EURO 2024 Eslovénia: o guia
Guia da seleção eslovena escrito por Miran Zore para o Nogomania
Expectativas
É apenas a segunda presença do país no EURO, depois de 2000, quando, liderados por Zlatko Zahovic e sob a orientação do treinador Srecko Katanec, viram-se a vencer a Jugoslávia por 3-0, mas acabaram por empatar (3-3). Ao todo será a quarta presença eslovena na fase final de um grande torneio depois dos Mundiais de 2002 e 2010, mas nunca passaram da fase de grupos. A qualificação para o EURO 2024 é um grande feito para a Eslovénia e a equipa tem capacidade para surpreender. Estão num grupo com Inglaterra, Dinamarca e Sérvia, e é esperado que acabem em último lugar, mas não devem ser subestimados.
Matjaz Kek é um treinador pragmático que lidera a equipa com pulso firme, colocando ênfase na união e trabalho árduo. «Sermos competitivos é o que nos interessa», disse. «Não estamos entre os favoritos, o que para nós é igual. Houve muita gente que pareceu sorrir quando viram a Eslovénia no grupo. Pode ser que se arrependam disso.»
Tendo chegado a esta fase, a Eslovénia não vai mudar a tática ou abordagem ao jogo nesta altura. A equipa baseia-se em esforço coletivo e em manter-se humilde, procurando ferir os adversários com o seu sistema de 4-4-2, fiando-se numa defesa sólida com o guarda-redes, Jan Oblak, como referência. O seu outro elemento-chave no plantel é o jovem Benjamin Sesko no ataque. A equipa mostrou que pode vencer os melhores, demonstrado pela marcante vitória frente a Portugal já este ano.
O jogo frente à Sérvia será o que mais interesse irá gerar no país. A Sérvia sucede à Jugoslávia, o país ao qual pertenciam antes da deformação. Há contas a ajustar desde o EURO 2000, também.
O selecionador
Matjaz Kek assumiu o comando da seleção pela segunda vez em 2018, com o objetivo de replicar o que fez em 2010, guiando a Eslovénia a um grande torneio (o Mundial na África do Sul). O técnico de 62 anos é um dos mais respeitados treinadores no país, tendo vencido o campeonato doméstico com o Maribor como jogador e como treinador. O seu grande feito por clubes, contudo, veio com os croatas do Rijeka, vencendo o campeonato croata em 2017, destronando o hegemónico Dínamo Zagreb.
O ícone
A Eslovénia tem uma orgulhosa história de guarda-redes que continua com Jan Oblak. Substituiu o número 1 de longa data, Samir Handanovic, que era um dos melhores guarda-redes da Serie A, e já tem mais de 60 internacionalizações – e não está a pensar abrandar num futuro próximo. Oblak é um jogador-chave pelo seu país e é ultra competitivo. Está no Atlético de Madrid há dez anos e vem de uma boa época em Espanha, pronto para preencher uma lacuna no seu CV: obter algum sucesso pela seleção. «Acho que nasci para ser guarda-redes. Não sei explicar, mas tenho a certeza que é algo que vem de dentro de mim», disse à BBC em 2021.
Para ter debaixo de olho
Bem, esta é uma das questões mais fáceis no que toca à Eslovénia: só pode ser Benjamin Sesko. Parece que já é uma estrela internacional segura, possivelmente em vias de uma grande transferência para a Premier League, mas a verdade é que ainda tem 21 anos e fez a sua época de estreia na Bundesliga. Curiosamente, demorou meia época a adaptar-se ao RB Leipzig, mas assim que começou a marcar já não parou. Terminou a época 23/24 a marcar em cada um dos seus últimos sete jogos no campeonato. É uma ameaça para qualquer equipa, incluindo a Inglaterra, favoritos do grupo.
Espírito rebelde
Marcando o golo decisivo frente ao Cazaquistão no importante jogo de qualificação para o EURO 2024, esse jogo foi o momento de redenção para Benjamin Verbic, que teve uma carreira inconstante até à data. Depois de deixar a Eslovénia em 2015 passou pela Dinamarca, Ucrânia, Polónia e agora Grécia, mas não tem tido grande estabilidade. Passou por um divórcio com a sua então esposa ucraniana, a modelo Alvina Tsarenko, com esta última a sugerir, nas redes sociais, que Verbic não encarava seriamente as suas responsabilidades parentais – uma acusação que está agora com os seus advogados. Verbic voltou agora ao seu melhor, focando-se no filho e no futebol.
A espinha dorsal
A espinha dorsal desta equipa eslovena é forte e vai de Oblak na defesa, via Jaka Bijol da Udinese na defesa, cuja grande época levou-o a ser ligado a uma transferência para o Inter, ao incansável médio do Panathinaikos, Adam Gnezda Cerin e ao avançado Sesko. Oblak e Bijol, em particular, têm um entendimento muito positivo, comunicado constantemente na defesa.
Onze provável
4-4-2 – Oblak - Karničnik, Blažić, Bijol, Janža – Stojanović, Elšnik, Gnezda Ćerin, Verbič – Šporar, Šeško.
Adepto famoso
Apesar do seu horário ocupado na NBA, a estrela internacional de basquetebol Luka Doncic raramente falha um jogo da seleção eslovena. «Bravo!», escreveu Doncic no X, imediatamente após a Eslovénia qualificar-se para o EURO 2024, o que gerou uma onda de entusiasmado perante os adeptos. Doncic é um grande patriota e não raras vezes ouve música eslovena. É um grande apoiante de todos os atletas eslovenos e diz que vai tentar ver um jogo do EURO ao vivo.
Petisco
A cozinha eslovena é rica e está a tornar-se gradualmente mais popular no panorama culinário da Europa e no resto do mundo. Nos jogos de futebol, contudo, os eslovenos preferem, normalmente, comida tradicional como hambúrgueres ou o favorito dos Balcãs, cevapcici (um grelhado com carne picada), reina nos estádios. A primeira escolha para beber é, obviamente, cerveja eslovena, mas os spritzers de vinho também são populares.