E. Amadora: Receção ao Boavista inaugurará mural em azulejo pela inclusão social e racial
Jogo ante os axadrezados, marcado para este domingo, contará com a inauguração de obra de artista internacional na fachada do Estádio José Gomes
Ao mesmo tempo que se encontra ativamente integrado na luta pela manutenção na Liga a nível desportivo, o Estrela da Amadora conquistou uma importante vitória fora dela, na luta pela contra a discriminação social e racial.
Este domingo, na receção ao Boavista, os adeptos presentes irão deparar-se com um mural feito em azulejo, numa das paredes do Estádio José Gomes, mais precisamente num dos topos, respeitante ao edifício da SAD e contíguo ao Bingo, construído por um artista internacional.
O Estrela estabeleceu parceria com O Gringo, que se notabiliza por aliar artes diversas como a fotografia e a pesquisa histórica na composição de fachadas e interiores de edifícios utilizando azulejos. No que ao caso específico da fachada do estádio dos tricolores diz respeito, o mural edificado pelo artista luso-francês tem o intuito de sensibilizar para a igualdade social e racial, duas lutas que englobam grande parte da população da Amadora, conhecida pela diversidade de culturas e origens.
A cinco dias de apresentar a sua obra ao público, O Gringo, que define que «a arte é algo incontrolável», mostrou-se orgulhoso por ter protagonizado uma rara junção de vontades entre a arte e o futebol e explicou a origem de todo o processo a A BOLA. «O presidente do Estrela (ndr: SAD), Paulo Lopo, manifestou interesse pelo meu trabalho e depois propôs realizar um mural com a minha arte. No início, fiquei surpreso, pois não venho do meio do futebol e não conheço grande coisa, mas um desafio é sempre bem-vindo», relatou o artista francês, de 35 anos.
Apesar de ser gaulês, o artista expressa-se fluentemente em português, tendo aprendido o idioma na sua estada no Rio de Janeiro, no Brasil, e explica que a Amadora lhe pareceu ideal para a sua mais recente obra.
«Preciso sempre de uma história como ponto de partida nas minhas criações e, para minha surpresa, estava no coração de uma cidade inclusiva, com todas as raças que se encontram e se respeitam. Essa ideologia de tolerância, inclusão e amizade foi o que observei no Estrela», constatou.
«Então, escolhi imediatamente a inclusão de raça e sexo, com motivos da azulejaria portuguesa do século XVII e XVIII que recuperei no Museu Nacional do Azulejo, para representar esta equipa, onde a diferença não faz qualquer diferença. Descobri que o futebol está acima de qualquer ideologia que não promove a união», revelou O Gringo, que deixou a sua capital, Paris, para residir em Portugal, onde se estabeleceu e se dá a conhecer a nível mediático.
O artista inaugurou o seu atelier no Montijo e mostrou-se rendido pelo exemplo de diversidade cultural que encontrou na Amadora. «Eu, que não conheço muito sobre futebol, acho que devemos passar essa inclusão, que promove sonhos e esperança, para as crianças, pois elas serão as formadoras de opinião no futuro. São elas que vão ser o Estrela de amanhã. Com muito orgulho, apresento esta obra, que se chama Sonhadores. Obrigado, Estrela, gratidão», completou O Gringo, muito satisfeito com o resultado.
O Estrela espera contar com uma presença massiva de público na receção ao Boavista, de forma a abrilhantar a inauguração da obra da autoria deste artista, que ainda recentemente foi responsável por um solo show de absoluto sucesso no Museu Nacional do Azulejo que durou por mais de quatro meses e ficará com a sua obra para sempre ligada ao dia-a-dia do Estrela e da cidade da Amadora em particular.