Destaques do Benfica: João Neves escreve história com capítulos bonitos e final infeliz
João Neves conduz a bola perseguido por Esgaio. Foto: Miguel Nunes

Destaques do Benfica: João Neves escreve história com capítulos bonitos e final infeliz

NACIONAL03.04.202400:28

Foi alma e coração mas também músculo e execução; exibição pode muito bem ser um manual de boas práticas de um médio; voltou Bah da época passada, Neres teve sempre um trunfo na manga, Aursnes sempre prego a fundo

O melhor em campo: João Neves (8)

Ao minuto 1 estava a roubar bola a Hjulmand, aos 87’ controlava ação de Edwards, na área do Benfica. Andou por todo o lado, carregando a alma dos benfiquistas, da equipa, correu atrás da bola sem poupar esforços, indicando o caminho da pressão no meio-campo do Sporting, conduziu-a a queimar linhas de passe, entregou-a em passes curtos e longos. Foi o fim de muitos lances ofensivos do Sporting e o princípio de ataques rápidos e perigosos do Benfica. Só um erro, quando perdeu a bola aos 62’ para Paulinho e Gyokeres atirou ao poste. A execução, com e sem bola, foi um manual do que deve um médio fazer. E depois há o intangível — aquele coração grande dos que não desistem e não deixam alguém desistir.

Trubin (5) — Se nada poderia fazer no disparo de Hjulmand no 1.º golo, ofereceu o 2.º ao desviar com a mão direita um centro de Catamo para Paulinho. Redimiu-se com grande intervenção a remate de Paulinho (84’). De resto, agarrou outros disparos sem dificuldade e afastou a bola em cruzamentos.

Bah (8) — Melhor exibição da época. Competente a defender, bem no posicionamento e no momento de ação contra os adversários, fosse para fazer um corte ou roubar uma bola, esteve solto, leve, fresco e foi superofensivo. Aos 58’ bom centro que Di María não aproveitou. Aos 64’, servido por David Neres, cruzou rasteiro para Rafa encostar e empatar.

António Silva (4)— Andou com os olhos em Paulinho, mas deixou-o marcar o segundo golo, apesar de Trubin ter desviado a bola para os pés do avançado. No primeiro golo, tentou controlar o movimento de Gyokeres, mas não pressionou o sueco, que sem oposição convidou com um passe de morte Hjulmand para marcar.

Otamendi (6) — Esteve preocupado com Gyokeres e tinha razões para isso. É verdade que ganhou alguns lances ao sueco, mas também por ele foi batido. E foi ao avançado que se antecipou para cabecear e marcar.

Aursnes (7) — Também solto e leve como Bah, foi um extremo na primeira parte, sempre prego a fundo e com combustível até ao fim. Trincão teve de procurar outras zonas. Na segunda parte, mais cuidados, a isso obrigado pela irreverência de Catamo.

Florentino (7) — A sua presença e ação permitem à equipa pressionar mais à frente. E foi somando intervenções importantes, mantendo a equipa bem adiantada. Fechou linhas de passe, recuperou bolas em antecipação ao adversário, mas é verdade que também as perdeu, duas vezes (4’ e 84’) permitindo contra-ataques rápidos e perigosos do Sporting. A última vaga de ataque do Benfica dependeu muito da ação de Tino no meio-campo dos leões. Entre os 71’ e 76’ quatro intervenções importante. Também um bom passe a isolar Marcos Leonardo e um disparo ao lado do poste direito.

Di María (7) — Superdesgastado, arranjou forças aos 89’ para evitar que a bola fugisse pela linha de fundo e inventou um cruzamento de letra para a cabeça de Tiago Gouveia, que desperdiçaria. Pouco antes, colocou o extremo também na cara do golo (86’). Só não marcou, duas vezes (20’ e 72’), porque Franco Israel fez grandes defesas. Na primeira parte, conseguiu fazer mais a diferença, nunca se deu à marcação, duas vezes descobriu Rafa, que não deu o melhor seguimento aos lances. Voltou a exagerar no um para um e a deixar-se cair no relvado sem motivos.

Rafa (6) — Estava no sítio certo e encostou a bola, com um toque na pequena área, para a baliza. A finalização foi o melhor de uma exibição também marcada por ter desperdiçado boa ocasião (9’), sem oposição na área, com um remate ao lado do poste esquerdo. Sofreu penálti (não assinalado) de Coates (73’).

Neres (8) — Quando a bola lhe chegava aos pés, os leões ficaram em sentido. Na esquerda, fez muitos movimentos para dentro, para combinar com companheiros, mas também permitir a entrada de Aursnes, com quem construiu lances perigosos. No lance do primeiro golo, sambou à frente de Hjulmand, antes de cruzar direitinho para a cabeça de Otamendi. No segundo, atraiu e prendeu ao relvado três defesas, permitindo a entrada de Bah, que cruzaria para Rafa.

Tengstedt (4) — Teve uma oportunidade e desperdiçou-a: bola à barra depois de a ter picado, num bom movimento com finalização entre Coates e Israel. Mas poucas vezes deu bom seguimento aos lances de ataque. Aos 44’, por exemplo, isolou-se depois de passe de Neres, pisou a bola com o pé direito e caiu na cara de Israel. O lance seria anulado por fora de jogo. Mau cabeceamento na área (61’) e incapacidade de dominar a bola em boa posição para ameaçar Israel (75’). Combinou bem com Rafa e foi derrubado à entrada da área por Gonçalo Inácio.

Marcos Leonardo (4) — Acabado de entrar rematou ao lado depois de passe de Florentino. Entrou cheio de vontade, mas nunca foi o destino dos cruzamentos de Di María.

Tiago Gouveia (3) — Perdeu duas ocasiões: atrapalhou-se atrás de Catamo na pequena área e nem rematou (86’). Depois, outra vez servido por Di María, péssimo cabeceamento outra vez com obrigação de fazer melhor.

João Mário (-) — Entrou aos 90 minutos.