Goal2BE, a rede social que quer unir o futebol
O logótipo é uma analogia com a sigla inglesa GOAT

Goal2BE, a rede social que quer unir o futebol

INTERNACIONAL15.04.202420:00

Tudo começou num ‘reality show’ em Espanha; projeto demorou cinco anos a ganhar corpo; Lilit Unanyan, a fundadora, explica a ideia a A BOLA

É um desporto que move paixões como nenhum outro e movimenta milhões, mas na era digital ainda não há uma rede social única e exclusivamente destinada a juntar jogadores, treinadores, adeptos, agentes, media e uma gigantesca comunidade que, num espetro máximo, atinge os 3,5 mil milhões de pessoas. Este é o motivo da criação do Goal2BE, a rede social que pretende unir o futebol.

«Ainda há um enorme fosso e muita coisa está dispersa. Nós queremos alojar toda a informação numa única rede». Lilit Unanyan, arménia natural de Everan que vive entre Portugal e Espanha, é a fundadora e CEO da empresa que é resultado de um sonho e de um desenvolvimento de produto que demorou cinco anos a ganhar corpo. A ideia nasceu na sequência de um reality show que nunca chegou a ir para o ar.

«Eu estava a montar esse reality show para se realizar em Espanha, com jogadores entre os 16 e os 18 anos, para perceber como seria o seu dia a dia, melhoria de capacidades, etc. Mas eu pensava que havia uma fonte onde podia consultar onde estavam esses futebolistas, quando na realidade o que existe é apenas sobre profissionais e academias. E o que há além disso é informação de acesso muito fechado», explica a A BOLA.

Lilit Unanyan, fundadora do projeto, vive entre Espanha e Portugal (Foto: Goal2BE/Ekaterina Skvortsova)

Essas dificuldades atingiram vários níveis: saber onde estavam futebolistas que falassem inglês, necessitassem de autorização parental, que posições ocupam, qual o grau de desenvolvimento... «Foi aí que percebi que havia de facto esse gap. Acabei por deixar o reality show e iniciei este grande sonho», diz. Há um grande mercado de futebolistas não profissionais à espreita, na ordem dos 250 milhões.

«Nós queremos ajudar precisamente aqueles que mais precisam», salienta Lilit Unanyan, recuando novamente no tempo: «Eu não estava muito familiarizada com o futebol, então fui à procura de toda a informação possível. Falei com toda a gente do meio, desde clubes a agentes, para perceber quais eram as maiores necessidades. Foram dois anos nisto.»

Começar no Brasil

«Mas esta não é uma rede social só para futebolistas», alerta a empreendedora. É também para adeptos, dirigentes, jornalistas, fotógrafos, clubes, treinadores, pais de futebolistas, gamers, etc. «Temos 24 tipos de perfis, queremos alocar toda a gente».

O facto de ser uma app gratuita faz a diferença. «Assim todos podem comunicar uns com outros», justifica. A interação entre adeptos e jogadores, por exemplo, será possível e o cuidado com o cyberbullying uma preocupação acrescida, tendo para isso sido criados mecanismos de alerta e produção de relatórios em tempo real.

Existe neste momento uma equipa de 20 pessoas, dividida entre Brasil e Espanha, a desenvolver uma versão beta da futura app para Android e IOS, além de um imenso trabalho de marketing em curso. O lançamento está previsto para 2025 mas antes contará com um passo fundamental: os embaixadores. Os nomes estão para já em segredo, mas não o perfil: serão personalidades famosas da modalidade que poderão vir a apadrinhar o desenvolvimento de futebolistas desconhecidos.

Os diferentes tipos de perfis dos futuros utilizadores

Este é um dos motivos para o Brasil ser o país de arranque. «Por ter muitos utilizadores e serem apaixonados, claro, mas fundamentalmente porque é onde os futebolistas não profissionais mais precisam da nossa ajuda. Não digo que graças ao Goal2BE o sucesso será garantido, mas é um grande apoio que terão, sem dúvida», afirma Lilit Unanyan, dando um exemplo dos jogadores menores: «Há sempre grandes dificuldades em obter autorizações dos pais para participarem em torneios. Isto pode facilitar-lhes muito a vida.»

Do Brasil partirá posteriormente para a América Latina e daí para a Europa e resto do mundo. Dentro de sete anos espera ter mais de dois mil milhões de utilizadores. «Há 3,5 mil milhões de pessoas que gostam de futebol. De uma forma ou de outra esta rede vai ser útil para todos, seja do ponto de vista da conexão, da informação ou do entretenimento», realça a fundadora da Goal2BE.

Não por acaso, o logótipo é um bode com olhos em duplicado. «É uma analogia com o GOAT [bode, sigla inglesa The Greatest of All Time, o melhor de todos os tempos], mas com um significado acrescido porque todos podem concretizar o seu sonho mantendo-se iguais a si próprios.»