SC Braga-E. Amadora, 1-1 Bloqueio europeu com prolongamento nacional (crónica)
Depois do Servette, bracarenses cedem novo empate, desta vez frente a um Estrela que teve a capacidade e coragem de reagir bem ao primeiro golpe de El Ouazzani; Nani em estreia, ainda celebrou, mas golo não contou; Herói tricolor foi Kikas
Começou morno o jogo, ficou eletrizante com o golo de El Ouazzani e tornou-se num carrossel louco quando Kikas empatou para o Estrela. O SC Braga não conseguiu superar um certo trauma que trouxe do empate em casa com o Servette, na Liga Europa. Apesar de Daniel Sousa ter alterado o figurino do onze, com aparente êxito, Filipe Martins teve o mérito de mexer melhor na equipa numa fase crítica da partida, alcançando um empate que se justifica pela forma corajosa como os tricolores procuram pontuar.
O SC Braga apareceu diferente daquele que empatou com o Servette. Daniel Sousa promoveu três alterações na equipa, uma delas forçadas – lançamento de Joe Mendes para o lugar do castigado Victor Gómez –, as outras duas de natureza estratégica, saindo Bruma e Roberto Fernández para as entradas de Vítor Carvalho e Ouazzani. A mudança foi também tática, na medida em que o treinador inverteu o triângulo no meio-campo, fixando Vítor Carvalho a trinco para dar mais liberdade de ação a Moutinho e Zalazar. Outra novidade foi a colocação de Roger na esquerda, passando Ricardo Horta para a direita.
Filipe Martins, por seu turno, apostou em seis reforços e compactou a equipa num 4x4x2 bem calibrado, procurando explorar as costas da defensiva arsenalista. Bem o Estrela na organização, a criar, na primeira parte, a ocasião mas gritante, quando André Luiz, convocado por Lucca, surgiu isolado. No duelo com Matheus, o guardião deu o peito à bala. Corria o minuto 19 e antes disto já Roger tinha lançado uma primeira ameaça à baliza de Bruno Brígido, para depois, numa dança junto ao primeiro poste, forçar Brígido a defesa muito apertada.
Foram alguns dos apontamentos, curtos, de uma primeira metade mais amena que o desejável para os bracarenses, mas agradável na perspetiva dos tricolores, na medida em que o adversário parecia controlado e sem ideias para furar o bloqueio.
Nada como o intervalo para mudar a tendência de um jogo. Não se sabe ao certo o que disse Daniel Sousa aos seus jogadores, mas a mensagem terá sido forte, porque o SC Braga entrou para o segundo tempo com uma dinâmica e uma fome de protagonismo incríveis, em contraste absoluto com os primeiros 45 minutos mais calculistas do conjunto minhoto. Forçando o erro do Estrela, o ataque feroz à bola resultou em mais domínio e bastaram oito minutos para os bracarenses chegarem ao golo.
Um belo cruzamento de Zalazar na direita cristalizou a defensiva tricolor, que não se apercebeu da presença de El Ouazzani na pequena área. O avançado surgiu fulgurante para finalizar. A perder aos 53’, o Estrela perdeu também critério defensivo: Ricardo Horta e depois Marín podiam ter ampliado a vantagem, com Brígido sempre em alta. Explorando a profundidade, o Estrela forçou Matheus a sintonizar bem as saídas da área, sinalizando o seu atrevimento.
Nani celebrou…. mas não contou
Foi nesta fase que o jogo entrou num carrossel louco, coincidindo com as mexidas introduzidas pelos técnicos, com destaque para a entrada de Nani, de regresso ao futebol português e a mostrar classe. Aos 72’ André Luiz forçou Matheus a defesa atenta, aos 75’ Ricardo Horta libertou uma bomba a que só faltou direção, mas quem marcou foi… Nani. Só que não valeu porque o companheiro que o serviu estava fora de jogo.
Este lance, potencialmente frustrante para o Estrela, teve o efeito contrário, estimulou ainda mais o conjunto de Filipe Martins. O empate saiu da cabeça de Kikas, num excelente cruzamento vindo da esquerda, de Nilton Varela!
Com amarelos em catadupa e os nervos descontrolados, a partida entrou numa curva descendente, com o desespero a apoderar-se dos bracarenses e o Estrela a aguentar firme o empate nos nove minutos de compensação dados pelo árbitro.