MADRID – Silvino Louro foi treinador de guarda-redes das equipas técnicas de José Mourinho até final de 2018. Depois a dupla separou-se. O nosso entrevistado explica porquê:
- Foi opção dele. Quando foi para o Tottenham decidiu levar com ele outro treinador de guarda-redes. Claro que me custou, mas é preciso estar preparado para tudo o que possa surgir na vida. Foram 18 anos juntos e só tenho a dizer bem desse tempo em que trabalhámos lado a lado. Não vale a pena especular nem falar mais do assunto, pois o que ficou na minha cabeça foi o que ele e eu ganhámos juntos, foram tempos muito bonitos. Entre nós não sucedeu absolutamente nada, é tudo água cristalina, ele achou que essa era a decisão correta, ele é livre de fazer o que achar mais conveniente, entendeu que devia ser assim e eu só tenho que aceitar.
- Como é José Mourinho como treinador?
- É um mestre que vai muito à frente de tudo e de todos. Não foi em qualquer sítio que ganhou títulos importantes. Começou no FC Porto, continuou em outros grandes clubes, acabando por conquistar na Roma, com uma equipa de tostões, outro mais e não foram dois porque não o deixaram. Tudo isto é fruto dum trabalho muito bem feito. Taticamente Mourinho é muito forte. Vi-o ganhar muito jogos no banco, porque tinha preparado o plano A, o B e o C e, com isso, conseguia confundir os treinadores adversários que não compreendiam como ele, em poucos minutos, conseguia mudar tudo e impor a sua lei.
- Por trás dum grande treinador tem de haver sempre uma grande equipa técnica…
- Éramos um grupo de trabalho em que nenhum podia estar parado. Cada um tinha as suas obrigações especificas, mas fazíamos também um trabalho em conjunto e dávamos a nossa opinião quando o próprio Mourinho nos pedia. Sucedeu muitas vezes que, depois de termos ganho, no autocarro, ele começava a preparar o jogo seguinte, perguntando-nos como achávamos que o deveríamos jogar.
25 março 2024, 08:00
MADRID - Em plena forma e com um aspeto jovial quase impróprio dos seus 65 anos, Silvino Louro, antigo guarda-redes, campeão pelo Benfica e pelo FC Porto, vive feliz em Madrid, onde teve a amabilidade de conceder esta entrevista, em que fala do passado e dos seus projetos:
- Que lhe falta para dar o salto para selecionador?
- Acho que ainda é cedo, pois acredito que ele ainda será treinador de outros clubes. É muito inteligente, sabe aquilo que quer e tudo o que ganhou foi por mérito próprio. É um grande profissional e muito responsável por aquilo que faz. E exige aos seus colaboradores o mesmo sentido de responsabilidade.
-Voltaria a trabalhar com ele?
-No futebol tudo é possível. Há entre nós uma boa amizade, respeitamo-nos um ao outro, nunca tive problemas com ele, nem ele comigo. Ainda agora, quando esteve na Arábia Saudita, me mandou, mensagens e fotografias. Mantemos uma boa relação.
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