Duarte Gomes analisa arbitragem do Sporting-Estrela da Amadora
Especialista A BOLA destaca o reduzido número de faltas
André Narciso dirigiu o Sporting-Estrela da Amadora. Fábio Melo desempenhou a função de VAR.
Nota digna de registo: o facto de um jogo com cinco golos, incerteza no resultado até final e vários minutos de compensação atribuídos na segunda parte, ter tido apenas treze (13!) faltas assinaladas. Se não é recorde, andará bem perto. Mérito dos jogadores e, claro, do árbitro.
Segue análise técnica aos lances mais relevantes do encontro:
8' A disputa de bola entre Gaspar e Daniel Bragança chamou à memória lance ocorrido no dia anterior, em Chaves. Importa por isso esclarecer as diferenças técnicas entre ambos. Primeiro o óbvio: a mão do defesa tocou, de facto, no rosto do adversário. Agora o resto: Daniel Bragança tentou passar entre dois adversários, estando lado a lado com Gaspar (não atrás dele) e a disputar ativamente o lance; ao contrário do que aconteceu na véspera, o jogador do Estrela não tinha a posse de bola garantida, estava a tentar conquista-la, usando corpo e braços nesse sentido; por fim, o contacto no rosto aconteceu de forma quase caricata, uma vez que foi o braço esquerdo do avançado do Sporting que, na sua movimentação de corrida, levantou inadvertidamente o do adversário até essa zona. Estes fatores são de algum modo desagravantes e permitem, no limite, aceitar a abordagem do angolano como legal. Isso não invalida o risco alto que o jogador correu dentro da sua própria área.
9' Jean Filipe colocou o pé esquerdo na direção da bola, sendo tocado depois pelo também direito de Matheus Reis, que estava atrás mas tentou disputar o lance. O defesa do Sporting caiu por ação da jogada, porque em nenhum momento sofreu falta passível de pontapé de penálti. Esteve bem o árbitro ao nada assinalar.
27 Bola alta pingou no braço direito de João Reis, sem que este fizesse qualquer movimento ilegal ou tivesse os braços em posição anormal/evitável. Boa decisão do árbitro ao não sancionar o toque como irregular.
33' Golo legal de Daniel Bragança, a culminar assistência da esquerda de Gyokeres.
48' Decisão correta de André Narciso, a de sancionar com pontapé de penálti intervenção irregular de Coates na sua área: o central uruguaio tentou intercetar a bola em carrinho deslizante, mas fê-lo com o braço direito, que estava em cima (e não o outro, em apoio), cometendo infração indiscutível. No início da jogada, Aloísio tocou na bola sem cometer falta sobre Nuno Santos e Léo Jabá partiu de posição legal.
61' A bola rematada com violência por Pedro Gonçalves bateu na barriga e, depois, na perna de Omurwa, que nunca a intercetou de forma ilegal. Foi boa a decisão da equipa de arbitragem ao nada assinalar. Lance na área do Estrela.
65' Kikas, na passada, pisou o calcanhar direito de Diomande, cometendo falta imprudente. O avançado estava também a agarrar o adversário. O cartão amarelo terá sido exibido pela sua reação posterior, que o árbitro considerou (e bem) como antidesportiva.
68' Bola tocada por um jogador do Estrela bateu numa das câmaras que acompanhava o jogo (spider) alterando a sua trajetória. O árbitro fez bem ao interromper a partida e recomeçá-la com lançamento de bola ao solo para a equipa que a detinha em último lugar.
76' Entrada em tackle deslizante de Pedro Gonçalves com alguma velocidade, impetuosidade e até perigo sobre Leo Jabá. O árbitro entendeu que foi negligente e com razão. Amarelo bem exibido.
78' Muitas dúvidas se Diomande não carregou as costas de André de forma irregular. O árbitro nada assinalou, mas ficámos com a ideia clara que a carga foi irregular. Ficou por assinalar pontapé-livre direto para o Estrela e por mostrar cartão amarelo para o central costa-marfinense (Matheus Reis estava muito perto, na dobra).
89' Cabeceamento de Francisco Trincão defendido in extremis por António Filipe. Pelas imagens disponibilizadas, ficámos com a ideia que a bola não ultrapassou por completo a linha de baliza. Nova boa decisão da equipa de arbitragem.
Nota 7: apenas treze faltas assinaladas