Duarte Gomes analisa arbitragem do Chaves-Benfica
Especialista A BOLA explica que Hélder Malheiro «esteve bem nas decisões importantes»
Hélder Malheiro dirigiu o Chaves-Benfica. O lisboeta recebeu a colaboração à distância de Bruno Esteves (VAR).
Segue análise técnica aos lances mais relevantes do encontro:
6' Bruno Langa chocou com João Neves após desequilibrar-se em ação anterior. Os dois ficaram algo combalidos na sequência, mas a verdade é que não houve infração de ninguém. Bem o árbitro ao nada assinalar.
8' Na sequência de um pontapé de canto para o Benfica e depois de desvio ligeiro de Otamendi, a bola resvalou no braço esquerdo de Cafu Phete, que estava em posição defensiva natural e foi até surpreendido pela forma inesperada como o lance aconteceu. Esteve bem a equipa de arbitragem ao desvalorizar contacto que ocorreu na área da equipa visitada.
25' Rúben Ribeiro tentou tocar na bola e esticou a perna nesse sentido, mas João Neves foi mais rápido, sendo pisado no pé direito pela bota esquerda do adversário. O jogador do Chaves não mediu as consequências para a integridade física do adversário (foi negligente). Cartão amarelo bem exibido.
38' Aursnes levantou os braços, como que a pedir possível infração de Cafu Phete na sua área, mas mais uma vez decidiu com acerto o árbitro lisboeta: o médio sul-africano não tocou na bola com o braço direito (apenas com o peito). Lance legal.
41' Rúben Lameiras chegou tarde à dividida, acabando por atingir o pé esquerdo de Aursnes com negligência. Mais uma vez esteve bem Hélder Malheiro, no caso advertindo o infrator.
45' Amarelo desnecessário que Otamendi viu por protestar uma situação que o árbitro muito dificilmente iria rever. É importante que os jogadores tenham essa capacidade, de perceberem que há momentos que não faz sentido tomarem posições que os possam prejudicar (a si e às suas equipas). Decisão correta de Malheiro.
45+2' Bruno Langa, ao proteger a sua posse de bola, acabou por atingir o rosto de Gonçalo Guedes com o braço direito. O gesto foi apenas imprudente. A primeira parte terminou logo depois.
50' António Silva esticou o pé e rasteirou Bruno Langa, cometendo infração perto da sua área de penálti (mais descaído à esquerda). Pontapé-livre bem assinalado.
59' Golo legal do Benfica. A dúvida inicial (saber se foi marcado à primeira por Arthur Cabral ou na recarga por Aursnes), foi desfeita pelo organizador, que atribuíu o golo ao norueguês. Pelo que vimos (e sem certezas), a bola não pareceu ultrapassar totalmente a linha de golo quando João Correia a defendeu para a frente.
74' Carraça escorregou na execução de um pontapé-livre e pareceu ter dado dois toques na bola de forma fortuita. Se foi o caso, o jogo devia ter recomeçado com pontapé-livre para o Benfica no local do segundo toque.
75' Paulo Victor tocou em falta no pé de Morato, derrubando-o. A advertência pareceu excessiva.
77' Só emoções momentaneamente alteradas ou o desconhecimento das regras pode levar alguém a defender que o lance entre Bruno Langa e João Neves não justificava o pontapé de penálti. Reparem: bola no chão a ser jogada com o pé, braço direito (cá em cima) levantado quase na horizontal e chapada de mão aberta na cara do adversário. A imprudência é exatamente isto: a falta de cuidado/atenção que um jogador tem quando disputa a bola com um adversário. Não é preciso haver malicia nem intenção, isso é irrelevante tecnicamente. A questão torna-se mais fácil de perceber se focada não em quem faz, mas em quem sofre o contacto: que culpa teve o médio do Benfica de ser afastado pela mão aberta (no rosto) provocada por um adversário? Esta é dos livros. Nota: a expulsão do técnico flaviense foi justa.
87' Amarelo bem mostrado a António Silva por perder tempo de forma deliberada.
90' Amarelo bem exibido a Abass, por falta antidesportiva sobre João Neves.
90+3' Golo bem anulado ao Benfica: Peter Musa estava adiantado (9 cms) quando Arthur Cabral lhe passou a bola. Desta vez, a imagem a olho nu foi enganosa, porque sugeria que o croata estaria em posição legal.
Nota 7: Bem nas decisões relevantes