Carlo Ancelotti, treinador do Real Madrid, garantiu a permanência no comando técnico do gigante espanhol. A resposta surge depois de notícias que sugeriam que já tinha decidido sair no final da temporada
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Lições de Ancelotti a Lage

OPINIÃO29.01.202509:00

Numa temporada tão turbulenta em dança de treinadores, houvesse mais vontade em ser Carlo e menos Pep e muita coisa podia ter sido diferente. Como o patético episódio do técnico do Benfica na Luz

Quem será lembrado como o melhor treinador das primeiras duas décadas do século XXI? Pep Guardiola, um dos mais inovadores da história do jogo ou Carlo Ancelotti, o técnico que mais vezes conquistou a Liga dos Campeões? Um visionário com toque de xadrezista que faz depender o sucesso única e exclusivamente do método ou um gestor de homens e de talento que faz da inteligência emocional a base do êxito?   

Para quase todos aqueles que leem, pensam e teorizam sobre futebol, a resposta é óbvia: Guardiola. O catalão mudou o jogo e criou uma série de seguidores, quase na fronteira do religioso. A maioria sem sucesso, porém a mudança entretanto já estava a caminho ao nível do conceito. Quase todos os jovens treinadores querem ser como o catalão, não como o italiano.  

Mas quem é o melhor líder? Pep, cuja autoridade exerce pelo conteúdo, ou Carlo, que o faz pela forma? Será redutor analisar ambos desta maneira, mas à medida que o tempo passa torna-se óbvio aquilo que os separa, principalmente em momentos de crise. Nesta época Guardiola tem atravessado uma Via Sacra e do ponto de vista emocional parece um caco, transparecendo tristeza e níveis de ansiedade que porventura são mais prejudiciais que benéficos para um plantel que pretende reerguer-se. Já Ancelotti somou uma série de crises em dois períodos no Real Madrid e o desfecho foi quase sempre o mesmo: no fim, ganham os blancos. Principalmente quando o assunto é UEFA Champions League.  

Hoje, dia da última jornada da nova versão da principal competição de clubes do planeta, Guardiola enfrenta o perigo da eliminação (se não vencer em casa o Club Brugge, invencível há 21 jogos) ao passo que o Real Madrid espreita a entrada direta nos oitavos de final, tendo pelo menos assegurada a presença no play-off. O que faz dos merengues, provavelmente, os principais candidatos à vitória em Munique.  

Não é preciso ser um génio para identificar em Ancelotti uma capacidade de comandar que o distingue dos demais. A liderança tranquila que ficou plasmada no livro com a sua assinatura garantiu-lhe cinco Ligas dos Campeões (ninguém ganhou mais que ele) e centenas de problemas emocionais resolvidos em plantéis desequilibrados do ponto de vista das opções (demasiados avançados e poucos defesas) e financeiro (grandes diferenças salariais).   

O homem com a voz de barítono que raramente perde a calma, que assume não precisar de viver 24 horas para o futebol (pasme-se, admite ter tempo para um jantar de amigos ou assistir a uma ópera) é aquele que tem sempre a resposta certa para cada momento, que adapta a tática aos jogadores e não o contrário e coloca sempre a «pessoa em primeiro lugar, e só depois o futebolista». Porque é o ser humano que chuta, que defende, que ouve as críticas. Nada mais do que as ciências sociais ao serviço de um desporto onde muitos complicam e Ancelotti parece simplificar. 

A cara de pau de Bruno Lage. E a de Rui Costa...

27 janeiro 2025, 08:12

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Treinador do Benfica tentou defender o indefensável e não convenceu ninguém: a verdade é que não confia no plantel. Pior só Rui Costa, que nem defende o técnico nem o demite

Quando olho para uma temporada tão turbulenta em Portugal ao nível da dança de treinadores só me vem à cabeça a ideia de que houvesse vontade em ser mais Ancelotti e menos Guardiola e muitas mudanças teriam sido evitadas. Porque é tudo uma questão de saber ou não liderar usando seis dos sete princípios de Carletto: inteligência emocional, gestão da pressão, gestão do talento, serenidade, humildade e autenticidade. Tudo o que faltou a Bruno Lage no patético episódio da garagem do Estádio da Luz. 

Parabéns, A BOLA. Fazes hoje 80 anos, 25 dos quais na minha companhia. Viajámos juntos, chorámos de dor naquela noite em Guimarães em que não dormimos e chorámos de alegria em Paris. Foste abrigo de tantas histórias que hoje ainda fazem brilhar os olhos de todos aqueles que, como eu, andaram debaixo da sua saia. Dei-te tudo o que tinha e tu deste-me um mundo de oportunidades. Trato-te no feminino porque para mim nunca foste um jornal, eras e sempre serás um sentimento.