Destaques do Benfica: Se querem pedir desculpa, peçam a João Neves
João Neves conduziu o Benfica diante do Rangers (Foto: RODRIGO ANTUNES/LUSA)

Destaques do Benfica: Se querem pedir desculpa, peçam a João Neves

NACIONAL07.03.202423:51

Foi maestro e operário numa lição de bem jogar e liderança pelo silêncio, a pedir muito mais de toda a equipa; Aursnes nunca joga mal, mesmo correndo o risco de se tornar um genérico

O melhor em campo: João Neves (nota 7)

Quando a equipa está bem, ele sobressai; quando está mal, ele emerge como uma espécie de guia em todas as dimensões: tática, física e moral. As águias vivem tempos de crise e é estranho como o antídoto para o mal não é extraído do corpo ou da mente deste fabuloso médio de 19 anos que exibe, a cada desafio que passa e independentemente do contexto, um amor pelo jogo e uma lição de como liderar pelo silêncio. A forma como empurrou a equipa em momentos de caos, com a pauta de maestro na mão direita e a chave inglesa na esquerda , foi de compêndio, uma joia que merecia claramente melhor companhia. Se querem pedir desculpa, peçam a ele.

5 Trubin — Exigia-se mais agressividade naquela saída larga. Não o fez e na sequência da jogada o Rangers fez o 2-1, num lance em que o ucraniano não foi o principal culpado, mas podia ter matado o problema pela raiz. Dentro dos postes esteve ao seu nível, defendendo com segurança os remates mais perigosos com bola molhada.   

4 Bah — Está a milhas do nível que evidenciou na época passada. Não sendo um prodígio do ponto vista técnico, é na agressividade e intensidade que aplica nas piscinas que fazem dele um lateral diferenciado. Sem combustível, como parece ser o caso por causa das lesões, torna-se assim um jogador de nível suficiente.

5 António Silva — Primeira parte marcada por leituras menos eficientes, relativamente ao padrão habitual, na defesa do espaço nas costas. Esteve mais concentrado na segunda parte, não concedendo tantos espaços à dupla de avançados do Rangers. 

 6 Otamendi — Não que precise de provar seja o que for, mas a expulsão no Dragão em plena goleada por 0-5 obrigava-o a uma resposta. E assim o fez, vencendo todos os duelos individuais. Ficou a ver, como todos os outros, a bola a passar para o 2-1 do Rangers, mas aquele é o típico lance em que a culpa tem de ser dividida por muitos e não por poucos.

6 Aursnes — Mais uma vez chamado à lateral-esquerda, fez o melhor que pôde para bloquear cruzamentos e iniciar jogadas pelo flanco, sempre de pé direito, sempre puxando o jogo para dentro, o que permitiu a Neres aparecer em espaços mais abertos, mais laterais. Quando Bah já não aguentava mais, o norueguês foi novamente chamado a nova adaptação, no flanco contrário, onde soube desta vez jogar em largura. Em suma, faz tudo bem mas de tanto andar de um lado para o outro corre o risco de se tornar num bom genérico, embora a dor da equipa continue exposta, que é a de não ter laterais de raiz que façam a diferença.

6 Florentino — Regresso à equipa entre algumas precipitações e muitos cortes em zonas adiantadas no terreno. No deve e haver, balanço positivo, ainda para mais tendo em conta que ele foi o contrabalanço de uma equipa com demasiada tração à frente e, consequentemente, desequilibrada.

6 Di María — Esteve envolvido nos lances ofensivos mais perigosos da equipa: o canto que deu em penálti, a grande penalidade executada, o livre que originou o autogolo do Rangers, a oportunidade mais flagrante, quando apareceu na cara de Butland, a passe de Neres. Mas foi tudo em esforço, por vezes denunciado, consequência de ter uma classe acima dos demais que faz os colegas, até inconscientemente, darem-lhe muito jogo, demasiado jogo. Sobressai Di María, ofusca-se o Benfica. 

5 Rafa — Outro que baixou de rendimento no recente ciclo de jogos, ressentindo-se, e muito, a equipa. Escondeu-se em diversos momentos da partida por ser incapaz de surpreeder no jogo entre linhas. Admitia-se que ao voltar à posição de segundo avançado com total liberdade e não o falso 9 de um ataque teoricamente móvel iria regressar aos níveis habituais, mas o que se extrai de 90 minutos à chuva foram muitas iniciativas às quais faltaram aquilo que tantos lhe apontaram no passado:  definição deficiente.

6 Neres — O jogador mais perigoso do Benfica na primeira parte, obrigando Butland a voar logo aos 4’ para impedir o 1-0 e colocando Di María, aos 38’, na cara do guardião contrário, com um excelente passe de rotura. Caiu brutalmente de rendimento no segundo tempo, algo que só pode ser explicado por não estar ainda na plenitude das condições físicas.  

 4 Arthur Cabral — A expressão facial e linguagem corporal denunciam um jogador com uma gritante falta de confiança. Tentou muito, acertou pouco. Saiu com uma óbvia sensação de dever não cumprido. 

4 Marcos Leonardo — É_um avançado que cria mais apoios com menos toques na bola, mas pouco acrescentou ao jogo.

- Carreras — Outro que transpira nervosismo e cuja entrada serviu apenas para criar mais dúvidas em relação àquilo que o espanhol pode trazer à equipa.  

- Tiago Gouveia — Sem tempo nem espaço para quase nada.