Até ao minuto 65 Sporting dispôs de oito (!!!) oportunidades claras para marcar; depois, sofreu um golo e desapareceu; é futebol...
Em Leiria, houve dois jogos dentro do mesmo jogo. O primeiro durou 65 minutos (+1), e o segundo 25 (+4). No primeiro, o Sporting pura e simplesmente abafou um SC Braga que se recolheu e encolheu, como se fosse a equipa pequena que não é.
Nesse período, em que Rúben Amorim utilizou a fórmula que lhe tinha valido marcar em todos os jogos da época (ontem, ao 30.º, ficou em branco), os leões deram-se um festim de golos desperdiçados, perante uma equipa arsenalista que não quis, manifestamente, assumir o jogo olhos nos olhos, e procurou povoar a defesa e o meio-campo, deixando as despesas do ataque (se é que se pode chamar atacar ao que foi feito até à entrada de Abel Ruiz) para um desconsolado Álvaro Djaló.
É verdade que a baliza tem 7,32 m por 2,44 m e não mais, e oportunidades não são golos, mas, francamente, a artilharia leonina apresentou-se em Leiria com as armas carregadas com pólvora seca, não conseguindo fazer a bola transpor o risco de golo. E que culpa teve o SC Braga disso? Aproveitou, qual gato, não as sete vidas que lhe deram, mas sim oito, tantas quantas as oportunidades claras que o Sporting teve para se colocar na frente do marcador: aos 13 m, Pote ao poste; aos 22, Trincão para boa defesa de Matheus; aos 36, Matheus salvou remate traiçoeiro de Coates; aos 37 Nuno Santos permitiu que Matheus desviasse para o travessão um pontapé com selo de golo; aos 45, Nuno Santos atirou, de trivela, ao poste; aos 54, num contra-ataque após bola parada a favor dos arsenalistas, Gyokeres, em boa posição, rematou ao lado; o mesmo fez pote, em zoma frontal à entrada da grande área, aos 59; e aos 65 Gyokeres deu um golo feito a Nuno Santos, que rematou para as nuvens.
Depois de uma hora de massacre leonino, internacional espanhol entrou e, cinco minutos depois, fez o golo da vitória. Antes, brilharam não só o guarda-redes, mas também Paulo Oliveira, que ganhou o(s) duelo(s) com Gyokeres
Nesse momento, acabou o primeiro jogo e ainda dentro do mesmo minuto 65 começou o segundo, quando Abel Ruiz, após cruzamento de Zalazar, colocou os minhotos na frente. Foi, afinal, a aplicação prática de um dos jargões mais conhecidos entre os jogadores de futebol: «quem não marca, sofre!»
O ‘segundo’ jogo
Provavelmente, nem Artur Jorge esperaria que o golo do internacional espanhol fizesse tanto mal ao Sporting que, pura e simplesmente se desuniu, entrou em modo de ansiedade, e nunca mais se encontrou.
Treinador do SC Braga quer agora a vitória na final
Amorim bem mexeu na equipa, primeiro tirando Coates (o que se não foi por razões físicas, terá sido pouco avisado) e Esgaio, passando Trincão a fazer o corredor direito, e Paulinho a apoiar mais Gyokeres, mas nem com este sangue novo, nem com Daniel Bragança, a equipa se reencontrou, acabando de forma anárquica, com Paulinho e Gyokeres a caírem nas alas, quando faziam falta no coração da área minhota. Na verdade uma entrada de leão redundou em saída de sendeiro...
A entrada de Abel Ruiz
O SC Braga, já se disse, teve a sorte do jogo, quando dela precisou. Mas além da resiliência que teve em Vítor Carvalho, mais terceiro central que trinco, o expoente máximo, ou das defesas de Matheus, ou da ordem que Moutinho quis colocar na casa, os minhotos tiveram um treinador que leu bem o momento de virar a história do jogo.
A troca de Pizzi por Abel Ruiz (60) foi decisiva, não só porque o espanhol marcou, mas sobretudo porque foi um sobressalto constante para a defesa leonina; e a seguir, a cada substituição feita, os minhotos tornaram-se mais fortes, a ponto de estarem mais perto do 2-0 do que os leões do 1-1. Moral desta história? Nada é mais importante do que meter a bola na baliza do adversário...