FC Porto-Manchester United, 3-3 Empate dos diabos anulou nova reviravolta épica (crónica)
Dragões consentiram a igualdade a um Manchester United que nem com uma vantagem de dois golos conseguiu estabilizar e ganhar confiança. Bruno Fernandes somou segunda expulsão em poucos dias
No Dragão, sentia-se o sangue no rival ferido em outras batalhas, ainda por cima um gigante de outros tempos . O Manchester United não está bem há muito, porém agoniza esta época, fruto de maus resultados sucessivos e que liga agora a impressionante derrota em Old Trafford diante do Tottenham (0-3) ao quase descalabro na Invicta. Com consciência do estado emocional do rival, o FC Porto tentou vencer por KO, caindo em cima da área dos ingleses, obrigados a um permanente estado de alerta desde o primeiro minuto, sobretudo devido à capacidade impositiva de Samu nos duelos.
A equipa de Vítor Bruno pecou precisamente no momento em que não teve a bola, falhando no cumprimento de uma regra não escrita: se é oferecido tempo e espaço a alguém já muito habituado a pensar rápido a probabilidade de sucesso diminui de forma exponencial. Foi o que aconteceu aos 7 e aos 20 minutos, com uma outra situação pelo meio que poderia ter dado um terceiro remate certeiro aos forasteiros. Nesses dois instantes, que tiveram Rashford com bola descoberta a dado momento, acabaram com golo dos red devils.
O Manchester United colocou-se na frente, com Rashford a furar entre João Mário e a ajuda de Eustáquio, e a beneficiar do atraso de Zé Pedro na compensação e da infelicidade de Diogo Costa na abordagem. O guarda-redes não travou novamente o remate de Hojlund 13 minutos depois, após mais uma vez Rashford poder ver de frente, sem qualquer entrave, o movimento do dinamarquês, colocando-lhe a bola no caminho. O 0-2 complicava muito a vida aos portistas e só um rival com tantas dúvidas sobre si próprio permitiria uma resposta e de forma tão rápida. Há mérito óbvio de quem não desiste, todavia, o velho United, que já não se vê há imenso tempo, nunca teria permitido.
Pelo ar, à procura de Samu
O FC Porto não desanimou. A instabilidade aparecera nos primeiros minutos e os jogadores sentiam que era possível voltar a criar o caos. Sempre desde a direita, os cruzamentos começaram a criar desgaste. Melhor, Samu, com toda a sua dimensão física, causava muitos problemas. Oito minutos depois do 0-2, o avançado espanhol forçou Mazraoui a desviar para a própria baliza e Onana a voar para grande defesa. Não foi suficiente, já que Pepê apareceu para a recarga. Aos 34, a insistência de Eustáquio reconduziu a bola para João Mário, que a voltou a pôr na área. Di Ligt foi impotente perante a antecipação de Samu, que cabeceou para a igualdade.
E, de súbito, Rashford não volta
Ao intervalo, a surpresa. Ten Hag deixara Rashford, o mais perigoso dos seus, nos vestiários a fim de lançar Garnacho. Só um problema físico pode explicar a decisão, que em tese não faz grande sentido.
Indiferente, o FC Porto carregou e aproveitou o espaço de um jogo que de vez em quando se partia. Francisco Moura deu o tom aos 47, falhando perante Onana, mas Samu, três minutos depois, trouxe novamente a nu todas as fragilidades defensivas dos visitantes. Com a linha desequilibrada, Pepê ganhou sobre a direita e o espanhol movimentou-se nas costas de De Ligt para finalizar para o 3-2. E sem surpresa. Os dragões eram os melhores desde que se tinham visto a perder por dois golos.
Bruno Fernandes afogou-se numa sala das máquinas já debaixo de água, com nova expulsão, e foi Garnacho quem foi ameaçando até o patinho feio Maguire estragar a festa, conduzindo os companheiros a nado a salvo até terra.