Samu, o arranque do Vitória e o momento de Mora: tudo o que disse Vítor Bruno
Vítor Bruno fez a antevisão do jogo contra o V. Guimarães, da 6.ª jornada

Samu, o arranque do Vitória e o momento de Mora: tudo o que disse Vítor Bruno

Treinador do FC Porto fez esta sexta-feira a antevisão do jogo contra o V. Guimarães

-Que Vitória espera, uma equipa motivada pelo triunfo em Braga e com o excelente arranque de temporada?

- O Vitória tem se calhar o melhor arranque do milénio, com uma dinâmica de vitória que é visível perante todos, com apenas dois golos sofridos. Vão jogar em casa perante os seus adeptos. Vem de uma vitória com um impacto diferente, já passei por ali e sei do significado de uma vitória em Braga. É um jogo de futebol e em alguns momentos vamos precisar de adaptar. É um adversário difícil.

- O Vitória vai ter que mudar a defesa. O FC Porto também o tem feito. Esta particularidade é importante para o jogo?

- Todos os pormenores acarretam uma ponta de significado importante. Quantos mais afinados estiverem melhor. Às vezes uma voz de comando faz a diferença. Não sei se o Vitória vai alterar. Tendo em conta o que Rui Borges disse, parece que o Villanueva está em dúvida. O Tomás Ribeiro entrou bem, fez o golo em Braga, está bem, está motivado. Quanto à nossa linha defensiva tenho confiança em todos.

- Parece haver urgência para que Samu seja titular. Confirma que pode jogar e o que pode oferecer o espanhol ao ataque do FC Porto?

- O Rui Borges diz que espera possíveis e que sabe o que podem dar Samu e Danny. Mas há também Fran Navarro e Deniz Gul. Temos este caráter obsessivo de olhar para métricas, e praticamente crucificamos um avançado que não faz golos. Enquanto o Danny corresponder, terá sempre vida. Seja ele, o Samu, o Fran ou o Deniz. Há coisas inegociáveis e que têm de ser cumpridas. O Samu veio dos Jogos Olímpicos, nem sempre foi titular, teve um momento de inatividade no clube pela pausa de seleções. Vem para o FC Porto, passa meia dúzia de dias connosco, faz dois jogos, 60 minutos. Ao mesmo tempo fica privado de contacto connosco [n.d.r foi à seleção sub-21 de Espanha]. Aos poucos está a imiscuir-se no trabalho de um avançado no nosso modelo de jogo, o próprio perfil do Samu pede coisas diferentes à nossa forma de jogar. Depende do rendimento deles, da dimensão tática e estratégica, olhar para isto, perceber o momento do jogador, atacar da melhor forma o jogo. Qualquer um dos quatro avançados, e digo sem reserva nenhuma, dá-me muitas garantias para a função e missão de um avançado do FC Porto. Depois é preciso casar com várias coisas . Depende de muita coisa. Olhar para o adversário, olhar para nós e atacar o jogo.

- Nos últimos 20 jogos em Guimarães o FC Porto sofreu apenas uma derrota. Terá de haver um grande FC Porto para vencer esta versão do Vitória?

- Terá de ser sempre um grande FC Porto. Não só perante um Vitória forte do ponto de vista individual, que coletivamente está muito bem trabalho. Percebe-se que vamos ter dificuldades, qualquer adversário que vá a Guimarães passa sempre por dificuldades. 100% vitoriosos em casa, temos de ser iguais a nós próprios. O passado diz-nos pouco. É ver os que me rodeiam e fazê-los perseguir um estado de insatisfação permanente, que habite nas entranhas de cada jogador e pessoa que trabalha para o FC Porto. Mostrar como se atiram aos jogos, como respondem perante adversidades, perceber que o jogo dá nuances que não esperamos. Depois têm de tomar decisões, o plano individual resolve num detalhe o jogo. Emerge sempre um ou outro momento de alguém mais predestinado e resolvem jogos. A beleza do futebol é essa. Tivemos um jogo em que criámos 12 ou 13 ocasiões, o futebol é o único desporto em que pode acontecer tamanha supremacia e quase não ganhar... teremos que deixar muita energia em campo, esperar que os adeptos nos acompanhem e que nos levem à boleia para uma vitóra amanhã.

