SAD do FC Porto renovou titularização dos direitos televisivos; antecipação dessas receitas possibilitou um encaixe de €54 M; estima-se uma perda de 36 por cento do acordo de 2015
A SAD do FC Porto, presidida por Pinto da Costa, comunicou à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) uma renovação da titularização dos direitos televisivos. De acordo com o anúncio feito pelos dragões, aquela sociedade reembolsou integralmente a operação de titularização de créditos denominada por «Dragon Finance No. 1 da Sagasta Finance». «Nesse mesmo dia, foi realizada uma nova operação de titularização de créditos denominada ‘Dragon Finance No. 2’, colateralizada pelos mesmos créditos da ‘Dragon Finance No. 1’», pode ler-se.
Em causa estão «créditos resultantes do contrato de cessão de direitos de transmissão televisiva dos jogos disputados pela equipa principal de futebol, na qualidade de visitado, na Primeira Liga». Um acordo que ficou celebrado no final de dezembro de 2015. Desta ação resultou «um aumento global líquido de cerca de € 54.291.989,30 face à operação ‘Dragon Finance n. 1’», acrescenta o referido documento, que encerra com a garantia de que «o encaixe líquido desta operação permitirá à FC Porto SAD liquidar responsabilidades decorrentes da sua atividade».
«IMPLICAÇÕES MUITO GRAVES»
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O que este comunicado não diz nem explica é que com a antecipação consecutiva de receitas, através de manobras de factoring concretizadas com a Sagasta, o FC Porto viu voar dos cofres muitos milhões de euros, correspondentes a juros pagos à empresa com a qual voltou agora a concretizar novo acordo para antecipar receitas.
Contactado por A BOLA, um sócio do FC Porto, apoiante da Candidatura de André Villas-Boas, faz os seguintes cálculos: «O valor adicional agora antecipado deverá corresponder às receitas de direitos TV previstos para as épocas 2026/27 e 2027/28. Ora, o valor total a receber nessas duas temporadas era de cerca de €85 Milhões. E o que o FC Porto irá receber na verdade será de €54 Milhões, qualquer coisa como menos 36 por cento do acordo estabelecido em 2015.» Pior: «As implicações futuras para a SAD do FC Porto são muito graves. A SAD terá que viver durante as próximas épocas sem as receitas dos direitos de TV que correspondem a €43 Milhões por ano, cerca de 25 por cento das receitas operacionais. Acresce que corresponderá a um aumento da dívida financeira e encargos financeiros para níveis incomportáveis para a SAD.»
Tudo somado, são mais de 200 milhões de euros já adiantados pela Sagasta à SAD, com uma taxa de juro a que a mesma fonte apelida de «usura». São estes os milhões que provocam a discórdia...
Operação financeira permite «liquidar responsabilidades decorrentes da
sua atividade»