Fernando Gomes: «Deveria ser um dia de festa para todos os portistas»
Fernando Gomes, administrador da SAD do FC Porto, IMAGO

Fernando Gomes: «Deveria ser um dia de festa para todos os portistas»

NACIONAL27.03.202411:50

Administrador da SAD do FC Porto deixa críticas a quem se «encarregou de pôr em causa este enorme projeto», referindo-se à Academia dos dragões na Maia

Durante a apresentação do projeto da Academia do FC Porto na Maia, Fernando Gomes, administrador da SAD dos dragões, sublinhou que este «deveria ser um dia de festa» para o universo azul e branco, mas frisou que «não entende» como «alguém» se encarregou de «pôr em causa» o projeto, referindo-se a André Villas-Boas, opositor de Pinto da Costa nas eleições portistas de 27 de abril.

«Hoje deveria ser um dia em que, em generalidade, o universo dos portistas estaria em festa. Devia ser um momento de grande congratulação entre todos os portistas. Infelizmente, assim não é. Alguém se encarregou, sem que se perceba, depois de tudo o que vimos aqui mostrado, depois de um longo trabalho de vários anos para chegar até aqui, só porque sem pôr em causa este enorme projeto por que ansiámos há tantos anos. Não se entende. E por isso é pena que não seja um tal dia de festa para toda a gente e que acha que é quem esteja a dividir o universo dos portistas sem razões de fundo que o justifiquem. Cabe, por isso, antes de nos referirmos a alguns aspetos mais práticos, e que convém que cheguem ao conhecimento geral, convém, antes de mais, dizer como chegámos até aqui, respondendo a algumas das questões que têm sido levantadas pela opinião pública nossa.», começou por dizer.

Escolha da Maia

«Em primeiro lugar, isto não é o resultado de algo que aconteceu há poucas semanas, para fazermos aqui um número de apresentação porque vai haver lições. Não tem nada a ver com isso. Há anos que o FC Porto procura um projeto em condições de servir as suas ambições no domínio da formação e chegámos finalmente agora a essa situação porque convergiram muito boas vontades neste projeto. Foi há mais de dois anos que esta administração contactou a Câmara Municipal da Maia para encontrarmos esta localização. Fomos recebidos de braços abertos. A Maia entendeu a importância económica, a importância de imagem e a importância social de um projeto desta dimensão e acolheu-nos imediatamente, braços abertos. Era preciso passar depois à realização prática desta situação. Isto não se faz de um dia para o outro, não é por dizer eu vou fazer uma academia do outro lado do rio porque me apetece que estas coisas aconteçam.»

Apresentação do projeto em período de eleições

«Primeira questão, isto não está a acontecer porque vai haver eleições, isto está a acontecer porque já vem, desde o início deste mandato, a ser trabalhado para que se concretize neste mandato. Foi pena que não tivesse acontecido antes, mas foi quando foi possível. Ainda por cima, a circunstância do Presidente do FC Porto ter colocado o avanço deste projeto como determinante para a sua continuidade, com certeza que isto também levou a acelerar os trabalhos, com certeza que sim. Não vamos aqui negar isso, com certeza que sim. Mas houve várias vicissitudes para aqui chegar. Estamos a falar de um projeto de envergadura que necessita de grandes investimentos, mas necessita também da realização no terreno de algumas situações que só são possíveis, só foram possíveis, porque independentemente dos seus interesses económicos, a empresa ABB e o Sr. Gaspar, aqui presente, que é o Sr. Presidente, nos deram uma ajuda preciosa. Neste momento estão emparcelados, fora daquilo que é terreno da Câmara, 9,3 hectares, que são propriedade da ABB. Esses 9,3 hectares são muitos terrenos que, pacientemente, foram sendo emparcelados para podermos chegar daqui. Se o Futebol Clube Porto, como entidade, fosse para o terreno, falar com os proprietários para negociar esses terrenos teriam custado o dobro ou mais daquilo que vai custar o Futebol Clube Porto.»

