Jorge Braz acredita que «há sempre forma de surpreender»
Portugal defronta o Cazaquistão na quinta-feira, para os oitavos de final do Mundial
Um equilíbrio pouco habitual, e que ajuda a compreender a rivalidade entre Portugal e o Cazaquistão, conhecidos de outras andanças no futsal mundial há 24 anos. Em rigor, foi na Guatemala que os dois países escreveram a primeira desta história, durante o Mundial 2000. A 23 de novembro desse ano, Portugal goleou por 6-2, num jogo do grupo A e perante uma equipa cazaque ainda muito frágil. De resto, a formação das “quinas” ficaria em terceiro lugar na competição guatemalteca.
Foi preciso aguardar 16 anos para o reencontro e para a “vingança” asiática, que, curiosamente, aconteceu numa competição da UEFA (o Cazaquistão integra a confederação europeia de futebol). E aí, tudo correu mal a Portugal, apesar do golo madrugador de Ricardinho (aos três minutos), num encontro que o combinado cazaque venceria por 3-1. Foi em Calarasi, na Roménia, no grupo 7 da ronda principal de qualificação para o Euro 2016, que seria atingido por Portugal e jogado na Sérvia.
Resta o jogo de mais fresca memória, há quase três anos (a 30 de setembro de 2021), em Kaunas, nas meias-finais do Mundial da Lituânia. Um jogo de equilíbrio ao limite, e de muitos nervos de parte a parte. Com 2-2 no final dos 40 minutos (golos portugueses de Pany Varela e Bruno Coelho), e sem alterações no prolongamento de dez minutos, foi nos pontapés de penálti que Portugal garantiu a qualificação para a final, ganhando por 4-3.
Um registo curto (apenas três jogos), mas equilibrado, com Portugal a surgir no encontro de hoje como campeão do mundo e bicampeão europeu, e o Cazaquistão como outsider cada vez mais valorizado no cotejo do “planeta futsal”.
«Uma das seleções mais estratégicas do mundo», na opinião de Jorge Braz, com “uma equipa muito bem organizada” pelo treinador brasileiro Paulo Figueroa (Káká, como é commumente conhecido). Para o selecionador nacional, o facto de, numa competição tão curta, o Cazaquistão ter mais um dia de intervalo para chegar ao jogo dos oitavos de final não tem grande significado, sendo muito mais importante «a forma como vamos encarar o jogo», atalhando Braz que «a chegar a esta fase já não há fadiga», até porque seria muito bom sinal «termos muitos jogos acumulados nas pernas, sem fadiga, nem física, nem mental, de certeza absoluta», assevera.
O selecionador português sorri quando confrontado com o facto de Káká ter revisto mais de 500 “clips” de vídeo sobre a equipa de Portugal, mas deixa escapar que «também é o contrário». Ponto de partida para voltar a elogiar o técnico opositor, que «tem feito um trabalho extraordinário». E, por isso, «tentámos fazer um trabalho talvez com uma longevidade maior do que a habitual, até ao último Mundial ou antes disso», confessa Jorge Braz, deixando claro que a equipa técnica das “quinas” terá preparado à exaustão o primeiro jogo a eliminar nesta prova.
E acaba por reconhecer que «há sempre coisas novas a implementar», deixando uma garantia: «Há sempre forma de surpreender, e queremos que haja mais momentos de Portugal do que do Cazaquistão».