Benfica Como Marchena foi «enganado» para ir para a Luz
Já passaram 23 anos, mas o antigo defesa-central espanhol Carlos Marchena, que vestiu a camisola dos encarnados durante uma temporada, em 2000/2001 (23 jogos e dois golos), nunca esqueceu a forma como foi parar ao Benfica, então oriundo do Sevilha.
Nunca quis ir para Lisboa mas não teve alternativa, sentindo-se enganado pelo clube, pelo empresário e ficando sem alternativa depois de ter sido ameaçado que, se recusasse, «nem na terceira divisão jogaria». O antigo jogador, hoje com 43 anos, passou em revista todos os episódios dessa transferência numa entrevista ao porta espanhol Relevo.
«Não queria sair [do Sevilha]. Disseram-me que tinham de me vender porque não tinham dinheiro para pagar a luz. Chegaram-me muitas ofertas. Estive sentado com o Milan, mas o Benfica chegou primeiro e colocou o dinheiro em cima da mesa. Cheguei do Europeu sub-21 e aterrei às dez horas da noite. Os meus pais estavam à minha espera, pensava que ia para casa, mas disseram-me que tinha de ir ao clube. Estavam três senhores à minha espera e disseram-me que estava vendido e eu perguntei: 'Como?», começa por contar Marchena.
A verdade é que o negócio estava feito e a ser comunicado naquela altura ao jovem central. Que ficou entre a espada e a parede e sentiu-se traído. Por quem? Marchena conta tudo:
«Eram Roberto Alés - que descanse em paz -, o presidente [do Sevilha], o meu empresário, Rodríguez de Moya e Monchi [diretor do Sevilha]. Disseram-me que estava vendido ao Benfica e que tinha de ir na manhã seguinte para Lisboa. Disse que não mil vezes e disseram-me mil e uma vezes que sim. Voltei a negar. Houve um homem, intermediário, a ameaçar-me e disse-me que se eu não fosse a Portugal ficava preocupado porque nem na terceira divisão jogaria. Venderam-me e fui.»
A estada em Portugal foi curta, durou apenas um ano. No verão de 200,1 Marchena foi transferido para o Valência. Mas quis o destino que muitos anos volvidos, já depois de ter pendurado as chuteiras, regressasse a Sevilha como coordenador da formação. Ainda com Monchi como diretor desportivo. E com enorme mágoa por tudo o que sucedera tantos anos antes.
«Sinto que fui enganado e disse-lhe [a Monchi]. Mandaram-me para um sítio... Desde aí a relação mudou. Mas depois teve de continuar para o bem do Sevilha», contou.