Benfica, Francisco na Seleção A, reprimenda aos jogadores e Arsenal: tudo o que disse Sérgio Conceição
Sérgio Conceição, treinador do FC Porto (foto: IMAGO)

Benfica, Francisco na Seleção A, reprimenda aos jogadores e Arsenal: tudo o que disse Sérgio Conceição

NACIONAL07.03.202412:49

Treinador do FC Porto fez hoje a antevisão do encontro com o Portimonense, agendado para amanhã, às 18.45 horas

-- Que abordagem espera do Portimonense, tendo em conta a necessidade de pontuar?

-- Espero um jogo difícil, de campeonato, perante uma equipa que no seu estádio consegue, de certa forma, complicar a vida aos adversários. Lembro-me de alguns jogos muito difíceis que fizemos em Portimão, onde ganhámos no último minuto. Espera-nos uma tarefa complicada, que faz parte destas batalhas que acontecem no campeonato. Vai depender do que fizermos e da forma como estivermos no jogo, interpretando e percebendo aquilo que poderá acontecer. Este jogo é complicado porque o Paulo [Sérgio] tem variado muito de sistema, muitas vezes de uma semana para a outra há linha de cinco, de quatro, até no meio-campo. Fica difícil de analisar e olhar para essas diferentes formas e perceber que jogadores utiliza. Acredito que umas vezes seja por necessidade e outras por estratégia, mas para quem analisa e vai dissecar o adversário fica mais difícil. Temos que nos preparar para esses cenários, olhando para jogadores que têm na frente e que são muito rápidos e vão aproveitar alguma desorganização que possamos ter no jogo. Nas bolas paradas também é uma equipa forte. É verdade que o Pedrão foi expulso, mas têm outros jogadores fortes nesse momento. Temos de fazer o nosso jogo e ir à procura dos três pontos para continuarmos nessa luta.

-- O Portimonense está em dificuldades na tabela e começa a lutar mais pelos pontos. Este jogo é imediatamente antes daquele com o Arsenal e é logo a seguir do encontro com o Benfica. Mudança de chip, considera que ainda está na luta pelo título? Quer ter a equipa na máxima força para o jogo com o Arsenal? Poderá haver alguma gestão?

-- O Portimonense está a 4 pontos do 8.º lugar. Não posso pensar, nunca o fiz e nunca o vou fazer, só se houver casos excecionais, que um jogador não pode ir a jogo por poder agravar uma ou outra coisa. Acho que nenhum treinador prepara dois jogos. Se estiver a pensar no jogo de Londres, com certeza que vamos ter um dissabor em Portimão e não queremos isso. Depois do bom jogo que fizemos, contra um rival onde ganhámos três pontos e não deixámos ganhar três pontos, não dar sequência a isso seria muito mau para a equipa e perderíamos algum desse estado positivo. O foco é o Portimonense e isso já nos vai dar bastantes dificuldades, não precisamos de arranjar outras.

-- Wendell está entre as opções para amanhã? Como correu a semana de trabalho?

-- Vão viajar 23 jogadores connosco e o Wendell é um deles. Amanhã temos treino e decidiremos. É possível que consiga estar apto para o jogo. Percebo que jogar contra o Benfica possa ter muito peso. Para nós é mais um jogo. Não festejamos vitórias, festejamos títulos. Se houve algum festejo um bocadinho mais exagerado, aproveito para pedir desculpa, não foi essa a intenção. Sei que esta semana saiu uma foto que não me agradou e já falei com os atletas. Festejamos no final se tivermos motivos para isso. Faz parte do nosso trabalho ganhar jogos de forma mais ou menos dilatada, cada jogo tem a sua história e não gosto de algumas situações. Não o devíamos ter feito e já tive a oportunidade de falar com os meus jogadores, somos um grupo sério e trabalhador que respeita muito o adversário.

-- Taremi está disponível? É uma boa dor de cabeça ter de o incluir neste lote de jogadores?

