FC Porto: abismo e superação
Taremi emocionado com golo da vitória no dérbi portuense (Grafislab)

FC Porto: abismo e superação

NACIONAL15.05.202408:00

Dérbi portuense foi a imagem de época de altos e baixos; muitos pontos salvos com fé e outros perdidos com tiros nos pés; cinco reviravoltas na Liga, oito no total das competições

O caráter dramático do triunfo do FC Porto sobre o Boavista, com um golo apontado por Taremi aos 90+8’, traduz o que tem sido a campanha dos azuis e brancos na Liga. O fascínio pelo abismo provocou a perda de muitos pontos e os momentos de superação, que foram também muitos, trouxeram à superfície a capacidade da equipa de Conceição de ir buscar forças às profundezas da alma.

Feito o balanço dos ganhos e prejuízos, é óbvio que as cinco reviravoltas operadas esta temporada pelos portistas no campeonato evitaram uma queda ainda mais abrupta na classificação. Por outro lado, e como o treinador tantas vezes alertou, os tiros dados nos pés pelo FC Porto e a  incapacidade de traduzir em golos as oportunidades criadas levou ao quadro atual. O risco de igualar o 4.º lugar de 1975/76, com Mário da Costa no comando, existe, ainda que baste aos azuis e brancos um empate frente ao SC Braga para assegurar o terceiro posto que agora ocupam. Moreirense-FC Porto, 1-2, na 1.ª jornada), Rio Ave-FC Porto, 1-2 (3.ª), V. Guimarães-FC Porto, 1-2 (11.ª), FC Porto-Vizela, 4-1 (26.ª) e FC Porto-Boavista, 1-2 (33.ª) foram as reviravoltas do FC Porto na Liga. Houve outras três nesta temporada, contra o Santa Clara e V. Guimarães, na Taça da Portugal, e frente ao Antuérpia, fora, na fase de grupos da Champions.

As reviravoltas do FC Porto esta temporada

30 PONTOS PERDIDOS

Oito cambalhotas no marcador não constituem recorde no consulado de Conceição. Na época 2018/19 o FC Porto somou 10 vitórias com reviravolta. A questão de fundo é que, no que toca à Liga, os portistas deslizaram muitas vezes no fio da navalha. A diferença pontual para o segundo classificado,  Benfica, resulta do melhor desempenho dos encarnados em casa. Fora, os dois rivais ganharam o mesmo número de pontos, 32, mas na Luz a equipa de Roger Schmidt somou 47, mais 10 que os azuis e brancos.

Quer isso dizer que o FC Porto perdeu 14 pontos no Dragão: em 17 jogos, venceu 11, perdeu dois, contra o Estoril e V. Guimarães e empatou quatro, diante do Arouca, Rio Ave, Famalicão e Sporting. Fora de portas, foram 16 os pontos perdidos. No total, 30 pontos desperdiçados que explicam a razão pela qual o FC Porto está tão longe dos dois primeiros classificados e sem hipótese matemática de superar os 80 pontos – o que aconteceu sempre na era Sérgio Conceição. Vencendo em Braga, o máximo que os dragões podem almejar é chegar aos 72 pontos.