Benfica: os sete pecados de Trubin
Guarda-redes ucraniano tem combinado grandes exibições com falhas que custam golos; não fez a melhor abordagem ao cruzamento de Geny Catamo e Paulinho aproveitou
Anatoliy Trubin sentirá, mais do que ninguém, que a forma como abordou o cruzamento de Geny Catamo, no lance que deu origem ao 1-2, no dérbi da Taça de Portugal, não foi a ideal. A linguagem corporal do guarda-redes deixou isso muito claro. Intercetou a bola, mas acabou por fazer uma assistência perfeita para Paulinho, foi só encostar.
Não se tratou do que o futebol popularmente apelida de um frango, mas foi uma falha, quando estava em causa uma final. E Trubin tem tido as suas falhas nesta primeira temporada de Benfica. Sete, precisamente, foram identificadas por A BOLA, como más abordagens que custaram golos.
O internacional ucraniano de 22 anos foi contratado para substituir Vlachodimos, que era acusado de não saber jogar com os pés, e rapidamente mostrou que sabe, de facto, utilizar essa vertente do jogo.
Também tem feito paradas espetaculares, exibições de sonho, que ajudam, por exemplo, a explicar a presença do Benfica nos quartos de final da Liga Europa (em Toulouse o 0-0 teve muito a ver com o gigante da baliza encarnada) e, por fim, está a brilhar no momento dos penáltis.
Três penáltis defendidos
Trubin já parou três castigos máximos, perante Casa Pia, Portimonense e Vizela, para o campeonato, e está perto de igualar marcas de guarda-redes como Arruabarrena e Marafona, que conseguiram defender quatro grandes penalidades numa só edição da Liga.
O ucraniano tem, todavia, um histórico de golos (mal) sofridos que mostra que há trabalho a fazer. O mais recente foi o desta terça-feira, na Luz, com o Sporting, na segunda mão da meia-final da Taça de Portugal. Errou no lance que deu vantagem ao Sporting (2-1), mais tarde faria grande defesa a impedir Paulinho de fazer o terceiro dos leões.
Os outros seis golos identificados (ver quadro) sugerem que há, de facto, dificuldades na abordagem a cruzamentos ou na reação a bolas baixas, tendo sofrido por exemplo dois golos nessas circunstâncias, perante Casa Pia e Estrela da Amadora.
Um erro com os pés não é significativo (Vizela) — até Diogo Costa, dono da baliza do FC Porto e da Seleção Nacional, apontado como especialista, erra, como se viu no Estoril —, uma indecisão a sair a um cruzamento também não (FC Porto) e há ainda folha limpa no que diz respeito a remates de longa distância.
Ainda no clássico do Dragão, não agiu convenientemente perante disparo de Pepê (0-4), já no encontro com o Estoril não intercetou cruzamento como gostaria. Não foi por ele, de forma alguma, que as águias saíram esmagadas (0-5) da Invicta e o Benfica acabou por vencer a equipa da Linha (3-1), mas ficou marca negativa nos dois jogos.
Serão, porventura, as bolas que chegam por baixo que justificarão maior atenção de Trubin e Fernando Ferreira, o treinador de guarda-redes do Benfica, que transitou de equipas técnicas anteriores para a de Roger Schmidt.
Diz quem conhece o ucraniano que se trata de um perfecionista, que gosta de treinar-se, que pretende evoluir e desenvolver-se na Luz, pelo que haverá, com certeza, um aprofundar de aprendizagem, de maneira a impedir novas falhas penalizadoras para clube e jogador.