Grimaldo: «Benfica não apostou em mim»
Álex Grimaldo somou 303 jogos e marcou 27 golos em sete épocas e meia no Benfica. Foto: Sérgio Miguel Santos

EXCLUSIVO A BOLA Grimaldo: «Benfica não apostou em mim»

NACIONAL28.03.202409:00

Primeira grande entrevista desde que o lateral que deixou a Luz no último verão; internacional espanhol abre o coração, fala do adeus à Luz, do carinho pelo clube, dos treinadores que teve na Luz, da dificuldade de os encarnados encontrarem um sucessor e da relação nem sempre fácil com os adeptos

MADRID – Chegou ao Benfica como 20 anos. Como se adaptou, tão jovem, à nova situação da sua vida?

– A adaptação foi boa e mais rápida do que pensava. O clube ajudou-me muito e foi importante ter a família, de início, ao meu lado. Nos primeiros tempos procurei, também, juntar-me aos jogadores latino-americanos que já lá estavam, como o Toto Salvio e o Gaitán. E, graças a eles, a minha integração na equipa custou menos e foi mais rápida.

– Quando chegou, o que sabia do Benfica?

– Sabia que era uma instituição histórica e que luta sempre pela conquista de títulos. Esforcei-me ao máximo para não perder tempo e poder começar a desfrutar, o mais rapidamente possível, da enorme grandeza do clube.

–  O que significaram para si os sete anos e meio que lá esteve?

– Foram muito importantes para a minha carreira e guardo bonitas recordações de que tudo o que vivi. Conquistei títulos, disputei jogos incríveis, passei muitos grandes momentos com os adeptos. Tudo isso, tão difícil de esquecer, fez com que para mim se tivesse tornado bastante difícil pensar que algum dia deixaria esse grande clube que me tratou muito bem e no qual era muito feliz.

– E esse dia chegou.

– Não foi uma decisão fácil, mas também é certo que o clube realmente não apostou em mim e chegou um momento em que tive de olhar para outras alternativas. Apareceu o Leverkusen com uma proposta interessante e resolvi aceitá-la.

– Teria ficado se  o Benfica tivesse apostado em si?

– A minha ideia foi sempre a de continuar. Houve mesmo um momento em que tinha tomado a decisão de ficar, era esse o meu desejo, mas quando se tratava de negociar sempre havia grandes distâncias entre mim e o clube, que tinha outras ideias. Por isso, não foi possível chegar a qualquer acordo. Na minha memória ficaram os momentos bons que vivi no clube, as alegrias que o clube me proporcionou e as que, de alguma forma, possa ter proporcionado.

– Agora que já não é jogador do Benfica, continua a acompanhar o que a equipa faz?

– Sempre. Vejo todos os jogos, menos aqueles que são ao mesmo tempo que aqueles em que estou a jogar. Tenho tantas e tão boas recordações de tudo o que é de Portugal que trouxe comigo um cozinheiro português, o João Caeiro, um benfiquista enorme que me faz pratos portugueses e todos os que necessito para ter uma boa alimentação.

– Somou 303 jogos e marcou 27 golos. São muitos golos para um defesa.

– O remate à baliza é um aspeto que sempre trabalhei muito. A minha capacidade ofensiva sempre foi alta, em todos esses anos procurei ser um jogador muito regular na ajuda à equipa, tanto a defender como a marcar golos e fazer assistências.

– Qual é o segredo na marcação de livres?

– O segredo está nos muitos anos de treino, no trabalho prático, para ir melhorando, já quando era miúdo passava muito tempo a ensaiar remates à baliza.

– O Benfica pagou €1,5 milhões ao Barcelona por si. Quanto pensa que vale agora?

– Não sei, o que acho é que os jogadores valem o que os clubes estão dispostos a pagar por eles. Não sei quanto mereço, isso é com os outros, os que compram, eles é que têm de saber.

– De todos os golos que marcou pelo Benfica, quais foram os mais importantes?

– Há dois que recordo de forma especial e que, para mim, foram os mais bonitos. Um que marquei no Dragão e outro na Supertaça contra o Sporting. Todos os golos têm importância, mas esses foram especiais.

– Qual foi o troféu conquistado que mais alegria lhe deu?

- O do último campeonato porque, depois do muito tempo que tinha passado, precisávamos ganhá-lo. Foi um título muito especial para mim, sabia que seria o meu último ano e, na minha memória ,sempre ficará o jogo em que nos sagrámos campeões e a forma como o festejámos com os nossos adeptos.

– Qual foi o troféu que não conquistou e gostaria de ter conquistado no Benfica?

– Sinto a falta de uma Liga dos Campeões ou de uma Liga Europa. Não foi possível porque não era fácil, mas, apesar de tudo, tivemos algumas boas atuações europeias e conformo-me com essa boa recordação.