está a ter, se os adversários, em contraponto, não vacilassem. E como vacilam!
Surpreendentemente, o imparável Sporting de Ruben Amorim do sucessor forçado (antecipado) João Pereira, a outra reviravolta, mas de cima para baixo, e ao contrário da do Benfica, ocorrendo um ápice. Duas derrotas consecutivas – reforce-se, espantosas - colocam o leão à mercê de ser superado pela águia, se esta vencer o jogo em atraso frente ao Nacional, na Madeira. O Sporting transfigurou-se, para pior, jogou mal, e não teve margem de erro, já o Benfica, sem jogar bem regularmente bem, ganha.
Como ontem, contra um V. Guimarães que lhe foi amiúde superior e mais acutilante. As bolas dos vitorianos não entraram, as dos encarnados… uma bastou para o sucesso. Há quem lhe chame estrelinha ou a dinâmica de equipa (ou alguém) está em percurso ascensional. Cremos que o triunfo sobre os minhotos, um adversário valoroso e bem treinado, foi contudo sofrível. Os adeptos no Estádio da Luz celebraram-no como se tivesse sido por goleada ou… sobre o Sporting ou FC Porto. Compreende-se pela vantagem psicológica de o Benfica poder subir à liderança quando o calendário estiver regularizado. Enfim, a exteriorização de uma tensão contida desde ainda muito cedo na temporada… passada.
Diz-se, também, que é de vitórias, não sofríveis, mas sofridas, que se fazem os campeões. Pode ser. Mas não é convincente. Longe disso. E ainda com a Liga a menos de meio, com tanta suscetibilidade dos candidatos, antevê-se que estas reviravoltas, ainda que acrescentando emoção à competição, são pouco mais do que efémeras.