Grimaldo: «Fui demasiadas vezes criticado injustamente»
Grimaldo admite regressar ao Benfica. Foto: Helena Valente

EXCLUSIVO A BOLA Grimaldo: «Fui demasiadas vezes criticado injustamente»

NACIONAL28.03.202410:13

Diz que teve de fazer muitas vezes de «polícia mau» em defesa dos companheiros de equipa; e que houve conflitos em que não teve culpa e foi criticado pelos adeptos

MADRID – Como era a sua relação com os adeptos. Sentia-se querido por eles?

– Sim, sentia-me, mas fui demasiadas vezes criticado injustamente. Muitas vezes tive de fazer de polícia mau, em defesa dos meus companheiros. Depois das derrotas dava sempre a cara, houve conflitos em que não tive culpa nenhuma, mas era a mim que me criticavam. Acima de tudo, porém, está a realidade de sempre ter dado tudo pelo clube, desde o primeiro ao último dia e de que continuo a sentir um grande carinho pelos adeptos do Benfica. Acho que muitos ainda gostam de mim e sentem a minha falta, como eu sinto a falta deles.

– Como vivia os dérbis com o Sporting e os clássicos com o FC Porto?

– Eram os jogos que mais gostava, tinha sempre enorme vontade de disputá-los. São desafios muito especais nos quais os jogadores não se podem esconder e têm de dar o máximo. Era neles que mais desfrutava.

– Foi companheiro do João Félix. Que opinião tem dele?

– É um grandíssimo futebolista, apesar de parecer que ainda anda à procura do seu sítio. É um jogador muito especial, diferente, ainda é jovem e vai continuar a mostrar, durante muito tempo, o seu enorme talento.

– Alegra-se de que esteja no Barcelona, sua antiga equipa?

– Sim, satisfaz-me muito que jogue com a camisola do Barça e por ver que está satisfeito. Entrou bem na equipa, marca golos, está a jogar a muito bom nível e agora só precisa de ter continuidade e olhar em frente.

– Que jogadores jovens do Benfica têm mais futuro?

– No Benfica sempre estão a aparecer futebolistas com enorme potencial, a formação funciona. Se tiver de distinguir alguns de agora, diria o João Neves, que está a jogar a um alto nível, o António Silva, que é um excelente defesa, e o Samuel [Soares], que é já um grande guarda-redes. Mas há outros com grande futuro à sua frente.

– Deu a impressão de que, ao deixar o Benfica, talvez pudesse ter dar um salto mais alto…

– Não tenho essa sensação, o Leverkusen é um grande clube. Neste meu primeiro ano podemos ganhar a Bundesliga, a Taça e a Liga Europa. E temos um treinador muito especial, o Xabi Alonso, que irá chegar muito longe e que desde o princípio apostou muito em mim. Estou muito contente e convencido de que tomei uma boa decisão.

– Agora que está na Alemanha, que diferença vê entre o futebol alemão e o português?

– Em Portugal há três equipas e meia que são grandes, as outras estão a muita distância, com estádios pequenos e sem muita assistência. Na Alemanha há equipas melhores e piores, mas são sempre grandes estádios, há alto nível de jogo, muita intensidade e muita paixão nas bancadas.

– Existe a possibilidade de que tenha de jogar contra o Benfica na final da Liga Europa.

– Oxalá isso aconteça, para mim seria um desafio muito especial e para as duas equipas muito bonito poderem disputar uma final europeia. Como gosto das duas, que ganhe a melhor.

– E, mais tarde, talvez um Portugal-Espanha no Euro-2024.

– Essa é outra possibilidade, seria sensacional uma final entre os dois países. Tenho antigos companheiros e amigos na Seleção portuguesa e seria maravilhoso poder encontrar-me de novo com eles e num desafio de tão grande importância.

– Voltaria ao futebol português?

– Porque não? Gosto muito do Benfica, é um clube que nunca esquecerei, fui-me embora, mas deixei as portas abertas. No futebol nunca se sabe o que pode acontecer.