- A qualidade do ar no Olival, por causa dos incêndios, condicionou o trabalho do plantel?

- Em termos de condicionamento, foi a forma de abordar o treino em si. A necessidade de hidratação, limpar as vias respiratórias, isso foi emergente em comunhão com o departamento médico. O ar criou dificuldade.

- O FC Porto vai iniciar uma sequência de jogos da Liga e Liga Europa. Como sente o grupo para gerir esse ciclo?

- Não falo com eles da boca para fora. Gosto de ser claro na forma de comunicar, sendo congruente e leal. Todos vão ser importantes e vão ser mesmo. Não é paleio para a praia. Isso vai acontecer. Entramos num ciclo infernal, depois há pausa para seleções, dá para recuperar. Mas todos vão ser importantes no ataque ao que aí vem. Podemos preparar planos alternativos, olhar para o adversário, rentabilizar o tempo entre jogos, três ou quatro dias. Temos de aproveitar da melhor forma.

- Nico jogou mais recuado com o Farense e Pepê nas costas de Namaso. Acha que o FC Porto retirou mais benefícios dessa alteração, sendo que no onze até havia Iván Jaime, que também pode fazer essa posição?

- Obedece ao tal plano estratégico traçado. O Pepê, se não me engano, pelo menos duas vezes aparece na cara do golo. Contra o Rio Ave aparece a derivar de fora para dentro, com o Farense a jogar nas costas do Danny... Não nos lembramos pontualmente das mudanças. Obedece a uma série de regras e ao que queremos para um certo tipo de jogo. O Pepê pode jogar por trás, à direita ou à esquerda. Temos vários opções.  A vantagem de ter um plantel diverso é fazê-los flutuar de posição.

- O enquadramento do Rodrigo Mora neste contexto de tanta concorrência faz com que seja melhor ele manter-se na esfera da equipa B em termos de competição?

- O Mora terá espaço para crescer, tem feito bem na equipa B, tem feito golo, e não só por ter marcado em Penafiel. Quando estiver de ser lançado na equipa A, será, e já esteve mais longe. A forma como se entrega a uma ideia. Já falámos sobre o Mora, é importante não meter peso nas costas que não faz sentido. Terá de fazer o seu trajeto. O Castro também está lá para ajudar, orientar, conduzir os meninos. Há espaço para todos. Para o Mora, o próprio Fábio Vieira também está num momento em que brevemente, não sei exatamente o timing, voltará e também é alguém que pode pisar aquele espaço.

- Deniz Gul e Tiago Djaló ainda não se estrearam. Estarão na ficha de jogo em Guimarães? Pode o Deniz Gul jogar na equipa B para ter espaço competitivo?

- Se estão na ficha ou não, não posso dizer, ainda não comuniquei a eles e não seria correto dizê-lo em público antes de falar com eles. O Deniz na B. É uma decisão que já foi ponderada. Achámos que nos pratos da balança seria benéfico para nós que ficasse mais tempo integrado com o que são os colegas, o grupo, até para ficar a saber os nomes todos de forma correta, ainda falha ali um ou outro, a afinação ainda não é total. É um momento importante para ele, vem de contexto completamente diferente, vem de uma cultura nórdica que não é a mesma que vivemos aqui em Portugal. Ele precisa deste espaço. Vai tê-lo, vai naturalmente começar a jogar e ter minutos, se amanhã ou mais à frente, fica no ar

- Otávio foi bastante visado pelo golo sofrido contra o Farense. Houve alguma preparação especial em termos mentais e também tendo em conta a atmosfera em Guimarães?

- Estão habituados a ambientes de alto grau de exigência, não me preocupa. Os objetivos no FC Porto são sempre imutáveis, estejamos nós com 10 pontos de avanço ou 3 atrás como estamos agora, em crise financeira. Queremos é ganhar. O Otávio está a dar os passos de crescimento naturais. É uma questão de opção e rendimento. Temos duas pessoas competentes no Olival, dois psicólogos que estão lá para esses efeitos. Temos esse tipo de cuidado. Qualquer dupla de centrais dá garantias. Mesmo o Gabi, que tem jogado na B e que treina connosco, vai ser uma referência do clube no futuro.