Brasil Começa hoje o Portugalão
SÃO PAULO - Não se sabe se foi Portugal que descobriu o Brasil outra vez ou se foi o Brasil que descobriu Portugal desta vez mas o certo é que a Série A do Brasileirão 2023 vai ter sete - que podem muito bem ser oito - treinadores lusitanos espalhados pelos 20 clubes que a compõem. Uma tendência que começou tímida, na década passada, e atingiu o ápice agora, depois dos sucessos de Jorge Jesus, em negociações para regressar ao Flamengo, e de Abel Ferreira.
Abel merece ser o primeiro na lista e não apenas por razões alfabéticas: afinal, o seu Palmeiras é o campeão em título e parte para a edição deste ano como principal favorito, não apenas pela qualidade do plantel, mas pela estabilidade do clube, no seu conjunto. O treinador penafidelense perdeu os médios nucleares Danilo e Scarpa, este último eleito o craque do Brasileirão 2022, mas soube encontrar alternativas internas para continuar ultracompetitivo - a conquista do Paulistão, no domingo passado, prova-o.
Os estaduais não são parâmetro para o Brasileirão, repete-se, entretanto, na imprensa local. Mas de alguma coisa servirão. Por isso, além de verdão, Flamengo (com ou sem JJ) e Atlético Mineiro, os clubes mais ricos e ambiciosos do país nos últimos anos, o lote de favoritos à conquista do campeonato deve ser engordado com o Fluminense, acabado de levantar a taça do Cariocão, e com o melhor marcador de 2022, o implacável Germán Cano, agora com a companhia do pluricampeão Marcelo, nas suas fileiras, sob as ordens do inovador treinador Fernando Diniz.
No segundo pelotão, um grupo amplo composto por históricos - como o Internacional, surpreendente vice-campeão em 2022, ou o seu rival Grêmio, vencedor do Gauchão - e por emergentes - como o Athletico Paranaense, o vice-campeão da Libertadores do ano passado que colocou o adjunto Paulo Turra no lugar do retirado Luiz Felipe Scolari, ou o consistente Fortaleza. E o Botafogo, de Luís Castro, cuja evolução, aos solavancos, tem novo teste este ano. O clube do português desiludiu no estadual do Rio - foi quinto - mas segue firme na Copa do Brasil.
Os demais treinadores portugueses, segundo a maioria das avaliações, lutarão pela salvação. Mesmo o Bragantino, de Pedro Caixinha, cujo 2022 foi apenas sofrível, colocou um travão no voo do clube empresa, e o Cruzeiro, de Pepa, um clube gigante, sem dúvida, mas acabado de subir após três épocas nos calabouços da Série B e com um plantel tido como apenas razoável.
O Bahia, de Renato Paiva, também é enorme mas acaba de voltar à elite e o Coritiba e o Cuiabá, de António Oliveira e Ivo Vieira, respetivamente, salvos em cima do gongo em 2022, estão entre os menos cotados nas bolsas de apostas.
Mas o Brasileirão não é só coletivo - equipas - mas também individual - talentos. Por isso, cada jogo é acompanhado à lupa por um batalhão de observadores europeus, e não só, interessado no novo Vinícius. Endrick, por ter apenas 16 anos e já ser titular do Palmeiras, encabeça a lista, sem surpresa, mas já foi vendido ao Real Madrid. Mas há Vítor Roque no Athletico, e Andrey, já contratado pelo Chelsea, no Vasco da Gama, ambos com 18 e já chamados à seleção do Brasil. Atenção ainda a Adyson, atacante de 17 anos do América Mineiro, Matheus França, ala do Flamengo, Alexsander, médio do Fluminense, ou Beraldo, central do São Paulo, todos com 19.