«Edwards pode ser fundamental para o Sporting sair da pressão da Atalanta»

Nuno Campos, treinador português que trabalhou dois anos como adjunto de Paulo Fonseca na Roma analisa o próximo adversário do Sporting. Identifica muitos méritos da equipa de Gian Piero Gasperini, mas também as fragilidades. E até sugere como os leões podem explorar alguns pontos fracos dos italianos.

- Quais são as características táticas e principais dinâmicas da equipa?

- A Atalanta está a jogar com três centrais, mas nem sempre o fez. As equipas de Gian Piero Gasperini procuram muito as referências individuais para pressionar, são muito agressivas sem a bola. O problema é quando falham a pressão. Ai sofrem problemas do adversário.

- O que torna Gasperini um treinador tão reconhecido?

- A forma de sair a jogar das equipas dele é mais arriscada do que quase todas as outras equipas. A mobilidade dos jogadores, depois, torna difícil a pressão do adversário. Os jogadores trocam de posições, mantendo-as ocupadas e fazendo com que o adversários sintam dificuldades em ter referências de pressão. É uma equipa que consegue sair bem da pressão. Os jogadores gozam de muita mobilidade, isto com bola. Lembro-me que quando estava na Roma um dos centrais fez muitas assistências em cruzamentos para o lateral-esquerdo. E, sem bola, procuram matar a jogada o mais depressa possível.

- Quais são os pontos fracos da Atalanta?

- A pressão não funcionar contra ações individuais. O Edwards, por exemplo, pode ser fundamental para sair da pressão. A equipa do Sporting está muito bem trabalhada, a forma de sair a jogar está muito bem trabalhada e também não é fácil condicionar o Sporting ao ponto de a equipa abdicar do jogo curto, porque tem várias formas de fazê-lo e consegue criar superioridade numérica nessa primeira fase de construção. O Morita, nesse momento, dá muita qualidade à saída de bola.

- E os pontos fortes?

- A Atalanta mexeu muito no plantel, fez muito dinheiro, cerca de €155 milhões, mas é mais uma equipa de treinador, enquanto o Inter depende mais das individualidades. A mobilidade dos jogadores e a verticalidade no momento em que recupera a bola são difíceis para qualquer adversário. Mas há uma fragilidade na marcação individual em todo o campo e os adversários podem explorar essa situação.

- Rúben Amorim anunciou poupança de jogadores, argumentando que a prioridade é o campeonato. Não será arriscado?

- Os treinadores em Portugal não têm plantéis tão vastos como noutros campeonatos e nem sempre conseguem a jogar com os melhores em todas as provas. Compreendo o Rúben, tem de olhar para o campeonato como primeiro objetivo, para tentar o regresso à Liga dos Campeões.

- Quais são os jogadores que podem fazer a diferença?

- Edwards, Pedro Gonçalves, Morita. E Gyokeres, que no tipo de pressão da Atalanta pode ser importante no apoio frontal para sair da pressão.