Vitória de Setúbal Entrevista A BOLA: «Não vim para o Campeonato de Portugal, vim para o Vitória!»
André Dias é o novo diretor-geral da SAD do Vitória de Setúbal, histórico clube que acaba de baixar ao Campeonato de Portugal. O agora homem forte do futebol sadino revela a A BOLA quais as razões que o levaram a aceitar o desafio. Olha para o presente com manifesto otimismo e perspetiva o futuro com profunda ambição. Para já, um dos segredos mais bem guardados é o nome do novo treinador. Será alguém que se identifique com a grandeza da instituição e que será conhecido nos próximos dias ou… horas.
— Quais as razões de ter aceitado o convite do Vitória?
— No início da minha carreira desportiva na área do treino, trabalhei duas épocas, 2008/2009 e 2009/2010, num clube enorme chamado Vitória Futebol Clube. Quem passa em algum momento da sua carreira por este clube sabe que essa mesma passagem nunca é indiferente, logo fiquei sempre com vontade de um dia voltar e ajudar em tudo o que estivesse ao meu alcance. Esse momento chegou. Sinto que não vim para o Campeonato de Portugal, vim para o Vitória! É indiferente a divisão onde do clube está, a sua grandeza estará sempre presente. É preciso muito trabalho de toda a estrutura, e a união com os adeptos, para o Vitória voltar o mais depressa possível à sua posição justa no panorama do futebol em Portugal. Como assim exige a sua história e tudo o que os vitorianos fizeram no passado por este clube enorme.
— Há necessidade de uma revolução profunda na estrutura do clube?
— Quando os resultados ficam muito aquém da real dimensão de um clube como o Vitória é normal existirem mudanças e, geralmente, em posições de maior responsabilidade na estrutura. Por vezes, nem tudo está mal, mas o futebol assim o exige. Iremos com certeza aproveitar o que de bom foi feito, e que desde já agradeço, desejando as melhores felicidades a quem saiu.
— Como surge o regresso de Carlos André ao clube?
— É a entrada de um Vitoriano, dos maiores que conheço, que sente o Vitória como todas as pessoas que estão na bancada no dia de jogo. E, sobretudo, é um excelente profissional, com muita vontade de na sua área de diretor desportivo ajudar o Vitória a voltar aos seus tempos áureos. A restante estrutura desportiva, tirando os lugares que viemos ocupar, assim como praticamente todas as pessoas de todos departamentos, continuam o seu trabalho no Vitória. Após algumas reuniões, posso dizer que todos sentem o peso da descida, mas estão com muita vontade de ajudar o Vitória a subir patamares com a maior brevidade possível. Outra nota importante é que a formação terá de ser parte determinante no projeto Vitória FC SAD. Queremos ajudar os atletas da formação a crescer, têm de ter noção do clube que representam e vontade de chegar a equipa A e singrar para depois passarem a ser ativos importantes para garantir a sustentabilidade deste projeto. Ter atletas da formação do Vitória a jogar ao mais alto nível em Portugal e não só tem de ser um objetivo claro. Quando o Vitória voltar ao lugar que lhe pertence, queremos ver esses atletas a representar o Vitória a esse mesmo nível.
— Como encontrou o clube?
— Encontrei um clube com muita vontade de retificar o erro da descida o mais depressa possível. Parece, para quem está de fora, que se perdeu muito tempo até que a época 2023/2024 começasse a ser preparada. Mas do lado de dentro não me parece que isso tenha acontecido.
— Como surge o seu regresso ao Vitória?
— Os responsáveis máximos, Hugo Pinto e o presidente Carlos Silva, após a última época, foram muito cuidadosos na escolha da nova estrutura. A nível pessoal, posso dizer que nos reunimos mais do que uma vez de forma a que me pudessem conhecer melhor e assim terem a certeza de que eu era a pessoa certa para a posição de CEO da SAD do Vitória. Este tem sido o processo também com outros elementos que já entraram e sê-lo-á com os que ainda possam vir a reforçar algumas posições que sintamos ser necessário. Aproveito, aliás, para agradecer a ambos o respeito e profissionalismo com que desde a primeira abordagem me trataram, e, acordo fechado, o entusiasmo e abertura com que me receberam, condições elementares para que eu possa desenvolver o meu trabalho o melhor que sei. De resto, encontrei departamentos como o da Comunicação, entre outros, com o seu trabalho organizado, retificando erros do passado, e prontos a começar a trabalhar segundo algumas novas diretrizes, o que é normal quando existem alterações.
— Quais as alterações que estão perspetivadas para a vida do Vitória?
— Posso prometer que a minha estrutura, com pessoas novas e com pessoas que continuam, será uma estrutura com extremo profissionalismo, com uma imagem diferenciada, que tentará crescer a todos os níveis, e trabalhará numa intensidade máxima. Todas as pessoas têm de perceber que trabalhar no Vitória não pode significar menos do que tudo isto que acabei de dizer. A sua dimensão e importância assim o exigem, e nós, em equipa, vamos responder à altura.
— O treinador já está escolhido?
— Será apresentado no momento certo. Não queremos encontrar um treinador para o Vitória, queremos encontrar o treinador, alguém que se alinhe com o Vitória, com a sua grandeza, exigência, que seja ambicioso, que olhe para o Vitória como um clube que nos permita crescer, todos juntos, durante muitas épocas.
— Já têm nomes em cima da mesa?
— Existem nomes e iremos fechar este dossiê nos próximos dias, com a maior brevidade possível.
— O plantel vai ser muito alterado?
— Quando existem alterações de divisão, é normal existirem mais mexidas no plantel do que num clube que se mantenha. Por isso, sim, existirão algumas alterações. O Vitória vai ter um plantel extremamente competitivo para o Campeonato de Portugal, com as devidas alterações em relação à época passada, com alguns jogadores amadores, condição que em nada influenciará as dinâmicas em termos competitivos. Procuraremos ainda ter um misto de jogadores experientes e jogadores jovens.
— Edinho é para contratar? E Zequinha vai continuar?
— São duas pessoas que merecem o maior respeito do Vitória, e, só por aí, não me parece lógico responder em público à pergunta. Todas as questões relativas à construção do plantel e da estrutura serão sempre situações a ser tratadas internamente.