-- Está melhor, está quase a 100%. Depois da conferência vou fazer a convocatória. Se não entrar nesta, com certeza estará nas próximas, está a evoluir de forma muito positiva. É um jogador de qualidade, sabem o que penso dele. Contamos com ele até ao último dia de contrato, assim como com todos os outros.

-- Além dos três pontos, ganhou mais alguma coisa no clássico contra o Benfica?

-- Não, porque também não há prémio de jogo. Só se formos campeões. Foram três pontos e três pontos que não deixámos o adversário ganhar, numa exibição convincente, que as pessoas dizem que pode dar mais confiança mas eu não embarco nisso. Isso vem do trabalho diário. Há jogos assim. Em Barcelos já se falaria do momento de sonho do FC Porto se ganhássemos 6-0 ou 7-0. É verdade que podíamos ter feito mais na 1.ª parte, mas se olharmos para o jogo, foi um dos mais fáceis de chegar à baliza adversária, contra o Rio Ave igual. Perdemos 4 pontos nestes dois jogos. A confiança tem de estar presente, tem que nascer e ser construída através do trabalho dos jogadores aqui.

-- Momento de Francisco Conceição. Chegou o momento de estar na Seleção?

-- Há muitos jogadores que estão a fazer um trajeto muito interessante no campeonato, que passam por bons momentos. Vocês sabem que a chamada à Seleção tem a ver com isso. Para mim, será um orgulho que qualquer jogador do FC Porto seja convocado, no fundo é mostrar o trabalho que fazem e acreditar que é possível, através de muito sacrifício e dedicação, chegar-se a titular do FC Porto e depois a uma seleção. Ficamos extremamente orgulhosos, como aconteceu agora com o Wendell. Com 30 anos, para muitos se calhar numa fase descendente, não estou nada de acordo com isso. A idade não tem a ver com a qualidade ou a maturidade. Se assim for, muito contente, tanto com Galeno, Pepê, Evanilson, que também considero que têm capacidade. Temos jogadores que ainda não chegaram mas podem chegar, e outros que já chegaram e se podem ir solidificando nas seleções.

-- No final do jogo com o Benfica, falou sobre uma vitória que ainda mantém o FC Porto longe dos primeiros lugares. FC Porto tem melhorado bastantes nos últimos encontros. Percebe por que razão a equipa mostra tanta consistência nuns momentos e noutros momentos não?

-- Há os entendedores de futebol que dizem que quando um ou outro joga... Quando Francisco ou Nico iniciaram o percurso, o momento deles não era esse, tiveram de passar por algumas fases. Não tenho de bater à porta das pessoas a explicar as coisas. Nico e Varela chegaram com o campeonato a arrancar. O que me pedem, até num particular... Já começam a torcer o nariz. Agora imaginem numa competição a sério. Empatar é uma derrota para nós. Fomos percebendo ao longo da caminhada o que não ia correndo tão bem. Umas vezes acertámos, outras nem tanto. Mudámos a forma de jogar às vezes e, dentro do mesmo sistema, com outras nuances. Estamos a jogar com médios que não são médios, ou que são médios diferentes. Não sei se estão interessados neste tipo de conversa... Nós vamos trabalhando consoante as indicações que a equipa nos vai dando para formar um 11 forte, competitivo, que nos dê garantias nos diferentes momentos do jogo. Se fosse um 11 para ser espetacular, metia 11 focas a jogar, com a bola no nariz. Isso no futebol não é possível. Tem de haver um misto e estar tudo muito bem trabalhado porque há uma baliza para atacar e outra para defender. Aí tem de estar presente o tal equilíbrio, é a base.

-- Momento de forma de Otávio. Chega ao 11 e faz duas grandes exibições contra Benfica e Arsenal. Ficou surpreendido com adaptação e rendimento?

-- Fiquei surpreendido por outros jogadores não se adaptarem da forma que ele se adaptou, se vamos buscar um jogador é porque o conhecemos muitíssimo bem, em termos de profissionalismo e depois como homem. É um jovem e tem muitas coisas a melhorar, ele sabe disso. E por ele saber e aceitar isso é que se torna ainda mais especial. Quando temos noção das nossas fragilidades.