Selecionador romeno fica espantado por um jogador estimável ser questionado na Seleção, fala dos técnicos do Sporting e FC Porto e do que trouxeram ao futebol romeno os portugueses que por lá passaram e os que ainda lá estão
— Olhando para a Seleção portuguesa, Cristiano Ronaldo pode ser considerado um trunfo ou um problema? Porque é um jogador que raramente sai da equipa ou é substituído.
— Na minha opinião, a única situação em que o Cristiano Ronaldo é um problema é quando se joga contra ele (risos). Tornar-se o segundo goleador de todas as eliminatórias, oferecer-se como um modelo a todos os jovens e muito jovens jogadores que agora estão integrados na Seleção portuguesa e, ao mesmo tempo, lutar com a sua idade no palco internacional por Portugal, apesar de já ter batido tantos recordes individuais neste contexto – estas são apenas algumas razões lógicas pelas quais o considero um jogador inestimável.
— Destacaria algum treinador português? Hoje em dia não temos só o José Mourinho...
— O futebol português parece ser uma fonte inesgotável de treinadores muito talentosos e dedicados. Claro que há José Mourinho, mas estou impressionado, ao mesmo tempo, com o Rúben Amorim, que é tão jovem, mas já alcançou um nível extraordinário e tem um potencial enorme. Além disso, Sérgio Conceição, que teve temporadas impressionantes na Europa com o FC Porto. Não esqueçamos que Jorge Jesus conquistou o título na Arábia Saudita, uma liga que passou por desenvolvimentos tremendos e melhorou muito. E outro português, Luís Castro, terminou em segundo lugar, atrás dele!
- Treinou o Cluj, onde foi campeão. Era um clube que apostava muito em portugueses, acha que eles deixaram algum legado bom?
Ninguém dá nada pela Roménia no Euro 2024, mas talvez seja hora de abrir os olhos. Sem grande estrelas chega ao certame depois de uma qualificação sem derrotas. Edward Iordanescu, 45 anos, foi o homem que devolveu o brio à seleção. O apelido diz-lhe qualquer coisa? É filho do mítico Anghel Iordanescu
- Eu diria não apenas um bom legado, mas também estabeleceram um modelo de abordagem profissional e um padrão para alcançar alto desempenho. Jogadores como Cadu, Tony, Dani, Rui Pedro, Nuno Claro, Beto e tantos outros tornaram-se parte essencial da história do futebol romeno nas últimas décadas, não só do Cluj. Os melhores exemplos são Mário Camora, que ainda joga pelo Cluj, que se tornou o primeiro jogador de ascendência estrangeira a jogar pela seleção romena em toda a sua história. E Tony, que se tornou treinador e agora dirige o Poli Iasi na Primeira Liga romena com bons resultados nesta temporada.
- A ambição no futuro é chegar a um grande clube europeu ou continuar como selecionador?
- Depois de treinar todos os níveis do futebol de clubes romenos, cumprindo sempre os meus objetivos e no final vencendo o campeonato, como detalhei acima, gerir a seleção nacional da Roménia parecia-me ser o próximo passo normal. Atingi o objetivo que tínhamos, a qualificação para o EURO 2024. Portanto, para o futuro, parece de alguma forma um passo óbvio aceitar o desafio numa liga europeia, a nível de clubes, e estou totalmente preparado para este tipo de desafio, mas neste momento estou focado nesta oportunidade incrível que eu e a minha equipa temos, o Euro 2024. Adoro o meu trabalho como treinador principal da seleção da Roménia, não diria “não” a um desafio semelhante, mas devo admitir que treinar um clube oferece uma gama mais ampla de possibilidades para colocar em prática as nossas competências. Há mais tempo para treinar os jogadores, para construir a química dentro e fora de campo, e também meios para melhorar o plantel através de transferências.