Confinamento (ainda) é a regra. Ou já não? (artigo de José Manuel Delgado)

CRÓNICAS DE UM MUNDO NOVO Confinamento (ainda) é a regra. Ou já não? (artigo de José Manuel Delgado)

NACIONAL19.04.202013:08

Começam a ganhar forma, em toda a Europa, os planos para o regresso das competições desportivas, a partir de maio, com três fases bem definidas:

A) – Treino individual; B) Treino coletivo; C) Competição.

Assim, se for possível implementar esta calendarização, talvez em junho ou julho possamos ver a bola a rolar, sendo devolvido algum sentido de normalidade às nossas vidas. Garantidos os pressupostos sanitários – e não deixou de ser com espanto, apesar de tudo, que vi ontem apoiantes de Trump e Bolsonaro a exigir exatamente o contrário (o julgamento da história se encarregará dos líderes fracos que fazem fraca a forte gente) – e recuperada de forma faseada a atividade laboral, ninguém deve duvidar da importância da indústria do lazer no nosso equilíbrio, naquela lógica já aqui repetida amiúde de que o futebol é a coisa mais importante das coisas menos importantes das nossas vidas.

António Costa detalhou, na entrevista ao Expresso, algumas formas de reabrir estádios, pavilhões, cinemas e teatros no day after, mas  até lá (e para lá chegarmos sem percalços) devemos manter uma serenidade responsável e não ir, como aconteceu por exemplo ontem em muitos sítios de Portugal, com demasiada sede ao pote da normalidade. E neste particular, embora compreenda que o Governo queira dar sinais de otimismo, e aponte 2 de Maio como o primeiro dia do resto das nossas vidas, será de boa prudência lembrar que o confinamento é a regra e os passeios higiénicos a exceção.

Também há que dizer que da autorização da celebração do 1.º de maio resultam dúvidas que devem ser esclarecidas. É verdade que, do ponto de vista do cumprimento da lei e da segurança dos atos que organizam, a CGTP e a UGT têm-se mostrado altamente fiáveis ao longo dos anos. Mas neste contexto tão particular seria bom que explicassem o que pretendem fazer e como, sob pena de serem enviados sinais contraditórios aos portugueses. Obviamente, não me passa pela cabeça que levem a cabo outra coisa que não seja um ato simbólico, que assinale a data…