«Diz-se já, estamos a fazer tudo isto porque há um ato eleitoral, e porque há um ato eleitoral, estão a pôr lá as máquinas e a fazer as coisas apenas para fogo de vista. Não é assim. Não é assim. Estas coisas têm de começar. E no dia em que começam, porque é que haveriam de começar no dia 28 de abril, se as coisas estão prontas, e nós íamos pedir ao construtor 'aguente aí um bocadinho, se faz favor, não comece já as obras, porque há aqui uns senhores que não gostam', e, portanto, a gente não quer de maneira nenhuma fazer essas coisas agora. Não. Estão a seguir o ritmo como se nada acontecesse. Estão a seguir o ritmo normal de uma empreitada, depois de muitos anos de trabalho, e a seguir o seu curso, independentemente daquilo que se possa dizer em relação a estas questões. Já vimos que há esta pública da Câmara Municipal da Maia que põe os terrenos em licitação pelo valor de 3,36 milhões de euros. É um valor muito aceitável, eu diria um bom valor para o terreno do Porto, e quero crer que não vai haver nada que impeça este avanço.»

Financiamento

«Outra questão que aqui se levantou sempre é... E como é que isto se vai pagar? O Futebol Clube Porto até desmentiu o administrador financeiro em relação a declarações que ele tinha prestado em novembro, pois tudo vale para servir como argumento para dizer que tudo está mal. Ora, o que é que o administrador financeiro do Futebol Clube Porto disse em novembro, numa altura em que se começou já a chegar ao fim deste processo, do processo administrativo e burocrático? Estava no fim praticamente nessa altura. Disse eu nessa altura, porque era assim que as coisas estavam ainda, que o Futebol Clube Porto teria uma negociação a fazer com o proprietário do terreno e construtor, no sentido de haver uma espécie de renda resolúvel que seria paga depois de efetuada a construção e que isso seria a forma de conseguir o financiamento para que a concretização da construção acontecesse. Claro que isso iria implicar, por parte do construtor, um esforço financeiro e o facto de ser ele a ser financiado para fazer uma construção, repercutindo no Futebol Clube Porto preços que ficariam, com certeza, mais caros do que aqueles que vamos conseguir. Só que, entretanto, isso era a perspetiva para que a construção avançasse sem termos que pôr em causa, por questões económicas e financeiras, o avanço do projeto. Só que, entretanto, felizmente para nós, conseguiu-se um financiamento. E hoje, a Academia do Futebol do Porto tem um financiamento, um financiamento que vai permitir pagar os autos de medição de acordo com o contrato feito mensalmente, e em seis anos, em seis anos, pagar esse financiamento. Estamos, neste momento, absolutamente tranquilos nessa medida. Não há aqui nenhum desmentido. É um avanço face às questões que se levantavam na altura, às perspetivas que havia na altura, que seriam de que vamos ter que recorrer a financiamento do próprio construtor se isto vier a acontecer por esta forma. E conseguimos, finalmente, para nós, obter esse financiamento.»

Fecho de mandato

«Este é, Sr. Presidente, o melhor dos fechos para um mandato. Não se podia dizer que tínhamos melhor forma de fechar um mandato de quatro anos do que o arranque formal de uma infraestrutura desejada há muitos anos. E não só desejada, absolutamente necessária para que o Porto possa ir muito mais longe do que aquilo foi até aqui. Só quem trabalha na formação sabe, na formação dos jogadores do FC Porto, dos atletas do FC Porto, sabe os sacrifícios porque passam todos os dirigentes da área da formação, porque passa todo o scouting, porque passam todos os treinadores, porque passa toda a gente, técnicos e etc., para conseguirmos ter o FC Porto que está neste momento na Final Four da Youth League. Para que isto se consiga sem grandes equipamentos, sem grandes infraestruturas, só com muita dedicação por parte daqueles que dia-a-dia levam por dentro esta tarefa. É por isso, Sr. Presidente, uma forma de fechar com chave de ouro um mandato que foi importante para a vida do FC Porto, muito importante, e que nos fez passar por alguns sobressaltos, também por alguns momentos muito bons. Começámos neste mandato por terminar o fair play financeiro, conseguir sair do fair play financeiro, tinha grandes condicionalismos na vida do FC Porto, saímos por cima, conseguimos finalmente deixar para trás essa preocupação e encarar o futuro de maneira diferente.»

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